Aprovado zoneamento da cana-de-açúcar em dez estados
A cultura do mirtileiro vem crescendo no mundo, tanto em produção como em consumo (DASTRES, 2007; BRAZELTON e STRIK, 2007). Zito (2006) afirma que na América do Sul, as áreas estão evoluindo, principalmente no Chile e Argentina, que juntos somavam uma área de aproximadamente 8.300ha em 2005. Depois temos o Uruguai com 400ha e Brasil com 50ha no mesmo ano.
A cobertura do solo proporciona um bom crescimento da planta, principalmente nos primeiros anos e uma das opções é o uso da casca ou acícula de pínus (BUZETA, 1997). Espíndola (2007), afirma que o sistema radicular do mirtileiro deve ser protegido das altas temperaturas e das variações diárias de umidade e temperatura, para obter um bom desenvolvimento da planta e alta produção de frutas. No entanto, de acordo com Lyrene (2006), as plantas que recebem cobertura do solo, tendem a desenvolver o sistema radicular raso.
O fruto fresco é uma baga de formato achatado, coroado pelos lóbulos existentes no cálice. O diâmetro do fruto varia entre 1,0 e 2,5 cm, com peso de 1,5 a 4,0 gramas, seu sabor é doce-ácido e apresenta em seu interior muitas sementes (HOFMMANN, 2002). Apresentam coloração do epicarpo azul escuro, com a superfície cerosa, (DARNELL, 2006), que recebe o nome de pruína e dá ao fruto um aspecto visual de cor azul claro (BUZETA, 1997).
As determinações de pH, da acidez e do teor de sólidos solúveis, contribuem para a apreciação objetiva do sabor dos frutos. O pH, geralmente inferior a 4,5 aumenta no decorrer do amadurecimento e influência as características organolépticas e a capacidade de conservação dos frutos. Embora baixo, o pH do mirtilo, ainda possibilita o crescimento de algumas leveduras e bolores tolerantes aos ácidos.
Os frutos das diferentes cultivares de mirtilo apresentam diferenças no pH, acidez, teor de sólidos, teor de umidade, sabor dos frutos, tamanho das bagas, número e tamanho de sementes, entre outros (RASEIRA, 2006). Rodrigues, et al., (2007), ao avaliar frutas de seis cultivares concluiram que elas diferem entre si quanto ao pH, teor de sólidos e acidez titulável.
Esse trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade físico-química dos frutos de plantas de mirtileiros, com o uso de diferentes tipos de cobertura do solo, nas condições edafoclimáticas da região sul do Rio Grande do Sul.
O experimento foi conduzido em um pomar comercial, localizado no município de Morro Redondo - RS, entre março de 2007 e março de 2009. O solo da área é classificado como Argissolo acinzentado eutotrófico típico, com pH 5,1 e 2,1% de matéria orgânica.
Utilizou-se a cultivar Bluegem, com 4 anos de idade, com espaçamento de 1m entre plantas por 3m entre filas.
Os tratamentos foram diferentes coberturas do solo (T1: capina (manutenção da parcela sem nenhuma cobertura); T2: cobertura natural (espécies vegetais nativas e exóticas comumente encontradas em áreas de cultivo de espécies frutíferas, na região); T3: serragem de eucalipto; T4: acícula de pínus e T5: casca de arroz). Para a manutenção da parcela limpa, realizou-se capinas freqüentes. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com 4 repetições, com três plantas por parcela.
A aplicação dos tratamentos às parcelas foi realizada em julho de 2007, colocando as coberturas na superfície do solo, na faixa de cultivo, com largura de 1m e com altura de aproximadamente 10cm.
Para a caracterização físico-química, os frutos foram coletados uma vez durante o período de safra, próximo ao pico da colheita. Os frutos foram homogeneizados dentro de cada tratamento, para retirada das amostras. Para as analises foram utilizados frutos frescos dos cilcos produtivos 2007/2008 e 2008/2009.
- pH: determinado com peagâmetro diretamente no suco das frutas com o uso de um medidor de pH, com correção automática de temperatura;
- Sólidos solúveis totais (SST): por refratometria, realizada com um refratômetro de mesa, expressando-se o resultado em °Brix;
- Acidez total titulável (ATT): determinada por titulometria, e os resultados expressos em porcentagem de ácido cítrico.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a comparação de médias efetuada pelo Teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram executadas com auxílio do programa Winstat, versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003).
Para as variáveis pH, SST, ATT e relação entre teor de sólidos solúveis e acidez total titulável, (Tabela 1), as diferentes coberturas do solo, não apresentaram efeito significativo no primeiro ano de avaliação.
No ciclo produtivo 2008/2009 (Tabela 2), o pH foi maior na cobertura natural, não diferindo estatisticamente do solo capinado. O SST foi superior na capina e cobertura natural e não diferiu estatisticamente da cobertura com casca de arroz. Para ATT, a cobertura natural apresentou maior acidez, diferindo apenas da cobertura com casca de arroz. Observa-se que as diferentes coberturas mortas interferem de forma distinta sobre as características físico-químicas dos frutos.
Silva et al. (2007), ao avaliar a qualidade físico-química de frutos da pinha, submetidos a diferentes coberturas do solo, relatam que a presença da cobertura não alterou o pH dos frutos. O teor de SST em todos os tratamentos aumentou em relação à testemunha.
Raseira (2006) caracterizou o teor de SST, na região de Pelotas-RS, para a cultivar Bluegem, como sendo de 10,5 a 12,8ºBrix. No primeiro ano deste experimento os resultados foram superiores a este, porém na safra 2008, foram encontrados resultados semelhantes (Tabela 1 e 2).
Martins et al. (2002), ao avaliar o efeito do manejo do solo (mantido com cobertura do solo na linha de plantio e sem cobertura do solo), na qualidade pós-colheita de frutos de pessegueiro, concluíram que o pH e a ATT não foram influenciados pelo manejo do solo, porém o SST foi maior em solos sem cobertura vegetal.
O teor de sólidos solúveis totais na safra 2007/2008, foi semelhante (13,5°Brix,) ao encontrado por Antunes et al. (2008), ao avaliarem a cultivar Bluegem por três safras consecutivas: ciclo produtivo 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006. Porém na safra 2008/2009 o valor obtido nesse trabalho foi inferior (11,8°Brix).
Rodrigues, et al., (2007), ao analisarem frutas de seis cultivares de mirtilo (Woodard, Powderblue, Bluegem, Briteblue, Bluebelle e Delite) observaram que elas diferiram com relação ao pH, teor de sólidos e acidez total titulável, sendo que a cultivar Bluegem apresentou pH 2,90, teor de sólidos solúveis totais 12,2°Brix, ATT 1,28. Machado et al (2004) verificaram teor de sólidos solúveis totais de 14,46°Brix, 1,07 e pH 2,97 na cultivar Bluegem. Ao verificar a análise físico-química em trabalhos realizados em diferentes safras, observa-se que o teor de sólidos solúveis totais apresenta maior variação, uma das explicações é a variação climática que ocorre entre os anos.
Nas condições edafoclimáticas da região sul do Rio Grande do Sul, o uso de diferentes tipos de cobertura do solo, influenciou na qualidade físico-química dos frutos de mirtilos apenas no segundo ano após sua aplicação da cobertura vegetal na superfície do solo.
Departamento de Fitotecnia - Área de Concentração Fruticultura de Clima Temperado - FAEM/UFPel
Embrapa Clima Temperado - EMBRAPA/CPACT
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura