Agrotins 2021 traz um panorama do cenário atual da produção e comercialização de arroz no Tocantins

Embrapa lançará na Agrotins a BRS A704, nova cultivar de arroz irrigado com grande potencial de mercado

15.06.2021 | 20:59 (UTC -3)
Vania Machado

A tendência do arroz tanto no mercado mundial quanto brasileiro será o tema da primeira palestra do segundo dia de programação da Feira Agrotecnológica do Tocantins - Agrotins 2021 100% Digital. A palestra ocorrerá na quarta-feira, 16, às 9h10, e terá a participação do chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Daniel Fragoso; e do produtor Alfredo Júnior.

Daniel Fragoso defende que o cenário atual exige uma maior integração entre as indústrias do arroz e os orizicultores, o que, para ele, é um passo fundamental para se construir a fidelidade dos clientes.

Ele explica que, conforme pesquisas realizadas com proprietários de indústrias beneficiadoras de arroz, no Tocantins, existe sazonalidade de oferta de arroz em casca do produtor para a indústria arrozeira. “Considerando que, no Tocantins, o contingente populacional, em 2020, é de 1,5 milhão de habitantes; que o consumo per capita de arroz polido é de 50,6 kg/ano; que há renda em torno de 70% na transformação do arroz em casca para beneficiado, chega-se à conclusão de que para o autoconsumo, o Estado necessita de 80 a 90 mil toneladas de arroz beneficiado por ano. Na safra 2020/21, o Tocantins produziu aproximadamente 700 mil toneladas de arroz em casca, que se traduz em cerca de 490 mil toneladas de arroz beneficiado, apresentando uma produção excedente em 400 mil toneladas”, explica.

Esse excedente é destinado ao abastecimento das regiões Norte e Nordeste, mais precisamente os estados do Maranhão, Ceará, Piauí e Pará. “O arroz tocantinense é competitivo, nesses estados/regiões, com o arroz da região Sul do país, devido sua localização geográfica. O diferencial está no menor custo do frete. Mas apesar dessa característica exportadora, a produção tocantinense não atende plenamente às necessidades do parque industrial arrozeiro instalado, que parte do ano trabalha de forma ociosa por falta de matéria-prima. Este fato, no futuro, poderá ser atendido com o aumento da produção de arroz não só no sistema irrigado como também do arroz de terras altas”, finaliza.

Ponto de vista do produtor

Com uma área plantada de 1.800 hectares, distribuídas em duas propriedades (Pium e Lagoa da Confusão), o produtor Alfredo Júnior finalizou a colheita no último dia 10 de maio, com uma média de 110 sacas por hectare. Durante a palestra, ele falará dos desafios para o setor do ponto de vista do produtor. “Hoje, o nosso maior desafio é o preço, pois não temos garantias de venda e incentivos. E tem também as doenças que atacam a lavoura, mas isso já melhorou muito graças ao trabalho da Embrapa que vem desenvolvendo cultivares com mais resistência e maior produtividade também”, pontua.

Para obter uma boa produção, ele tem investido em tecnologia de ponta, utilizando máquinas com sistema GPS automatizadas. Assim, no preparo do solo, com mapeamento da área, ele consegue distribuir os nutrientes adequadamente; na pulverização das lavouras, a máquina tem controle automático de abertura e fechamento de bico, ligado ao sistema de telemetria, que impede a sobreposição em áreas já tratadas, desligando bicos que estejam passando por esses locais. “Tudo isso proporciona mais agilidade e precisão. Investir em tecnologia é necessário para ter menos perdas. Mas esse investimento em maquinário é alto, assim como o custo da produção tem aumentado em virtude do aumento dos preços dos insumos”, destaca.

O produtor acredita que, se houvesse um incentivo fiscal para os produtores semelhante ao concedido à indústria, no que diz respeito às vendas para o mercado externo, os ganhos seriam maiores e haveria um equilíbrio no mercado interno também. “O mercado consumidor local não consome tudo o que a gente produz. O excedente temos que vender para fora, pagando um imposto alto. Enquanto que a indústria local, ao comercializar esse arroz para fora, paga um imposto bem menor. E o nosso custo de produção é alto, principalmente para quem investe em tecnologia. Então, precisa equilibrar isso, para melhorar tanto para consumidor final quanto para o produtor, porque hoje apenas a indústria está tendo lucro”, finaliza.

Lançamento

Também na quarta-feira, 16, às 13h10, a Embrapa lançará na Agrotins 2021 100% Digital, a BRS A704, nova cultivar de arroz irrigado com grande potencial de mercado. Ela tem ciclo médio, sendo cerca de 128 dias da emergência à maturação dos grãos, podendo variar até 135 dias (o tempo entre a emergência e o florescimento fica em torno de 96 dias). 

Em todos os ensaios da rede nacional de pesquisa Melhor Arroz da Embrapa, a cultivar apresentou excelente potencial produtivo, atingindo 14.986 kg por hectare (observado no Rio Grande do Sul, na safra 2019/20), com produtividade média de 9.414 kg por hectare.

A BRS A704 tem ampla adaptabilidade, o que permite o cultivo nas diferentes regiões do Brasil, sendo recomendada para os estados de Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. 

A variedade é tipo longo fino e de qualidade premium. É resistente às principais doenças do arroz e apresenta tolerância ao acamamento, mesmo em altas doses de adubação nitrogenada (até 150 kg N/ha), o que contribui para maior produtividade de grãos, baixa porcentagem de área gessada e elevado rendimento de inteiros, com média de 67%, superior à desejada atualmente pela indústria (62%). Isso permite, ainda, atraso na colheita até os 15% de umidade, o que assegura o produtor contra prejuízos provocados pela queda abrupta na porcentagem de grãos íntegros que algumas cultivares do mercado apresentam.

A nova opção para arroz irrigado foi desenvolvida por meio de pesquisa da Embrapa Arroz e Feijão com a cooperação da Sementes Simão, da Uniggel Sementes e da Brazeiro Sementes.

A Agrotins 2021 100% Digital ocorre de 15 a 18 de junho e será realizada pela plataforma www.agrotins.to.gov.br.

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