Artigo: Dados distorcidos pela má-ciência buscam desestabilizar debate sobre o novo Código Florestal

18.05.2011 | 20:59 (UTC -3)

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta para o risco que representa o uso de números e dados distorcidos pela má-ciência, disseminados com o objetivo de desestabilizar as negociações que vem se desenvolvendo no Congresso Nacional para a obtenção de um texto justo e adequado para o Código Florestal brasileiro. Informações do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), operado pelo Instituto Imazon, estão sendo utilizadas de forma tendenciosa, com o objetivo de informar um suposto aumento do desmatamento na Amazônia Legal, com a elevação dos índices de conversão de florestas em áreas de uso agrícola. O período escolhido e os métodos empregados evidenciam a disposição de produzir conclusões equivocadas.

 

Assim, a bem da verdade, cabe esclarecer que:

 

1 – O boletim do Instituto Imazon divulgou que em março deste ano foram degradados 299 km² de florestas na Amazônia Legal. Este número seria 35% maior que o verificado no mesmo mês de 2010, quando a área desmatada foi de 220 km². Essa informação examinada isoladamente dá a impressão que o desmatamento na Amazônia voltou a crescer. No entanto, essa impressão é inteiramente improcedente e contrária aos fatos.

 

2 - Os números do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão oficialmente encarregado de monitorar a evolução da floresta amazônica, mostram enorme retração do desmatamento. As áreas em processo de desmatamento, em janeiro e fevereiro deste ano, foram de 18,07km² e 1,14 km², respectivamente, enquanto nos mesmos meses de 2010 foram 23,01 km² e 185,18 km². Esses números demonstram claramente que não podemos analisar o desmatamento de maneira pontual, em breves intervalos de tempo escolhidos para determinados propósitos. Este processo deve levar em consideração a diminuição do avanço sobre áreas florestadas, demonstrado pelas variações anuais negativas das taxas de desmatamento e pelas variações sazonais que ocorrem durante o ano. A quantidade de áreas sob uso alternativo do solo demonstra franco declínio nas taxas de desmatamento.

 

3 – O Brasil caminha com firmeza para cumprir as metas assumidas junto à 15ª Conferência das Partes para o Clima (COP 15), de redução em 80% do desmatamento até o ano de 2020. Esta redução toma como base o ano de 1995, quando foram desmatados 29.059 km². Como a estimativa do INPE indica um desmatamento de 6.491 km², em 2010, e a meta fixada é de 5.811,8 km² de taxa de desmatamento anual, certamente atingiremos nossos objetivos este ano, nove anos antes dos prazos propostos na COP. Para reforçar esta expectativa, cabe lembrar que o desmatamento, em 2004, era da ordem de 27mil km² e da lá para cá, teve uma queda média de 12,8% ao ano.

 

Verifica-se, portanto, distorção ou até manipulação na interpretação de dados técnicos, com o objetivo de provocar alarmismo e dificultar os entendimentos sobre o novo texto do Código Florestal, na Câmara Federal. Entendemos que a análise sobre o desmatamento deve ser baseada em dados oficiais.

 

Senadora Kátia Abreu

Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA

Cna.Comunicacao@cna.org.br

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