Aplicativo da FMC permite identificar doenças e pragas nas lavouras com a ponta dos dedos
Originalmente, todos os bovinos criados no Brasil foram importados e como resultado dessas importações permanecem dúvidas quanto à constituição genética dos atuais recursos genéticos e quão distintas estas populações se tornaram no decorrer do tempo. Outro fator que também causa confundimento são aquelas populações fenotipicamente semelhantes mas que são conhecidas por nomes diferentes em distintas regiões do Brasil, como acontece com o gado bovino Pé-Duro do Nordeste e o Curraleiro do Centro-Oeste.
Sob a coordenação da FAO (Food Alimentation Organization of United Nations), uma iniciativa chamada “Medidas da Diversidade de Animais Domésticos” (MoDAD) teve início para prover as recomendações técnicas para esse tipo de estudos em animais (FAO, 1998). Como proposto pela FAO e pela Sociedade Internacional de Genética Animal (ISAG) as questões de diversidade e distância genética podem ser resolvidas usando um conjunto comum de marcadores microssatélites.
Assim sendo, foi proposto um plano de trabalho a ser desenvolvido em parceria entre pesquisadores da Embrapa Meio-Norte e do Centro Nacional de Preservação de Recursos Genéticos Animais do Serviço de Pesquisa Agropecuária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (National Animal Genetic Preservation (NAGP) - ARS-USDSA) para elucidar definitivamente essa questão.
As pesquisas concentraram-se nas área de avaliações fenotípicas, produtivas e moleculares de algumas populações de bovinos locais e comerciais, adaptados às regiões Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Foram colhidas amostras de populações denominadas Curraleiro, Pé-Duro, Caracu, Gir e Nelore em rebanhos da Embrapa e da iniciativa privada. Após a genotipagem os resultados foram analisados em diversos programas de computação e puderam esclarecer diversas questões.
Todos os locus investigados se mostraram polimórficos nas populações analisadas com maior variação dentro das populações ou entre indivíduos (80%) do que entre as populações (20%). Foram identificados 259 alelos distintos para os 34 microssatélites investigados, variando de 2 a 15 com média de 7 alelos por locus. A heterozigosidade observada e a esperada variou de 0.51 (Caracu) a 0.63 (Pé-Duro); e de 0.53 no Caracu, a 0.66 no Gir, respectivamente.
Os valores que indicam o nível de diferenciação genética médio que se manifesta nas subpopulações definidas e é a fração da diversidade total que é causada pela diferença entre populações ou mesmo pela proporção da variância gênica total devida à subdivisão (Fst). De acordo com Wright (1969), citado por Costa et al (2007), ao explicarem a unicidade das populações de cavalos Puruca e Marajoara, que valores de Fst entre zero e 0,05 indicam baixa diferenciação; de 0,05 a 0,15 moderada, entre 0,15 e 0,25 alta e acima de 0,25, muito alta. Segundo o enuciado acima pode-se concluir que as populações de Curraleiro e Pé-Duro apresentam grande similaridade entre eles, uma vez que a distância foi de 0.048.
Os resultados comprovam que Curraleiro e Pé-Duro possuem alelos em comum e que a pequena distância observada é devido à deriva genética em consequência do isolamento geográfico em que se encontram. Pode-se concluir que os rebanhos remanescentes são amostras do grande rebanho Curraleiro Pé-Duro que outrora reinava soberanamente em grande parte do Brasil e que se distanciaram há pouco tempo do rebanho fundador.
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