Preços do milho devem se sustentar em 2020
Safra 2019/20 deve começar com disponibilidade restrita de milho, num cenário de consumo doméstico crescente
Após atravessarem boa parte de 2019 em patamares baixos, os preços dos cafés arábica e robusta subiram com força nos últimos meses do ano, conforme indicam dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Até o mês de outubro, os valores estavam enfraquecidos, influenciados por perspectivas iniciais de oferta ainda confortáveis no ano safra de 2019/20. No geral, agentes se mantiveram afastados do mercado em grande parte desse período, negociando apenas quando os preços reagiam, cenário verificado especialmente em junho e setembro.
Já em novembro, segundo levantamentos do Cepea, os preços passaram a registrar expressiva recuperação, principalmente os do arábica. Este cenário, por sua vez, esteve atrelado à menor oferta de cafés finos, a preocupações quanto à disponibilidade do grão em 2020, a ganhos técnicos dos futuros de ambas as variedades, à maior demanda e ao dólar mais elevado.
Diante das perspectivas iniciais de oferta confortável, os preços do arábica recuaram no primeiro semestre, com o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor operando abaixo dos R$ 400/saca de 60 kg em alguns meses. Vale apontar que esse quadro fez com que a média da safra 2018/19 (de julho/18 a junho/19), de R$ 430,56/saca, fosse a mais baixa desde a temporada 2001/02, em termos reais (os preços foram deflacionados pelo IGP-DI de novembro/19).
Já no final deste ano, o Indicador do arábica voltou a fechar entre R$ 500 e R$ 570/sc de 60 kg, se aproximando dos valores reais observados do início de 2017. Na parcial da safra 2019/20 (de julho/19 a dezembro/19), a média do Indicador do arábica foi de R$ 454,70/saca, elevação de 1,4% em relação à do mesmo período da temporada 2018/19, em termos reais.
Segundo pesquisadores do Cepea, a recuperação dos preços refletiu a baixa oferta de cafés finos da safra 2019/20, devido às chuvas e ao risco de geadas em junho e julho. Posteriormente, com o desenvolvimento da safra 2020/21, novas preocupações quanto ao clima surgiram. As altas temperaturas e o baixo nível pluviométrico resultaram em quedas de algumas flores e, em seguida, de chumbinhos e debilitaram os cafezais. Ainda que o retorno das chuvas em novembro tenha permitido boa recuperação das lavouras de arábica, novas apreensões quanto à oferta no curto prazo impulsionou as cotações.
Além do Brasil, houve diminuição de oferta de cafés bons a finos em origens como Colômbia e América Central nesta temporada, devido a questões climáticas e a menores tratos nas lavouras, em decorrência dos baixos preços da commodity. A oferta mais restrita destes cafés, inclusive, levou a queda dos estoques da Bolsa de Nova York (ICE Futures) no final do ano, contribuindo para o forte avanço das cotações externas.
A forte reação nos preços em novembro elevou o ritmo de comercialização de cafés, tanto no físico (temporada 2019/20) quanto para entrega futura (safras 2020/21 e 2021/22). Esse cenário, por sua vez, deixou agentes atentos quanto à disponibilidade de cafés em 2020 e reforçou o movimento de alta.
Além da produção recorde no Brasil em 2019/20, a colheita de uma safra 2019/20 ainda volumosa no Vietnã (30,5 milhões de sacas, segundo o USDA), maior produtor mundial de robusta, também pressionou as cotações do grão. Esse cenário levou a forte desvalorização do robusta ao longo do ano, com os preços do tipo 6 operando entre R$ 280 e R$ 290/saca de 60 kg em muitos meses.
Assim, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6 peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo foi de R$ 295,90/sc na parcial da safra (de julho/19 a dezembro/19), baixa de 13,4% frente ao mesmo período da temporada anterior, em termos reais.
Ainda que de forma menos expressiva que o do arábica, os preços da variedade também tiveram recuperação ao longo do segundo semestre, com o Indicador voltando a fechar acima dos R$ 300/sc a partir de novembro.
Apesar da menor produção em 2019/20, os embarques registraram bom desempenho, com volumes próximos dos da temporada 2018/19, que foi recorde. Segundo o Cecafé (Conselho de Exportadores de Café), na parcial desta safra (de julho/19 a dezembro/19), os embarques totais (considerando-se grão verde, torrado moído e solúvel) somam 17 milhões de sacas e os de café verde (arábica e robusta), 15,3 milhões, praticamente estável (+0,2 e +0,04%, respectivamente) em relação ao mesmo período da temporada anterior (2018/19).
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