Aprosoja participa de fórum sobre futuro do agronegócio
Parte da programação da Expoagro deste ano, objetivo é debater o setor sob diversos pontos de vista
A incidência do greening (huanglongbing/HLB) permanece alta no parque citrícola de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o levantamento do Fundecitrus 2017, divulgado em junho, a doença contamina 16,73% das plantas do parque, o que representa 32 milhões de árvores doentes.
No entanto, os citricultores que têm adotado o pacote de manejo completo do greening estão conseguindo manter a doença em incidências baixas em suas propriedades. Conheça nesta matéria a história de duas famílias que estão driblando os desafios da doença e mantendo a produtividade e qualidade de seus pomares.
TALHÃO “PILOTO”
Percorrendo os pomares de Antônio Carlos Gerolamo e seu pai, na citricultura desde meados da década de 1980, nota-se facilmente o esmero. A baixa taxa de queda e a alta produtividade são indícios consistentes de que a incidência de HLB, ao menos por ora, está controlada.
Os que pensam ser sempre possível melhorar nunca estão satisfeitos. Se você estiver em Tabatinga (SP), na região Centro, uma das mais afetadas – 26,97% de plantas doentes de acordo com o levantamento do Fundecitrus de 2016 –, essa mentalidade pode ser decisiva para sua sobrevivência.
Dos 120 mil pés de laranja das variedades Hamlin, Pera eValência, distribuídos em três propriedades no município, 16 mil pés de laranja Pera estão no talhão que os Gerolamo convencionaram chamar de “piloto”, formado há três anos.
Como todo projeto passível de receber essa nomenclatura, o novo talhão, em relação aos demais, incorpora práticas que, em caso de sucesso, ou seja, se capazes de tornar o manejo ainda mais eficaz, serão replicadas nas plantações futuras.
No talhão “piloto”, aumentou-se o rigor no controle do psilídeo Diaphorina citri, que transmite a bactéria Candidatus Liberibacter, agente causal do HLB, por meio da aplicação de inseticidas sistêmicos (drench) e pulverizações mais frequentes em toda a área plantada, de modo que a parte interna do talhão e as bordas recebem o mesmo tratamento. “A pulverização para controlar o psilídeo não é cara”, afirma Gerolamo.
Ele conta que a sanidade do pomar “piloto” foi beneficiada pela decisão do vizinho de erradicar o pomar abandonado. “Quando fui informado, pedi a ele que me permitisse pulverizá-lo antes a fim de evitar que os insetos migrassem para o meu talhão, e ele consentiu”, diz.
Além das laranjas Pera que Gerolamo destina ao mercado de fruta fresca, ele vem colhendo o êxito que todo citricultor almeja atualmente: a contenção do avanço da doença. Nesses três anos, foram apenas 380 pés erradicados, todos na borda.
A incidência acumulada de pouco mais de 2% no período o deixou animado. Em outubro, as ações do talhão “piloto” passam a reger o manejo de HLB nos novos plantios. São elas que vigorarão no talhão de 35 a 40 mil pés de laranja Pera Rio que ele e o pai vão plantar.
SEGUINDO OS DEZ MANDAMENTOS
Há primor em cada detalhe. Nas cercas pintadas, na horta ao redor da casa. No pequeno coqueiral para baixo dela. Na preservação da mata da nascente. Nos pomares. O aconchegante sítio dos irmãos José Aparecido e Mário Finoto, na citricultura desde 1969, faz jus ao nome da cidade, Paraíso (SP), no Norte do Estado. As condições no entorno da propriedade, que favorecem o alastramento do HLB, nã
Num raio de cinco quilômetros, alguns pomares com controle inadequado. A dois quilômetros, murtas no cemitério do município. Nas imediações, diversas chácaras, todas ou quase todas com pés de limão ou de mexerica Ponkan, evidentemente sem controle químico do psilídeo. No ano passado, em duas delas, o Fundecitrus realizou a soltura das vespinhas Tamarixia radiata, inimigas naturais do Diaphorina citri que ajudam a diminuir a população do inseto.
Para a manutenção da incidência de HLB em níveis baixos nos 25 mil pés das variedades Hamlin, Valência, Valência Americana, Natal e Ponkan, a família Finoto intensificou o controle, com pulverizações mais frequentes nas bordas dos pomares em formação e mais jovens e aplicação de inseticidas sistêmicos (drench) nos pomares com até dois anos de idade.
Mário e Rogério Roberto, filho de José Aparecido, relatam que eles e um vizinho que também cuida corretamente das suas árvores, tiveram recentemente uma conversa cordial com o dono de uma chácara nas proximidades que mantinha cerca de 80 pés de limão Taiti sem o controle adequado.
“Ele falou para nós: 'eu entendi perfeitamente o problema de vocês, mas não tenho dinheiro, se vocês arcarem com os custos, podem arrancar'. Nós concordamos e resolvemos a situação, tudo de maneira amistosa”, diz Mário.
Todo esse empenho, segundo eles, tem valido a pena. Em média, são erradicados aproximadamente 250 plantas por ano, equivalente a 1% do total de árvores.
Integrantes do Alerta Fitossanitário – Região de Bebedouro (SP) – desde 2016, os Finoto, acerca do programa do Fundecitrus que organiza informações sobre a população de psilídeo e o surgimento de brotações nas propriedades cadastradas em 12 regiões monitoradas, têm a mesma opinião dos Gerolamo, inseridos no Alerta – Região de Araraquara (SP) – desde a implantação da ferramenta, em 2013.
"É uma ferramenta muito fácil de usar”, comenta Rogério. “Como nós temos um calendário, os dados do sistema online servem de base para antecipamos ou atrasarmos alguma pulverização, para a aplicação acompanhar a população de psilídeo naquele momento”, explica Mário Finoto, exatamente como faz Antônio Carlos Gerolamo. É mais um dos pontos que essas duas famílias de citricultores precavidos têm em comum.
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