Artigo - Chuvas: período para redobrar cuidados com carrapatos

17.11.2008 | 21:59 (UTC -3)

O período das chuvas está se iniciando em grande parte do território nacional e o produtor rural deverá redobrar o cuidado com uma praga que acomete bovinos principalmente nesta época: os carrapatos.

No Brasil é encontrado em quase todos os estados, com exceção de algumas áreas do Nordeste e em algumas regiões altas do Rio Grande do Sul, devido à baixa umidade e temperatura ambiente.

É o ectoparasito mais importante dos bovinos brasileiros.

No Brasil, segundo estudos, as perdas causadas pelo carrapato ao rebanho bovino brasileiro são da ordem de quatro bilhões de reais anuais, valores estes obtidos em decorrência da redução no ganho de peso dos animais (perda média de 1arroba/animal/ano) e dos danos parciais ou totais que os carrapatos ocasionam nos couros dos animais.

Além de perdas na produtividade, os carrapatos podem ocasionar:

- Perda de sangue (cada teleógina ingere entre 0,5 a 2,0 mL de sangue).

- irritação.

- É responsável pela transmissão dos agentes causadores da Tristeza Parasitária Bovina (Anaplasma sp.e Babesia spp.).

- Perdas na produtividade.

- Pode ocasionar lesões na pele, favorecendo o surgimento de miíases (bicheiras).

Nos meses secos do ano (Maio a Setembro na maior parte do país) a quantidade de carrapatos nos animais é baixa devido às condições climáticas desfavoráveis (temperatura e umidade) para a sobrevivência das larvas dos carrapatos nas pastagens.

Com o início das chuvas o clima muda radicalmente, elevando a temperatura e principalmente a umidade do ambiente. São estas condições climáticas que favorecem o desenvolvimento e a sobrevivência de larvas de carrapatos de bovinos nas pastagens.

O produtor deve sempre observar o seu gado, pelo menos uma vez por dia, de preferência pela manhã, para monitorar o aparecimento de carrapatos nos animais.

Seguem aqui algumas opções para controlar carrapatos em bovinos:

- Objetivo: redução da infestação em níveis toleráveis para os animais, minimizando os prejuízos econômicos.

- Calcular a relação custo / benefício: infestação x tratamento (varia para cada tipo de criação, região, manejo, alimentação, etc...).

- Definir a estratégia de controle:

- Minimizar os custos ↔ Maximizar a produtividade.

Tipos de Estratégias:

1. Não realizar tratamento químico nos animais:

- Monitoramento dos animais (principalmente no período chuvoso).

- Separação dos animais por faixa etária e finalidade dentro do sistema de produção.

- Cuidados redobrados no período pós-desmame, época de maior perigo para a aquisição de carrapatos e conseqüentemente da tristeza parasitária bovina (TPB).

2. Tratar somente aqueles animais portadores de grande parte da população de carrapatos:

- Estudos indicam que em um plantel de bovinos, muitos hospedeiros (bovinos) possuem baixa carga parasitária de carrapatos e poucos hospedeiros possuem a maior parte da carga parasitária de carrapatos.

- Este tipo de controle reduz custos e otimiza a aplicação de produtos químicos, pois somente uma minoria irá ser tratada com carrapaticidas.

- Promove a manutenção de populações de carrapatos susceptíveis a produtos químicos → retarda o aparecimento de populações resistentes a carrapaticidas.

3. Eliminação dos animais que apresentam o maior número médio de carrapatos no plantel.

- Redução significativa do número médio de carrapatos por animal.

- Redução do gasto com tratamentos carrapaticidas.

4. Realizar tratamento estratégico em todo o plantel.

Nos meses secos do ano → realizar três tratamentos: um no início, um no meio e um no final da seca. Objetivo: limpeza das pastagens com larvas de carrapatos.

Nos meses chuvosos do ano → realizar ao menos dois tratamentos: um no início e outro no final do período chuvoso. Objetivo: Continuar mantendo o baixo número de carrapatos nas pastagens e nos animais.

FLÁVIO BARROS SANT´ANNA

Médico Veterinário, D.Sc. em Ciências Veterinárias, Pesquisador da área de Sanidade Animal da Embrapa Cerrados (Planaltina – DF). E-mail: flavio.barros@cpac.embrapa.br

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