Valtra participa da ExpoAgro Dourados/MS e apresenta aos produtores do estado o pulverizador BS3020H
A Defesa Sanitária Animal e Vegetal é um dos campos científicos que mais tem contribuído para a profissionalização do trabalho no campo e, consequentemente, da economia agrícola. Paralelamente, esta área também tem entre as suas prioridades o cuidado com a saúde humana e os impactos causados ao meio ambiente pelo uso de determinados produtos e técnicas.
Analisando o passado, percebemos que o homem vem desenvolvendo técnicas cada vez mais sofisticadas para fazer frente a pragas e doenças em suas lavouras e rebanhos – ameaças à produtividade e, também, à saúde humana que, infelizmente, também evoluem.
Neste sentido, o Brasil — um dos maiores exportadores de alimentos do planeta — tem uma história de que se orgulhar e de crises superadas. Segundo dados do ano passado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a produtividade agropecuária brasileira vem crescendo, desde 2003, a taxas anuais de 5,8%.
No entanto, no passado e ainda no presente, a cada epidemia de febre aftosa em rebanhos, a cada surto de ferrugem em culturas agrícolas, a ciência precisa entrar em ação com estudos, novas vacinas, novas variedades de plantas, novas recomendações de prevenção e contenção de doenças. Por exemplo, no final dos anos 30 e parte dos 40, os laranjais paulistas foram acometidos pelo vírus da “Tristeza dos Citros” e quase 90% das lavouras foram destruídas.
Uma doença atacava as laranjeiras através dos porta-enxertos – suportes em que eram utilizados a laranja azeda, qualidade imprópria para o consumo, porém mais resistente. Quando foi descoberto que a natureza virótica da Tristeza estava relacionada à laranja azeda fizeram a troca pelo limão-cravo. Do início ao fim foi necessária uma década de pesquisas para chegar à solução e, atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja concentrado e congelado.
Mas, se aumentar a produtividade agropecuária é um dos objetivos a que se propõe a Defesa Sanitária Animal e Vegetal, outro de igual importância é o cuidado com saúde humana. No mundo inteiro, cada vez mais a ciência vem se debruçando sobre possíveis efeitos nocivos dos insumos agropecuários – como defensivos agrícolas, hormônios e antibióticos veterinários – para a saúde do homem e os impactos no meio ambiente. No Brasil, a imensa biodiversidade precisa ser considerada nesse contexto. Essa biodiversidade pode por um lado ser fonte de alternativas para os desafios sanitários, mas por outro sofrer com ações sem as devidas bases técnico-científicas.
E esse é um desafio que vai além das fronteiras de um país. A própria OMC (Organização Mundial do Comércio) tem marcos regulatórios para a questão. O acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC estabelece normas específicas relacionadas à segurança alimentar e à sanidade animal e vegetal. Mas, para além dessas regras, os países são livres para estabelecer níveis de proteção ainda mais rigorosos.
O nível da pesquisa no Brasil está up to date com o mundo contemporâneo o suficiente para contribuir com um crescimento espantoso do agronegócio brasileiro, com alinhamento aos aspectos de segurança alimentar e atenção ao meio ambiente. É isso que registramos, por exemplo, quando vemos a diversidade de projetos relacionados ao tema, nas indicações do Prêmio Fundação Bunge, que elegeu o assunto como um dos temas de 2011.
O maior desafio é ampliar a disseminação deste conhecimento para o produtor rural, bem como aplicar os programas de defesa sanitária. O papel da ciência é criar mecanismos de prevenção de doenças e pragas, desenvolver tecnologias, variedades resistentes, produtos veterinários e agrícolas que não deixem resíduos nocivos. Cabe aos governos, porém, sistematizar a informação produzida e regular sua aplicação nas lavouras e pastagens, para que o Brasil continue à frente de uma luta da qual depende a sobrevivência de um estado, de um país e de toda a humanidade.
Adalberto Luis Val
Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCT) e membro do Conselho de Administração da Fundação Bunge
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