Controle de aflatoxina na castanha do Brasil é tema de Workshop
A crise mundial da economia preocupa. Mesmo que tenha se iniciado no mercado imobiliário estadunidense a mesma passa a atingir a todos os setores, de norte a sul, de leste a oeste, o que deixou muitos sem entender o porquê de todos (sem exceção) sofrerem com tal fato. Recentemente, quando do anúncio dos primeiros balanços negativos envolvendo a economia internacional, o Governo brasileiro ainda tentou minimizar os seus efeitos, afirmando inclusive que nosso sistema bancário suportaria e ficaria imune. Mas não demorou a acontecer: o impacto atinge também o Brasil, o que era inevitável.
É correto afirmar que os bancos brasileiros mantêm uma certa resistência, pois, por conta dos juros altos, possuem ainda uma boa reserva de capital. O que tudo indica, é que ainda somos um país privilegiado em meio a tantas incertezas. Se prestarmos atenção ao mercado dos Biocombustíveis, por exemplo, é possível enxergar um bom momento para os produtores brasileiros.
A retração nos cronogramas de implantação de novas plantas não deve ser entendida como único resultado da turbulência monetária, mas cabe nos atentarmos se muitos destes projetos não poderiam estar inclusos num percentual natural daqueles que, desde a sua concepção, tinham um caráter eminentemente especulativo. A fusão de grupos também faz parte do equilíbrio que o mercado exige em qualquer atividade econômica de tal importância. Não podemos negar porém que o setor também será penalizado, com a dificuldade para a obtenção de crédito oriundos de capital externo para investimentos em novas unidades de produção, mas os números do mercado nos deixa esperançosos de que o setor sucroalcooleiro, dentre os vários setores da economia, é um dos que tende a sofrer menos os efeitos da crise. E por que não sermos otimistas e dizer que este pode ser o momento do etanol brasileiro?!
Vejamos a Alemanha, por exemplo, um dos principais países produtores de biocombustíveis na Europa. A crise mundial afetou tanto sua economia, que as cerca de 30 usinas existentes no país estão correndo o risco de terem que encerrar suas atividades. A concorrência de produtos externos, como o etanol brasileiro, a falta de produtividade e a baixa no preço do barril de petróleo estão fazendo com que os alemães se rendam. Berlim chegou a pedir junto ao Parlamento Europeu que a meta de uso de biocombustíveis estipulada pela Comissão Européia seja diminuída, devido à sua dificuldade de produção. Mas o Parlamento tende a não facilitar, pois a tendência mundial é a diminuição do uso do petróleo, e um incremento cada vez maior de alternativas limpas de combustíveis. O mesmo vem ocorrendo na Espanha, onde muitas usinas podem parar sua produção, pois é mais vantajoso importar o biocombustível. Nos Estados Unidos também é o momento para uma maior inserção do etanol brasileiro. O candidato republicano à presidência, John McCain, em sua campanha deixa bem claro suas intenções quanto ao protecionismo realizado pelo governo Bush, e defendido pelo candidato democrata Barack Obama, quanto ao etanol produzido por eles através do milho. McCain condena esta prática, e diz que a mesma só traz prejuízos, tanto ao Brasil, que encontra uma tarifa de US$ 0,54 por galão para entrar no país, quanto para o próprio Estados Unidos, que se vêem obrigados a consumirem um biocombustível caro, e que ameaça a produção de alimentos. Mesmo que John McCain não seja eleito, ao menos suas idéias estão sendo observadas, e com certeza o próximo presidente estadunidense ficará mais atento às vantagens de se importar o etanol brasileiro produzido através da cana-de-açúcar.
O momento é de instabilidade, e projeções precipitadas podem ser uma armadilha. Porém, o mercado interno de biocombustíveis continua em franca expansão, com cerca de 90% dos automóveis nacionais saindo de fábrica com motor flex-fuel, e acompanhando este fator, o consumo de etanol nos postos brasileiros deve aumentar de 1,6 bilhão de litros mensais em 2007, para 1,9 bilhão em 2008. Ou seja, o setor está aquecido, e não temos dúvidas que é uma tendência mundial. É o momento do governo brasileiro tirar o máximo de proveito possível da nossa capacidade de produção perante a crise global, pois nestas situações alguns lamentam e choram. Aproveitemos então para vender o lenço. O Brasil reúne todas as condições, e o mercado necessita do nosso produto, portanto é tudo uma questão de planejamento.
Graduado em Relações Internacionais
Pós-Graduando em Gestão do Agronegócio
Contato: helbertzanatta@yahoo.com.br
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