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O mundo já entendeu a urgência de caminharmos juntos para uma economia de baixo carbono e a maioria das empresas reconhece a necessidade da convergência de colocar em prática negócios e responsabilidade social, ambiental e governança transparente. Esse será um dos grandes temas que serão debatidos no Egito este ano durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 2022, que acontecerá junto a COP27, em novembro.
É inviável pensar em um futuro com desenvolvimento sem que haja comprometimento constante das empresas com as práticas de ESG (ambiental, social e governança). Essas práticas têm se tornado um fator determinante não somente para acionistas e investidores, mas também na maneira como os consumidores se relacionam com as marcas preocupados com esse cenário. Não basta somente clientes serem fiéis a ela, as empresas precisam assumir compromissos ambientais, sociais e econômicos para que sua credibilidade se fortaleça no mercado.
A preocupação é evidente: globalmente, a última década teve o maior crescimento de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) da história humana. Foram 9,1 bilhões de toneladas a mais do que na década anterior, de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) 2022. Ainda segundo esse estudo, as emissões de GEE precisam parar de crescer em 2025 e depois cair 43% até 2030 para termos a chance de 50% de estabilizar o aquecimento global em 1,5°C, como determina o Acordo de Paris.
Mas como as empresas podem avançar nessa agenda em relação às metas de desenvolvimento sustentável?
O ideal é que cada organização avalie e estabeleça prioridades de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), levando em conta sua atividade. Assim, ela poderá ser mais eficaz em mitigar impactos negativos e aproveitar oportunidades de contribuição positiva para a sociedade e meio ambiente.
Outra questão fundamental é como estabelecer metas, medir e avaliar se os esforços estão sendo suficientes. Essas são perguntas que precisam ser respondidas individualmente, por cada organização, e coletivamente, por meio de entidades representativas.
A necessidade de uma transformação rápida é indiscutível para todos os setores da economia, e a sustentabilidade precisa ser encarada como uma jornada, e deve estar de mãos dadas com a inovação. Cada empresa está em uma fase e precisa buscar a evolução de acordo com sua realidade. As empresas que acreditam que a solução está somente em megaprojetos de sustentabilidade estão enganadas. As contribuições estão ao alcance de todas as empresas não importa o seu tamanho e abrangência de sua atuação.
Mudanças de ordem estrutural precisam ser estabelecidas. Ao mesmo tempo, é importante valorizar e incentivar também pequenas evoluções em cada área de negócio; cada projeto desde sua concepção; e na atitude de cada colaborador. Essas porções de mudanças, quando somadas, fazem a diferença no todo, na cultura da empresa e no desenvolvimento sustentável do planeta.
Consultorias para sustentabilidade, como a Fundação Espaço ECO, são aceleradoras nesse sentido, pois apoiam as empresas em seus desafios de mensuração dos impactos ambientais, econômicos e sociais do negócio, auxiliando na tomada de decisão por meio de metodologias, como avaliação de ciclo de vida, cálculo de pegadas de emissão de carbono, serviços ecossistêmicos e impactos sociais.
Também existe ferramentas públicas para ajudar nesse planejamento. Uma delas é a SDG Compass, disponibilizada pelo Pacto Global das Nações Unidas, juntamente com o GRI (The Global Reporting Initiative) e o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development). Ela orienta empresas sobre como podem alinhar estratégias, medir e gerenciar sua contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O SDG Compass recomenda que as empresas sigam cinco passos para ancorar a sustentabilidade nos negócios. Comento de forma sucinta todos eles: em primeiro lugar, é necessário conhecer os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) existentes. A partir daí, entender seu ponto de partida e em quais deles a empresa pode contribuir melhor. O segundo passo é definir as prioridades entre os ODS para direcionar melhor seus esforços e o terceiro é estabelecer metas mensuráveis e vinculadas ao prazo. O quarto passo é a integração da sustentabilidade na estratégia de negócios, prevendo mudanças em todo ciclo de vida do produto ou serviço. Por fim, mas não menos importante, as companhias devem ter uma comunicação transparente, ou seja, relatar e comunicar suas contribuições.
O caminho dessa transformação passa pelo investimento em uma governança corporativa eficaz, transparente e bem estruturada que ajuda a monitorar os planos de ação; os indicadores de performance; e a garantir a continuidade das ações de sustentabilidade, conectadas à estratégia da companhia.
Isso vai além da preocupação interna com seus produtos e serviços. A atuação em toda a cadeia de valor precisa ser considerada, como comprar com responsabilidade; produzir ou prestar serviços com segurança e eficiência para a sociedade e o meio ambiente; e desenvolver soluções sustentáveis, tudo isso, respeitando as pessoas.
A iniciativa Together for Sustainability (Juntos pelo Sustentabilidade), criada por indústrias químicas em 2011, é um exemplo de iniciativa que ajuda as empresas nesse sentido, avaliando práticas de sustentabilidade nas cadeias de abastecimento, visando sempre o desenvolvimento dos fornecedores globalmente.
Partindo do pressuposto que as pessoas estão no centro de qualquer uma dessas iniciativas, vale reforçar que o engajamento da liderança é fundamental, algo que deve estar muito além de uma agenda, mas que implica em atitudes.
Nós, como indivíduos, também podemos e devemos reavaliar a melhor maneira de contribuir para a construção desta sociedade mais desenvolvida e sustentável.
Vamos juntos e juntas avançar nessa prática?
Por Cristiana Xavier de Brito. Diretora de relações institucionais e sustentabilidade da BASF para América do Sul; e presidente do conselho curador da Fundação Espaço ECO
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