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O estudo, a valorização e o resgate das espécies xerófitas do semi-árido nordestino se revestem de grande importância, quer pelo fato desses vegetais formarem um grande grupo de plantas com extensa distribuição geográfica ou porque muitas dessas espécies apresentam reconhecido potencial econômico. Considera-se ainda que as espécies nativas constituem o produto de milhões de anos de evolução e, por conseguinte, estão ecologicamente inseridas no patrimônio genético autóctone, cujas relações auto-ecológicas e sinecológicas se encontram harmonicamente estabelecidas.
A faveleira, Cnidoscolus phyllacanthus (Müll. Arg.) Pax & L. Hoffm., é uma espécie que congrega essas características. A despeito disso e de suas inúmeras e notórias potencialidades, a espécie ainda continua sub-explorada e pouco conhecida cientificamente.
Espécie euritópica estenoécia, das fitofisionomias das caatingas hiperxerófilas e degradadas do semi-árido nordestino, apresenta larga valência ecológica para os fatores edáficos, que acabam sendo um dos principais elementos influenciando sobre sua densidade, e estrutura nas áreas core. É uma das espécies principais de paisagens em estágios serais iniciais, desencadeados natural ou antropicamente. Comum em ambientes ruderais, como no entorno de cidades, margens de estradas e campos abandonados, sempre com número expressivo de indivíduos. Poucas espécies destacam-se nestes ambientes como a favela, seja pela alta densidade, ou por seu porte.
Esta espécie detém grande potencial para o desenvolvimento da região semi-árida, em virtude de seus múltiplos usos, alta disseminação e completa adaptação às condições adversas dessa região (NG & WEGE, 1996). Espontânea das zonas mais secas do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia (GOMES, 1973), C. phyllacanthus apresenta rápido crescimento, podendo ser aproveitada para reflorestamentos heterogêneos destinados à recuperação de áreas degradadas (LORENZI, 2000). Suas folhas e ramos secos possuem grande valor forrageiro, servindo como alimento para bovinos, caprinos, ovinos e asininos (ARRIEL et al., 2004), além disso, o óleo e a farinha extraídos de suas sementes podem ser usados na alimentação humana e sua casca é ainda muito utilizada como fitoterápico (NG & WEGE, 1996).
As características ecológicas apresentadas pela espécie indicam alta facilitação para sua inserção como lavoura. Sua adaptação a ambientes xéricos e degradados, portanto, pouco produtivos, lhe garante sucesso em seu cultivo em todo o semi-árido nordestino, contribuindo, inclusive, para a melhoria das condições ambientais desses sítios.
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UFPB, CCA, Areia, PB
Contatos: julianofabricante@ig.com.br
Bibliografia
ARRIEL, E.F.; PAULA, R.C.; BAKKE, O.A.; ARRIEL, N.H.C. Divergência Genética em Cnidoscolus phyllacanthus (Mart.) Pax. et K. Hoffm. Revista Brasileira Oleiriculas fibrosas, Campina Grande. v. 8, n.2/3, p.813-822, 2004.
GOMES, R.P. Forragens fartas na secas. 2. ed. Nobel, São Paulo. 233p, 1973.
LORENZI, H. Cnidosculus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & K. Hoffm. In: Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa. v.2, 2000.
NG, W.; WEGE, D. The total syntesis of favelone. Tetrahedron Letters, Elmsford. v.37, n.37, p.6797- 6798, 1996.
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