Artigo: Expectativas de vendas de flores no Dia das Mães 2010

05.05.2010 | 20:59 (UTC -3)

O Dia das Mães representa, tradicionalmente, a segunda data mais importante em vendas para o comércio varejista em geral, sendo superada apenas pelo Natal.

Porém, para o setor de flores e plantas ornamentais é a principal oportunidade comercial, sendo que, neste período, as vendas costumam ser de três a quatro vezes superiores à média das demais semanas do ano.

Justifica-se, assim, a grande atenção que é conferida a essa data, a qual condiciona significativamente todo o comportamento da Cadeia Produtiva da Floricultura. Desde o produtor, o comerciante atacadistas e varejista, até o fabricante de acessórios e o florista, todos estão empenhados em obter a melhor performance comercial possível, visto que, dos resultados econômicos deste pequeno período, dependerá boa parte do sucesso dos seus negócios.

Em 2010, o Dia das Mães será comemorado no dia 09 de maio. Para o comércio, porém, as vendas mais aquecidas serão distribuídas por um maior período de tempo, que vai se estender desde o dia 26 de abril (a segunda-feira da quinzena anterior à data comemorativa), até 16 de maio (o primeiro domingo posterior).

Muitas floriculturas, orquidários e mercados atacadistas e varejistas de flores e plantas ornamentais realizarão festas e festivais temáticos especialmente preparados para a data, com vistas a estimularem o consumo e fortalecerem o hábito de presentear mães, avós, esposas e sogras com flores e plantas. Muitas destas iniciativas serão acompanhadas da realização de cursos, oficinas de arte floral e cultivo de orquídeas e outras flores, mostras e exposições, concursos e distribuição de brindes, entre outras atividades promocionais.

O comércio varejista no Dia das Mães de 2010

Uma das mais conceituadas fontes de referência para avaliar as previsões de venda do comércio varejista nas principais datas de consumo no Brasil é a Pesquisa de Expectativa Empresarial, realizada pela Serasa Experian desde 2006. Para o Dia das Mães de 2010, o levantamento realizado com 936 executivos do comércio em todo o País, entre os dias 6 e 15 de abril, revelou uma estimativa de crescimento em valor de vendas da ordem de 5,3% sobre a mesma data no ano de 2009.

As flores voltaram a ocupar – assim como já ocorreu no ano passado - a segunda posição no ranking das preferências dos consumidores, com 18% das respostas obtidas. Em 2009, ficaram com 19% das opções apontadas. Importante ressaltar que, mais uma vez, esses presentes superaram as expectativas de compra dos celulares (16%), eletrodomésticos (14%) perfumaria e cosméticos (8%), eletrônicos (6%), jóias e relógios (2%), chocolates e doces (1%), utilidades domésticas (1%), decoração e móveis (1%), CD´s, DVD´s e livros (1%), viagens (1%) e outros (1%) .

Outra coincidência é que no Dia das Mães 2010, 52% das vendas serão à vista e 48% a prazo, a mesma relação verificada em igual data de 2009.

O crescimento projetado de vendas é justificado pelos bons indicadores da economia brasileira, os quais vêm permitindo o aumento da confiança do mercado e o aquecimento do consumo. Entre esses fatores positivos, se destacam: a sustentação da oferta de crédito direto para os consumidores a baixas taxas de juros e a longo prazo; o aumento dos níveis de emprego e renda da população e a queda geral da inadimplência.

Porém, há que se notar que, apesar de o quadro econômico geral estar mais favorável do que no ano passado, os consumidores em geral permanecem reticentes quanto a assumirem novos endividamentos. Este é, aliás, o principal motivo de itens como roupas, sapatos e acessórios – os primeiros na preferência dos consumidores para o Dia das Mães de 2010, com 31% das respostas – e flores destacarem-se das demais opções de presentes. Afinal, esses costumam ser itens de menor valor unitário, normalmente pagos a vista, ou com parcelamentos menos comprometedores das finanças pessoais.

Super e hipermercados

As grandes redes de super e hipermercados projetaram, para o Dia das Mães de 2010, crescimento de vendas entre 15% e 25% sobre o ano anterior. Para as lojas com bandeiras focadas nos consumidores de rendas média e alta, as expectativas maiores recaíram sobre de oito a dez opções de buquês prontos, maços de rosas, gérberas e alstroemérias e orquídeas envasadas como phalaenopsis, cymbidium, cattleyas e outras de cachos e flores grandes, de reconhecida preferência no gosto brasileiro. Já para as lojas de bandeiras mais populares esperam-se maiores índices de vendas de vasos de begônias, lírios, crisântemos e ciclamens.

Varejo online

Estima-se que o e-commerce irá movimentar R$ 13,6 bilhões em 2010, sendo que o Dia das Mães deverá dar uma importante contribuição para esse desempenho, uma vez que historicamente, também no ciberespaço, a data se comporta como a segunda maior oportunidade de vendas, superada apenas pelo Natal. Em 2009, o Dia das Mães respondeu por R$ 440 milhões em vendas eletrônicas. Neste total, dominado pelas vendas de eletro-eletrônicos, celulares, notebooks, livros, perfumes, roupas e acessórios de modo geral observa-se que a cada ano cresce, também, a procura por buquês e arranjos de flores.

Segundo dados da Câmara de Comércio Eletrônico, dos R$ 10,5 bilhões de faturamento no ano passado, a venda de flores pela internet já correspondeu a 1% das transações de 17,2 milhões de consumidores.

Em abril de 2010, as principais empresas de comercialização de flores pela internet divulgaram ao mercado suas projeções de vendas para o Dia das Mães. As expectativas apontaram para índices de crescimento entre 20% e 40% sobre o desempenho de 2009. Contribuem para este sucesso os investimentos constantes em marketing digital, a participação das empresas virtuais em redes sociais e o aumento da confiança do consumidor em comprar pela Internet.

A chegada do consumidor de menor poder aquisitivo ao mercado digital em 2010 também é comemorada pelas floriculturas online. Para esse público, as principais empresas do segmento prepararam ofertas especiais, constituídos por arranjos mais simples e com custos mais acessíveis, além da possibilidade de parcelamentos mais dilatados para pagamento no cartão de crédito.

A produção e o comércio atacadista de flores e plantas ornamentais no suprimento do mercado para o Dia das Mães de 2010

O verão chuvoso que castigou as principais regiões produtoras de flores e plantas ao longo do primeiro trimestre deste ano, aliado à ocorrência de frentes frias em vários momentos deste mesmo período, acabou por comprometer a regularidade da oferta e do abastecimento do mercado. A roseicultura, de maneira particular, sofreu com a maior incidência de doenças fúngicas (míldio e oídio, entre outras) e com a redução tanto da produção quanto da qualidade dos botões, o que desregulou sensivelmente o ritmo de suprimento do mercado. A carência de oferta de rosas foi sentida já no Dia Internacional da Mulher (8 de março) e os seus reflexos deverão ser dilatados até o Dia dos Namorados (12 de junho). Os principais mercados atacadistas tiveram a sua movimentação reduzida e, conseqüentemente, os preços se elevaram.

No Mercado de Flores e Plantas Ornamentais da CEAGESP – Entreposto Terminal de São Paulo, o volume comercializado de flores e plantas ornamentais entre os meses de janeiro a março decaiu em 8,0% frente ao mesmo período de 2009 e os preços ascenderam em 3,3%. Como resultado, a movimentação financeira global do setor mostrou valor 4,9% inferior ao do primeiro trimestre do ano passado. De maneira geral, em todas as principais praças atacadistas, os produtos que tiveram o abastecimento mais fortemente prejudicado foram as flores de corte, com destaque para rosas e gypsofila. Já as flores e plantas envasadas apresentaram melhor desempenho e, em muitos casos, chegaram a ter, inclusive, oferta expandida.

Ainda que já se possam observar as primeiras tendências de recuperação e de regularização do suprimento do mercado, o forte aquecimento típico da comercialização no período que antecede ao Dia das Mães deverá provocar pressão sobre o comércio atacadista e elevação de preços.

Cooperativa Veiling Holambra (CVH)

Neste mercado, a comercialização mais intensa vem se dando desde o dia 26 de abril e deverá se estender até 8 de maio. No período, deverão ser vendidas 14 milhões de unidades de produtos, ou o equivalente a 54 mil carrinhos repletos de flores e plantas ornamentais de corte e envasadas. Tal quantidade deverá representar acréscimos em torno de 10% sobre o volume de movimentação do mesmo período de 2009 e de até 20% no faturamento global da cooperativa com a data.

As rosas certamente manterão a liderança no ranking da preferência de consumo. O mercado será abastecido pela recuperação da oferta do produto nacional, o qual, contudo, deverá enfrentar a forte concorrência das rosas colombianas importadas, com botões grandes e de cores fortes e intensas – outra marcante preferência do consumidor brasileiro.

Na Cooperativa Veiling Holambra as flores envasadas representam o segmento que mais cresce entre as opções de presentes para o Dia das Mães e vêm dando a sustentação principal para o crescimento global da empresa. Os maiores índices de crescimento de vendas estão sendo aguardados para as orquídeas – especialmente as phalaenopsis - seguidas dos kalanchoes, crisântemos, lírios e begônias.

CEASA de Campinas

Com a chegada do Dia das Mães, a média de freqüentadores do Mercado de Flores deverá subir de 800 para cerca de 1.600 pessoas por dia. Só na semana anterior à data são esperados 10 mil clientes, principalmente na segunda-feira e na quinta-feira dias de funcionamento mais aquecido do mercado e que possuem horário especial para compradores cadastrados.

Para o Dia das Mães de 2010 é esperado um aumento de vendas da ordem de 5,0% sobre o mesmo período do ano anterior. Em maio de 2009, o volume de comercialização global de flores e plantas em vaso cresceu 20% em comparação com o mesmo mês do ano anterior e o volume de rosas subiu 15%. Em todo o mês de maio de 2009, as vendas de rosas – as preferidas do consumidor – chegaram a representar entre 2,0 e 2,5 milhões de botões, com um crescimento de 8% sobre os resultados de 2008. Outras flores que têm seu consumo expandido no período costumam ser o lisiantos - sem dúvida, influenciado pela semelhança de seu formato e de suas pétalas com as rosas -, as gérberas e as flores envasadas como orquídeas, begônias, violetas e prímulas. Já os crisântemos costumam ser mais demandados para homenagear mães, sogras e esposas já falecidas.

CEAGESP/ Entreposto Terminal de São Paulo

Na semana que antecede ao Dia das Mães, a expectativa é a de que sejam comercializada cerca de 3.000 toneladas, contra um volume de apenas 800 a 1.000 toneladas nas demais semanas do ano. Estima-se que a movimentação financeira global no período mais aquecido para a data atinja R$ 12 milhões, tendo como carros-chefes as rosas e os lisiantos entre as flores de corte e as orquídeas, begônias, crisântemos, lírios e ciclamens no segmento das flores envasadas.

O público freqüentador também deverá crescer bastante, estimando-se que passe de um total de 5 mil a 8 mil compradores por feira, para perto de 25 mil a cada dia de comercialização.

Ceasa do Grande ABC

São esperados cerca de 3 mil compradores no período. No mercado de flores deste entreposto atacadista, a média mensal de vendas é de perto de 52 toneladas. Para o Dia das Mães, as vendas costumam aumentar em até 45%.

O suprimento de produtos importados

O aquecimento que vem se verificando no mercado consumidor de flores e plantas ornamentais em geral, aliado aos problemas climáticos que limitaram a oferta de produto nacional ao longo dos primeiros meses do ano, estão mantendo uma forte expansão da importação de flores, especialmente das rosas da Colômbia e do Equador. Para a média das empresas atuantes no segmento, a compra de produtos estrangeiros tem sustentado ritmo superior ao do ano passado em pelo menos 30% desde o início do ano, comportamento esse que deverá se prorrogar também para o Dia das Mães.

De janeiro a março de 2010, já foram importados pelo Brasil US$ 708 mil em rosas frescas, das quais a principal origem continuou sendo a Colômbia, com 80,64% de participação, seguida por Equador (19,30%) e Holanda (0,06%).

Ainda que as cotações no mercado internacional apresentem-se estáveis desde o ano passado, aguardam-se elevações de preços no mercado interno, as quais deverão ser ocasionadas não apenas pelo aquecimento global da demanda e carência de oferta do produto nacional, mas também devido ao fato de que a mercadoria importada da Colômbia – maior parte do produto internalizado no período - vem revelando índices de perdas maiores dos que os normalmente observados, decorrentes do excesso de chuva e umidade na sua região de origem.

Antonio Hélio Junqueira

Os autores agradecem a gentil colaboração dos seguintes profissionais e empresas (em ordem alfabética), sem os quais esta análise não teria sido possível:

Ana Rita Pires Stenico – Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da CEASA de Campinas

Bruno Moraes – Consultor em Comercialização e Marketing Rural, Belém, PA

Carlos Godoy – Cooperativa Veiling Holambra - CVH

Clarice Simm – Associação Rio-grandense de Floricultura – AFLORI

Flávio Godas – CEAGESP

Francisco Bongers – FLORANET / COOPERFLORA

Paulo de Castro – Pretty Flowers Importação e Exportação Ltda.

Paulo Murad – Sindicato do Comércio Atacadista de Flores e Plantas Ornamentais do Estado de São Paulo – SINCOMLORES.

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