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Soluções para aumentar a produtividade nas lavouras de milho, sobretudo para os agricultores familiares, a maximização eficiente dos insumos como a água e a energia elétrica no campo, e o fomento às operações com contrato futuro, juntamente à urgente construção de armazéns, foram apontadas na quinta-feira (27) pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) como contribuição para o aumento da oferta de milho no Brasil, durante a reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), na sede da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), em Salvador.
A reunião faz parte de um calendário de outras cinco, em diferentes estados da Federação, que a Abramilho está promovendo, em articulação com o Ministério da Agricultura e apoio da Fundação Dom Cabral, com o objetivo de promover o aumento da produção e da produtividade nacionais de milho, ouvindo todos os segmentos das cadeias produtivas relacionadas ao cereal. O encontro foi presidido pelo ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, e teve presença, dentre outros, do secretário da Agricultura da Bahia, Eduardo Salles. Ao final das discussões, um documento será elaborado e entregue ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.
“A Abramilho está muito otimista com as perspectivas para o milho este ano. O Brasil tem tudo para crescer na atividade, pois tem clima e solo favoráveis para produzir mais e se tornar um grande celeiro”, afirmou Alysson Paolinelli. A confiança da Abramilho se deve à previsão da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que destaca que o Brasil deterá 10% da produção mundial de milho e coloca o País como um dos grandes exportadores do grão. Segundo o presidente da Faeb, João Martins, este evento é importantíssimo para definir os rumos da produção de milho no estado.
Graças à valorização nos preços da commodity e a ajustes nos mecanismos governamentais de comercialização e escoamento do grão, o Oeste da Bahia colheu em 2011/12 2.25 milhões de toneladas de milho, 50% a mais que na safra anterior. A área plantada na região cresceu em torno de 60%. Foi a maior safra da história do cerrado baiano, que também registrou o fato inédito de promover o embarque de cinco navios de milho para o exterior. Apesar do avanço na área plantada, a participação do cereal na matriz produtiva regional está abaixo do tecnicamente preconizado para a rotação de culturas.
“A falta de armazéns da CONAB para, inclusive, regular o preço, gera uma instabilidade grande para o produtor. Há um projeto parado para construção de um Complexo de Armazenagem em Luís Eduardo Magalhães. Os armazéns da CONAB são necessários para exercer as políticas públicas de garantia de preços mínimos e também, para atendimento às regiões mais necessitadas nos projetos sociais”, disse o vice-presidente da Aiba, Sérgio Pitt.
Pitt defendeu ainda a necessidade de incrementar as operações de compra e venda de contratos futuros de milho, a exemplo do que já acontece com a soja e o algodão. “É preciso fomentar as operações de mercado futuro com contratos de milho. Quando o produtor consegue travar o preço do milho na safra, ele tem mais segurança para definir o plantio”, disse.
De acordo com Pitt, grande parte da margem que o produtor de milho poderia ter, fica “na estrada”. Rodovias precárias ou inexistentes, o consequente alto preço do frete e o risco que elas causam tanto ao patrimônio quanto à vida humana, tiram a competitividade do produtor de milho no Brasil. “É preciso melhorar da malha rodoviária, em especial, as BAs e estradas vicinais”, afirmou. Na véspera do período de chuvas no cerrado baiano, a trafegabilidade – ou a falta desta - das estradas estaduais e vicinais se tornou a grande preocupação dos agricultores.
Dados apresentados na reunião da Abramilho na Faeb, com base nos levantamentos da Fundação Dom Cabral, indicam que o cerrado brasileiro, hoje a principal fronteira agrícola para a expansão do milho, é limitado para atender à demanda crescente, quando se consideram as áreas disponíveis, as áreas que não podem ser plantadas, como APPs, e as áreas sem as condições pluviométricas e de relevo necessárias ao plantio do grão.
As alternativas seriam incrementar produtividade nas lavouras e promover a safra de inverno, ou safrinha. Além disso, aproveitar áreas de pastagens, fomentando a melhoria da relação animal por hectare no país, e ocupando as degradadas com o grão.
Com janela de chuva concentrada em cinco meses do ano, na região Oeste da Bahia o plantio do milho começa em torno de 15 de novembro, e a colheita, em 15 de marco. “Sem irrigação, é impossível aos produtores fazer a safrinha. Por isso defendemos a otimização do uso do insumo água, com expansão dos programas de irrigação. A proposta é criar uma outorga sazonal, para uso da água em irrigação durante os períodos de maior vazão dos rios”, explica Sérgio Pitt, da Aiba. Ele argumenta, ainda, que a ampliação do horário reservado para irrigação de 8,5 para 12 horas diárias, maximizando a utilização da energia elétrica, melhora a curva da demanda consumida e pode tornar a produção de milho mais eficiente no cerrado da Bahia, aumentando a oferta do cereal.
No momento em que todos os olhos se voltam para o cerrado brasileiro, como o grande celeiro agrícola do mundo, o presidente da Federação da Agricultura do Ceará, o agrônomo Flavio Sabóia destacou a necessidade da Emprapa fazer chegar ao produtor do semiárido tecnologias adaptadas a essas regiões. “O Ceará tem 65% da água armazenada do Nordeste e hoje registra trabalhos exitosos com variedade de milho em Petrolina. Por que não expandi-las? Poderíamos nos tornar auto suficientes e não precisar de armazém para trazer o milho do Matogrosso, numa situação como a que estamos vivendo agora”, disse Sabóia, referindo-se à seca que castiga o nordeste este ano.
A Aiba sugeriu a implantação de um programa governamental que introduza tecnologias em semente de milho, herbicidas e assistência técnica para os pequenos produtores e agricultores familiares no semiárido da Bahia e do Brasil. “O pequeno não planta a semente, ele planta o grão. Daí vem a lagarta, a erva daninha e a estiagem. Não adianta dar seguro rural para ele, e sim, tecnologia e assistência técnica, para acabar com a vulnerabilidade”, concluiu Pitt.
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