Artigo: Durabilidade pós-colheita de bananas é estudada

25.10.2010 | 21:59 (UTC -3)

A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo cultivada na grande maioria dos países tropicais. Tem uma enorme importância social, pois fornece energia, minerais e vitaminas a um custo baixo. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana, responsável por cerca de 9,5% da produção mundial. No País, ela é considerada a fruta tropical de maior importância, uma vez que mobiliza grande contingente de mão de obra, apresenta fluxo contínuo de produção a partir do primeiro ano, o que a torna atraente para os agricultores e movimenta um número apreciável de insumos. Além disso, ela é, juntamente com a laranja, a fruta mais consumida pelos brasileiros.

 

Embora o País seja um grande produtor e consumidor do fruto, a bananicultura nacional apresenta sérios problemas nas fases de produção e pós-colheita, que limitam a sua inserção no mercado internacional. As perdas de banana em países em desenvolvimento variam de 20% a 80% da produção. A alta perecibilidade do fruto e as dificuldades em seu armazenamento são os principais fatores responsáveis por essas perdas. No que se refere à qualidade, o grande problema consiste no manejo do produto a partir da colheita, transporte, embalagem, climatização (tratamento em que o fruto é submetido para amadurecer uniformemente) e manuseio. Na pós-colheita, a falta de cuidados é responsável pela desvalorização da fruta no mercado interno e pela perda de oportunidade de exportação.

 

As perdas pós-colheita podem ter origens mecânicas, fisiológicas e microbiológicas. Os danos de origem mecânica devem ser considerados de maior importância para a conservação da qualidade dos frutos após sua colheita. Além de causarem ferimentos, amassamentos e cortes, eles influenciam nos outros tipos de danos – os fisiológicos e os microbiológicos.

 

Por serem frutos climatéricos (amadurecem após a colheita), continuam sua atividade metabólica durante a fase de pós-colheita. No amadurecimento, muitas transformações químicas ocorrem e influenciam diretamente na qualidade. Nessa fase, também se observa uma diminuição dos compostos fenólicos, de menor peso molecular, o que acarreta redução da adstringência, além da liberação de compostos voláteis, fatores responsáveis pelo aroma e sabor, que são características fundamentais para a aceitação da fruta. Alguns fatores que melhoram a qualidade e a vida útil (vida de prateleira) desses produtos são: colheita no ponto ótimo de maturação, minimização de injúrias mecânicas, tratamento fitossanitário e condições adequadas de temperatura e umidade relativa durante a comercialização.

 

Dessa forma, torna-se necessário prolongar o seu período de armazenamento na fase pré-climatérica, na qual, os frutos apresentam-se ainda verdes. O armazenamento refrigerado é o principal meio de conservação de frutos e vegetais e pode ser aliado a outras técnicas de conservação. As bananas são frutos sensíveis ao chilling (injúria pelo frio), desordem fisiológica observada após a exposição dos frutos a baixas temperaturas, resultando na redução de sua qualidade, promovendo, principalmente, escurecimento da casca, baixa transformação do amido em açúcares mais simples, perda de sabor, aroma e brilho. Dessa forma, devem ser armazenadas sob temperaturas acima das mínimas de segurança, ou seja, que não promovam a desordem fisiológica.

 

A temperatura mínima de armazenagem depende da sensibilidade da banana a danos pelo frio. Essa condição é afetada pelo cultivar, condições de cultivo e tempo de exposição a uma dada temperatura. A melhor indicação de danos pelo frio em banana verde é a presença de pintas marrons-avermelhadas na casca. Na banana madura, os danos são caracterizados por uma aparência cinza opaca esfumaçada, em vez da cor amarela brilhante da casca.

A falta de informações sobre o comportamento dos cultivares brasileiros limita a aplicação de técnicas de conservação. Com o objetivo de auxiliar no fornecimento de informações sobre a vida útil e a qualidade pós-colheita de variedades de banana, estudou-se – em conjunto com pesquisadores da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Agenciarural de Goiás e comerciantes de banana do mercado do produtor de Anápolis, GO – o armazenamento das variedades de banana nanicão e prata SHIA 18 cultivadas na Estação Experimental da Agênciarural, situada em Anápolis, GO.

 

Os frutos foram colhidos no estágio de coloração da casca (verde-maturo), selecionados, lavados, uniformizados quanto ao amadurecimento com o gás Etil 5 e mantidos a temperatura ambiente, em câmara fria na temperatura de 13ºC e 95% de umidade relativa. Análises físico-químicas foram realizadas à medida que os frutos atingiram a coloração da casca 50% verde e 50% amarela, amarela e extremidades ainda verdes, e casca completamente amarela com manchas marrons.

 

A vida útil do produto foi determinada pelo número de dias para atingir a coloração da casca completamente amarela com manchas marrons. Este estudo permitiu concluir que bananas da variedade nanicão e prata podem ser mantidas sob condição ambiente por quatro dias, sendo o período de armazenamento, sob refrigeração, de nove dias para as duas variedades.

 

Natally Ribeiro do Carmo

Engenheira Agríciola do(a) Universidade Estadual de Goiás

Raimunda Nascimento Sales

Pesquisadora em Processamento de Alimentos do(a) Agênciarural/GO.

Maria Madalena Rinaldi

Embrapa Cerrados

maria.rinaldi@cpac.embrapa.br

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