Algodão e milho sadios na segunda safra

Culturas demandam atenção desde o início

23.01.2025 | 10:24 (UTC -3)
Revista Cultivar

A segunda safra, conhecida como safrinha, vem conquistando um papel de destaque na agricultura brasileira. Seu sucesso, todavia, depende de planejamento criterioso iniciado ainda no cultivo anterior.

"É essencial um manejo adequado da safra precedente para evitar altas infestações de pragas e doenças em algodão e milho", explica Sérgio Zambon, gerente de desenvolvimento de tecnologias brasil da BASF Soluções para Agricultura.

Milho na segunda safra

Os produtores de milho enfrentam desafios climáticos significativos durante a segunda safra. A escassez ou o excesso de chuvas, além da possibilidade de geadas, podem comprometer a produtividade.

Para mitigar esses riscos, especialistas recomendam práticas como a correção de solo, uso de sementes adaptadas, rotação de culturas e adoção de soluções digitais.

Desafios climáticos

A segunda safra do milho em 2025 será impactada pelo fenômeno La Niña, que pode provocar chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste e seca nas regiões Centro-Sul e Sul.

O estresse hídrico causado pela falta de chuvas prejudica o desenvolvimento das plantas e a polinização, reduzindo a produtividade. O excesso de chuvas, por outro lado, favorece o surgimento de doenças e plantas daninhas.

Para reduzir esses problemas, é essencial investir em técnicas como o plantio direto, aumento da matéria orgânica do solo e escolha de cultivares mais resistentes, explica Sérgio Zambon.

Sérgio Zambon
Sérgio Zambon

Sementes certificadas

Utilizar sementes certificadas e adaptadas ao clima local é fundamental. Essas sementes possuem maior potencial genético, proporcionando melhor adaptação e produtividade.

Para escolher as sementes adequadas, o produtor deve considerar fatores como vigor, resistência a pragas e doenças, tolerância a estresses abióticos e ciclo de cultivo compatível com a janela de plantio.

Manejo de pragas e resistência

A cigarrinha (Dalbulus maidis) é uma das principais pragas que afetam a safrinha do milho, podendo reduzir significativamente a produtividade. O manejo inadequado dessa praga pode levar à disseminação de doenças.

A expectativa para 2025 é de aumento da população de cigarrinhas em função das condições climáticas favoráveis. Recomenda-se o monitoramento constante das lavouras e o uso de inseticidas de forma estratégica para conter a infestação.

De modo geral, a rotação de pesticidas é uma prática essencial para prevenir a resistência. O uso alternado de inseticidas, fungicidas e herbicidas com diferentes mecanismos de ação evita a seleção de organismos resistentes, contribuindo para a sustentabilidade da produção.

<i>Dalbulus maidis</i>
Dalbulus maidis

Algodão na segunda safra

Variedades de algodão geneticamente modificadas estão contribuindo para a redução de perdas e o aumento da produtividade na safrinha. Essas variedades apresentam resistência a pragas, doenças e tolerância a herbicidas, permitindo manejo mais eficiente.

Entre os exemplos, destacam-se as variedades FiberMax com a tecnologia Sistema Seletio, que combatem plantas daninhas de difícil controle e oferecem resistência à ramulária (causada por Ramulariopsis gossypii) e nematoides, explica Zambon.

Algumas pragas e doenças devem representar grandes desafios para os produtores de algodão. O bicudo (Anthonomus grandis), as lagartas Spodoptera spp. e a ramulária são as principais ameaças, podendo comprometer significativamente a produção.

"O bicudo é uma praga que ataca as maçãs e botões florais, causando a queda de flores e redução da podendo comprometer 100% da produção. Lagartas Spodoptera spp. causam desfolha e danos às estruturas reprodutivas. E a ramulária promove a desfolha antecipada reduzindo o rendimento e quantidade das fibras", explica Zambon.

O manejo adequado dessas ameaças inclui monitoramento contínuo, uso de variedades resistentes e aplicação racional de defensivos.

Já para evitar o crescimento excessivo do algodão na fase vegetativa, técnicas como o uso de reguladores de crescimento em taxa variável são recomendadas. Essa abordagem permite uma distribuição mais eficiente do insumo, promovendo uma lavoura mais uniforme.

O uso de novas tecnologias e boas práticas de manejo são essenciais para enfrentar os desafios da safrinha de algodão e garantir maior produtividade e sustentabilidade.

<i>Anthonomus grandis</i>
Anthonomus grandis
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Dicas finais para a segunda safra

REVISTA CULTIVAR - De que forma a rotação de inseticidas, fungicidas e herbicidas pode ajudar a prevenir a resistência de pragas no cultivo do milho? Poderia falar um pouco sobre as rotações ideais?

Sérgio Zambon - A rotação de defensivos agrícolas é uma prática fundamental para prevenir ou postergar o desenvolvimento de resistência de pragas e doenças. A rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação dificulta a seleção dos organismos aos defensivos. As rotações ideais devem ser definidas com base em um plano de manejo integrado de pragas e doenças, levando em consideração a biologia das pragas e doenças presentes na região, o histórico de uso e o mecanismo de ação dos defensivos e as recomendações técnicas.

REVISTA CULTIVAR - Como a agricultura digital pode contribuir para o aumento da produtividade e sustentabilidade na safrinha do milho? É uma alternativa viável em termos econômicos para o produtor?

Sérgio Zambon - A agricultura digital oferece diversas ferramentas que podem auxiliar o produtor a otimizar a produção, como sensores para monitoramento do clima e do solo, plantabilidade, imagens de satélite para análise da vegetação, drones para aplicação localizada de defensivos, softwares de gestão e muitas outras. Essas ferramentas permitem tomar decisões mais precisas e eficientes, aumentando a produtividade e reduzindo os custos de produção. Além disso, a agricultura digital contribui para a sustentabilidade, permitindo um uso mais eficiente dos recursos naturais.

A BASF oferece soluções digitais para apoiar o produtor rural em diferentes etapas do ciclo, por meio do Xarvio Digital Farming Solutions, a marca global de agricultura digital da empresa. No início da safrinha, a plantabilidade é de fundamental importância, a solução "gestão nutricional do talhão" oferece uma alternativa eficiente para análise do solo, permitindo até 77% de economia, com a mesma eficácia agronômica da análise tradicional. No momento do plantio, os "mapas de semeadura" facilitam o plantio em taxa variável, que pode gerar um aumento de produtividade de 5,4% no milho e até 6,4% no algodão, quando utilizada em conjunto com a recomendação de FiberMax. Na manutenção do ciclo, o mapeamento digital de plantas daninhas facilita o manejo da lavoura, com um controle mais preciso e sustentável dos focos de invasoras, alcançando em média 60% de otimização de insumos e recursos, como a água.

REVISTA CULTIVAR - Qual o papel das variedades de algodão geneticamente modificadas na redução de perdas e aumento de produtividade na safrinha? Poderia citar alguns exemplos?

Sérgio Zambon - As variedades de algodão geneticamente modificadas desempenham um papel fundamental na agricultura moderna, especialmente na safrinha. Essas variedades são desenvolvidas com genes que conferem características específicas, como resistência a pragas e doenças, tolerância a herbicidas e melhoramento de características agronômicas. Essa tecnologia permite aos produtores reduzir significativamente as perdas causadas por pragas e doenças, diminuindo a necessidade de aplicações de inseticidas e aumentando a eficácia do controle. Além disso, as variedades tolerantes a herbicidas facilitam o controle de importantes plantas daninhas, otimizando o manejo da lavoura. Recentemente, foram lançadas duas variedades de algodão FiberMax com a exclusiva tecnologia Sistema Seletio, especialmente desenvolvida visando o controle de plantas daninhas de difícil combate no Brasil, como o pé-de-galinha (Eleusine indica), além de resistências a ramulária e aos nematoides Meloidogyne incognita e Rotylenchulus reniformis.

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