Indicador do arroz opera perto da estabilidade
As negociações do arroz em casca estão em ritmo lento
Chuvas bem distribuídas ao longo do ano agrícola, bicudo bem controlado e menor pressão de pragas, em geral, refletiram diretamente nas boas marcas alcançadas nas fazendas e nos laboratórios de análise de fibra de algodão na Bahia. A produtividade no estado ficou em 315 arrobas de algodão em capulho por hectare, que, com rendimento de pluma em torno de 41%, bateu em 1.938 quilos/ha do produto beneficiado. No Oeste da Bahia, onde se concentra a produção, a marca foi ainda mais alta, 320,8 arrobas/ha ou, aproximadamente, 1.973 quilos de pluma/ha. Ao todo, foram colhidas 1.260.781 toneladas de algodão em caroço no estado (516.920 toneladas de pluma), mantendo a Bahia como o segundo maior produtor nacional de algodão. Para a safra 2021/2022, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) ainda não tem o número exato da área a ser plantada, mas estima que a intenção de plantio gire em torno de 9% a mais que o consolidado em 2020/2021, 266.662 hectares, uma decisão diretamente ligada ao mercado.
De acordo com a Abapa, os preços estão bons, oscilando entre 90 e 95 centavos de dólar por libra-peso, em Nova Iorque. Mas o indicador da commodity não é o único fator que pesa na decisão do cotonicultor. “Levamos em consideração a rentabilidade e o custo de produção, e, nesta conta, a soja, e mesmo o milho, têm levado vantagem nos últimos anos. A nossa previsão é conservadora, tendendo a otimista. Acreditamos que teremos um discreto aumento de área”, explica o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi.
No laboratório de Análise de Fibras da Abapa, em Luís Eduardo Magalhães, mais de 1,8 milhão de amostras, de um total esperado de 3 milhões, já foram processadas, e a qualidade, sobretudo no “visual”, chama atenção. “O clima foi muito bom para a qualidade do algodão, com chuvas quando precisava chover e ausência delas no momento da colheita. Essa condição, por se só, já contribui para a cor e o brilho do produto. Mas há outros fatores, como manejo de pragas e doenças, as variedades plantadas e as tecnologias incorporadas nas lavouras, que fazem diferença na classificação”, explica o gerente do laboratório, Sergio Brentano.
Segundo Brentano, os índices alcançados na classificação instrumental, através do HVI (High Volume Instrument), também foram muito positivos, com destaque para características intrínsecas da fibra, como tamanho e finura, além da redução do percentual de fibras curtas. “Isso difere muito a cada safra e tem relação direta com o tipo de variedade plantada, mas o que podemos dizer é que com clima bom e trabalho dos produtores, estamos obtendo ótimos resultados neste ciclo”, diz.
O bicudo-do-algodoeiro e outras pragas da cultura não representaram um grande problema na safra 2020/2021. De acordo com o coordenador do Programa Fitossanitário da Abapa, Antônio Carlos Araújo, o índice de infestação foi discretamente maior que 2019/2020, quando ficou em 1.56%, e menor que no ano-safra anterior, 2018/2019, cuja média foi de 2.69%, nas lavouras do Oeste da Bahia. “Aos 150 dias, constatamos uma média de 1.61% de bicudos por botões atacados”, afirmou. Este resultado, segundo o coordenador, se deveu a fatores como manejo adequado, incorporação de tecnologias e clima favorável à realização desses procedimentos.
“Existe uma conscientização crescente do produtor em relação ao combate dessa praga, que tem potencial de destruição de até 100% das lavouras. O cotonicultor investiu no monitoramento intenso até o final do ciclo, e isso impactou diretamente na alta produtividade alcançada no período. De uma maneira geral, podemos afirmar que o bicudo não trouxe perdas ou danos expressivos em 2020/2021”, disse.
No período, a Abapa deu continuidade às ações de conscientização do produtor e de agentes de outros elos da cadeia produtiva, como os ligados aos transportes, com blitz e campanha em outdoors sobre a maneira correta de acondicionamento das cargas, para evitar o escape de sementes e o surgimento de tigueras. O produtor também foi impactado pela campanha, que alertou para a importância do manejo correto de plantas voluntárias e restos culturais.
Desde o dia 20 de setembro, e até o dia 20 de novembro, a maior parte dos municípios produtores da fibra no Oeste da Bahia está sob o regime de Vazio Sanitário, definido pela Portaria 201 da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). São eles: Cocos, Jaborandi, Correntina, Santana, Barreiras, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério. A exceção, no Oeste, são a microrregião de Campo Grande, no município de São Desidério, Baianópolis e Wanderley, onde o período fixado vai do dia 11 de setembro até 10 de novembro.
A região Sudoeste da Bahia segue um calendário de vazio diferente, de 01 de setembro a 30 de outubro. Esta área inclui os municípios de Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Guanambi, Iuiu, Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedra, Palmas de Monte Alto, Pindaí, Rio do Antônio, Sebastião Laranjeiras, Tinhaçu, Urandi, Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Igaporã, Malhada, Muquém do São Francisco e Serra do Ramalho.
No vazio, não pode haver plantas vivas de algodão na área estabelecia por lei, inclusive as tigueras, as chamadas “plantas voluntárias”, que, geralmente, nascem fora das lavouras, à beira das estradas. O objetivo desta medida é evitar que o bicudo se hospede nestas plantas, na entressafra, aumentando a pressão populacional no ciclo seguinte”, afirma Antônio Carlos Araújo, enfatizando os esforços da Abapa na conscientização do produtor tanto para o cumprimento do vazio, quanto para a destruição das soqueiras e tigueras, durante e após a colheita.
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