Massey Ferguson bate novo recorde de venda
Os estoques mundiais em baixos níveis e a demanda em alta devem manter aquecidos os preços da celulose no mercado internacional para este segundo trimestre, projeta a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
Começou quarta-feria (14/04), a segunda edição do Fórum Internacional do Agronegócio Florestal. O painel de abertura tratou das oportunidades de mercado no setor florestal. Representante da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), a executiva Heloísa Dorea Barbosa, destacou a rápida recuperação do setor de celulose, um dos mais abalados pela crise em 2008 e 2009. A tonelada da celulose no mercado internacional vale hoje quase o dobro do que em abril do ano passado, passando de US$ 450 para US$ 840 no período. "Já há rumores de novos aumentos no segundo trimestre", observou Heloísa.
Os estoques mundiais em baixos níveis e a demanda em alta devem manter aquecidos os preços da celulose no mercado internacional para este segundo trimestre, projeta a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Em fevereiro, os estoques mundiais chegaram aos patamares mais baixos dos últimos cinco anos, batendo em apenas 27 dias. De acordo com a Bracelpa, alguns fatores contribuem para a continuidade desse quadro, como as paradas de manutenção previstas por indústrias brasileiras, os impactos causados na produção pelo terremoto do Chile e o inverno rigoroso na Escandinávia, que atrasou o corte da madeira. Por outro lado, a demanda segue em alta, projeta Heloísa.
O consumo de papel higiênico, principal produto feito com celulose de fibra curta (eucalipto) deve crescer 4% neste ano, na esteira da melhora do poder de compra em países em desenvolvimento, como China. Até 2025, mesmo com queda em alguns segmentos, como papel jornal, ameaçado pelas mídias eletrônicas, a previsão é de crescimento de 1,5% no consumo mundial de papel, explicou Heloísa.
Para fazer frente a essa demanda, o Brasil tende a ter papel chave. Atualmente com cerca de 6 milhões de hectares de florestas plantadas, o país pode dobrar essa área em 15 anos, projeta. Em palestra no Fórum, o consultor Jefferson Bueno Mendes, da Silviconsult, defendeu que parte desse aumento se dê com arranjos produtivos regionais, formando pequenos polos florestais, com bases a partir de 5 mil hectares. Esse modelo, alternativa para pequenos e médios produtores, deve ser aplicado especialmente em Estados com mercado agrícola já desenvolvido, onde a terra é mais cara, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo. "A ideia é fazer o que o Uruguai está fazendo, formando clusters, com florestas não-verticalizadas e voltadas a múltiplos usos", compara.
Segundo Mendes, a existência de uma parceria público-privada para organizar esses polos e atrair indústrias de diferentes segmentos é fundamental. Os recursos para implantação de florestas já existem, por meio de programas como o Proflora e Pronaf. Já nos Estados com fronteiras agrícolas, a expansão da área de florestas se daria com projetos de grandes empresas.
Outra painelista hoje à tarde foi a da representante do Inmetro, Maria Tereza Rezende, que explicou o Cerflor, programa de certificação de florestas com manejo sustentável no Brasil. Ela lembrou que atualmente, cerca de 1,4 milhões de hectares de florestas plantadas possuem a certificação no país. Completou a programação o presidente da Asiflor (Associação das Siderúrgicas para Fomento Florestal), João Câncio de Andrade Araújo.
Ainda nesta quarta, aconteceu a palestra magna com o representante da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da Rapública, Décio Gazzoni. Ele apresentou o Plano Nacional de Florestas Plantadas. Na solenidade de abertura, na noite desta quarta, o Governo do RS irá lançar o Programa Florestal do RS.
CICLO DE PALESTRAS
Um ciclo de palestras voltados à produção florestal integrada abriu hoje os debates técnicos do Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, dentro dos eventos paralelos à 2ª Feira da Floresta, nos pavilhões da ExpoGramado, em Gramado (RS). Até agora, mais de 400 participantes estão inscritos para participar das discussões voltadas à produção na pequena propriedade e do 2º Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, que reunirão 38 palestrantes. São esperados visitantes de diversos estados brasileiros, além de Paraguai, Argentina e Uruguai, que também registraram inscrições.
"Nosso objetivo é envolver questões relativas a toda a cadeia produtiva, desde o plantio, passando por questões de mercado, de produtos e inclusive questões legislativas ligadas à atividade", afirma Edson Tadeu Iede, presidente do Fórum.
Ainda na primeira palestra voltada a projetos florestais em propriedades familiares, o engenheiro agrônomo Moacir Sales Medrado, da MCA Consultores, defendeu um planejamento de negócio que leve em conta questões ambientais e financeiras. "Uma propriedade não é apenas para se ganhar dinheiro, ter lucro. Nem apenas para cuidar do meio ambiente. Eu posso ter um projeto que me dê muito lucro, mas que termine com os recursos naturais, ou o contrário. Mas isso não serve. É preciso equilíbrio", defende.
Para isso, Medrado propõe uma análise de diversas formas de produção disponíveis. Entre elas, o consórcio de silvicultura com plantios de milho ou soja, por meio de distanciamento de pelo menos 12 metros entre as linhas de árvores, ou com pecuária, com distanciamento de pelo menos 18 metros. O palestrante também abordou alternativas de silvicultura com não-madeirados como a pupunha, espécie de palmeira. Medrado relatou experiências de plantio de pupunha no Paraná e afirmou que se trata de uma opção também para algumas regiões gaúchas, especialmente o litoral. O representante da MCA Consultores voltará a palestrar amanhã e sexta pela manhã.
Também no Ciclo, a Emater/RS informou que dará início dentro de duas semanas a um projeto-piloto de orientação de agricultores familiares para obtenção da declaração de regularidade ambiental. As beneficiadas com a atividade serão 20 propriedades rurais de Canguçu (RS). Ao mesmo tempo, a entidade promete treinar 100 técnicos para orientar pequenos produtores a se adequarem e solicitarem a declaração, informou o engenheiro agrônomo Dirceu Slongo, da Emater/RS
A declaração de regularidade ambiental é um documento criado a partir de convênio entre Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a Emater/RS, válido para propriedades com até quatro módulos fiscais e que começará a ser expedido neste ano. "A declaração é um processo anterior à licença de operação, serve como uma espécie de salvo-conduto, que permite acesso ao crédito e atesta regularidade, podendo evitar punições", explica Slongo.
O documento simplifica o processo de adequação das pequenas propriedades. Com ele, os pequenos produtores gaúchos não mais precisarão solicitar licenças ambientais para cada atividade que queiram desenvolver em suas propriedades, uma vez que o documento autoriza a propriedade para exercer determinadas atividades produtivas. O prazo para adequação será definido a partir de critérios como condição sócio-econômica da família e região da propriedade.
O 2° Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, realizado em Gramado (RS), junto com a 2ª Feira da Floresta, reserva para a sexta-feira painéis que discutirão os temas relativos à legislação trabalhista e ambiental, ao cenário para serviços e logística junto ao setor florestal e à questão climática pautam os debates do evento promovido pela Embrapa Florestas, Associação Gaúcha de Empresas Florestais (AGEFLOR) e Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), com patrocínio de BRDE, CaixaRS, CMPC Celulose Riograndense e Fibraplac.Voltada para a promoção do setor de florestas plantadas e sua cadeia de base produtiva, a 2ª Feira da Floresta encerra nesta sexta-feira, 16 de abril, nos pavilhões da ExpoGramado, na cidade de Gramado (RS). A entrada para visitação da feira é franca.
No primeiro painel da quinta-feira, o tema abordado foi os usos múltiplos das florestas, produtos madeireiros e não-madeireiros. A explosão econômica chinesa tende a gerar oportunidades no mercado de extração de resina de pinus em florestas brasileiras. Atualmente, a atividade é realizada em apenas aproximadamente 20 mil, dos cerca de 1 milhão de hectares plantados com a espécie no país, informou o consultor Alejandro Cunningham.
Nos últimos seis meses, os preços do breu, produto feito da resina e utilizado principalmente na fabricação de tintas e adesivos, explodiram no mercado internacional, tornando economicamente vantajosa a produção fora da China. O país asiático responde por 74% da produção da resina, enquanto o Brasil, por 9%. De acordo com Cunningham, uma das vantagens brasileiras é que sua produtividade chega a 5 toneladas de resina por hectare por ano, ante 1,8 toneladas na China.
Já o gerente da Granflor - Gestão de Empreendimentos Florestais, Sandro Dalla Corte, relatou em sua palestra o modelo de negócios da empresa, com consórcio de pecuária e silvicultura. A empresa tem 200 mil hectares no país, sendo cerca de 40 mil já plantados. Durante o projeto, vem realizando experiências agrossilvipastoris. O consórcio de árvores com plantações de grãos não apresentou bons resultados nas áreas testadas, porém o gado será utilizado em toda a área. "Não foi o sistema (de consórcio de árvores e lavouras de grãos) que não funcionou. Na verdade, tivemos uma limitação da região, com solos arenosos e déficit hídrico", ponderou Dalla Corte.
Com relação à pecuária, ela é realizada entre as linhas de árvores, espaçadas em cinco metros umas das outras. A conclusão da empresa foi de que, devido à característica de uma área florestal, o melhor manejo é na fase da recria. Raças europeias também se adaptaram melhor ao consórcio, por serem mais dóceis, o que evita que danifiquem as árvores, problema registrado com o zebu. A rentabilidade com a pecuária ficou entre 2% e 3% ao ano, não muito distante da média de campos abertos, mas a atividade representa outros benefícios para atividade sillvícola, aponta o representante da Granflor. Um deles é a redução de riscos de incêndio, uma vez que o gado, ao pastar, reduz a massa de pasto da área.
Outro palestrante da manhã foi o representante da construtora Braengel, Euclésio Finatti. Ele lembrou que atualmente menos de 1% da madeira brasileira é direcionada à construção civil. E defendeu a disseminação de casas com estrutura de madeira de florestas manejadas, por serem ambientalmente sustentáveis, à medida que a atividade florestal sequestra carbono da atmosfera. Além disso, considera esse modelo, largamente utilizado na América do Norte e Europa, é mais racional.
Já o diretor técnico do Instituto Nacional da Erva-Mate argentino, Raul Escalada, falou dos benefícios do produto e relatou o consórcio de ervateiras com espécies maiores de reflorestamento. E o representante da Danzer, Hermann Hampel, relatou experiências silviculturais e comerciais com espécies não tradicionais.
Argentina planta espécies não-tradicionais
Espécies não-tradicionais têm sido a principal opção utilizada pela Danfor, do grupo Danzer, na Argentina. Dos cerca de 10 mil hectares plantados pela empresa no país vizinho, 40% é de pinus e 60% de árvores como cinamomo, carvalho-sedoso ou cedro australiano.
Esta última é a mais valorizada pelo mercado, explicou Hermann Hamper, presidente da Danfor, palestrante do 2º Fórum Internacional do Agronegócio Florestal. O custo de implantação do cedro australiano é cerca de 50% mais caro do que o do pinus, porém, a madeira vale de duas a cinco vezes mais, comparou. A empresa trabalha com projeção de corte em período semelhante para as duas espécies, aos 22 anos.
Para demonstrar o aproveitamento do cedro australiano, Hermann apresentou uma fina chapa, usada em aglomerados. Um metro cúbico de madeira rende 700 metros quadrados dessa chapa padrão. "O cedro australiano pode se adaptar ao Brasil, provavelmente não no Rio Grande do Sul porque ele é sensível ao frio. Mas no Paraná pode funcionar", projetou Hermann.
Mais qualidade nos plantios
O controle da qualidade de plantios florestais também esteve na pauta do 2º Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, em Gramado (RS), na tarde desta quinta-feira. O engenheiro Edson Martini afirmou que as auditorias são fundamentais para manter o setor florestal atrativo para os investidores. Já o consultor Celso Trindade acrescentou que o controle de qualidade é uma importante ferramenta para aumento da produtividade e redução de desperdício e de retrabalho.
Ficou a cargo do professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Mauro Schumacher a tarefa de desmistificar a afirmação de que o plantio de florestas e especialmente de eucaliptos exaure os recursos hídricos. "É verdade que a copa das árvores servem como anteparo à precipitação. De 10% a 30% da água fica retida na copa. Mas a árvore não consome, a água volta para o ciclo de evapotranspiração", afirmou.
Em palestra magna realizada na noite de abertura Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, em Gramado (RS), o assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Décio Gazzoni revelou detalhes do Plano Nacional de Florestas Plantadas, em gestação pelo governo federal. É a primeira apresentação pública do Programa, antes só aberta em reunião da Câmara Setorial de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura.
A projeção do governo é de que, além do desenvolvimento das atuais cadeias do setor, como as de celulose e móveis, novos negócios surjam na área florestal. Um dos principais deve ser a utilização de madeira como fonte de geração de energia em termelétricas movidas a biomassa. Segundo o cenário mais otimista para o setor, até 12% de todo mercado de energia nacional poderiam ser supridos por meio de florestas plantadas, seguindo a tendência de busca de fontes energéticas renováveis. De acordo com Gazzoni, outro negócio que tende a crescer são os chamados serviços ambientais, a partir da criação de mecanismos internacionais para remunerar produtores que deixam florestas nativas em pé, entre outras formas de estímulo à preservação.
O técnico ainda afirma que o programa prevê políticas de incentivo ao aumento da área com cobertura de florestas plantadas, apoiando especialmente a implantação em regiões hoje degradadas, para que o Brasil atinja a liderança mundial em produtos florestais.
A governadora Yeda Crusius instituiu o Programa Florestal do Rio Grande do Sul. A ação foi confirmada na solenidade de aberturas da 2ª Feira da Floresta e 2º Fórum Internacional do Agronegócio Florestal, na noite de quarta-feira, 14, em Gramado (RS). O secretário estadual de Meio Ambiente, Giancarlo Tusi Pinto, explica que a iniciativa unificará os atuais projetos de apoio ao setor, desenvolvidos por diferentes secretarias e órgãos do Estado. Pinto acrescenta que duas importantes ferramentas para orientar as políticas públicas na área estão em fase inicial e se desenvolverão nos próximos quatro anos. Um deles é o diagnóstico da cadeia produtiva, que recebeu R$ 2 milhões de recursos do Estado para identificar a demanda por produtos florestais.
Já o inventário florestal mapeará as florestas e a oferta de madeira gaúcha e demandará R$ 6 milhões de investimento, dos governos estadual e federal. O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Leonel Freitas Menezes, festejou a iniciativa da governadora. "O programa prevê a estruturação de arranjos produtivos locais de base florestal, privilegiando as pequenas e médias empresas. Esse modelo preconizado descentraliza a produção florestal. É baseado no modelo europeu e já foi provado que funciona", afirmou.
O termo de cooperação para a implantação do Programa Florestal do Rio Grande do Sul foi firmado, na 2ª Feira da Floresta, por diferentes entidades: além dos secretários do Meio Ambiente e da Agricultura, Gilmar Tietböhl, assinaram-no representantes da Famurs, Farsul, Emater, Embrapa, Sindimadeira, Sindimate, Agef, Movergs, Afubra e Ageflor.
Entre os presentes na abertura do evento, estiveram o deputado Berfran Rosado, o presidente do CREA-RS, Luiz Alcides Capoani, o diretor-executivo da Abraf, César Reis, o assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Décio Gazzoni e o prefeito em exercício de Gramado, Luia Barbacovi.
A 2ª Feira da Floresta e o 2º Fórum Internacional do Agronegócio Florestal prosseguem até esta sexta-feira dia 16 de abril.
Fonte: Assessoria de Imprensa - Feira da Floresta - ESTILO DE COMUNICAÇÃO - 51 3330-9236
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