Açúcar: efeitos do clima adverso no Centro-Sul podem reduzir a safra 2024-25
Ainda que as chuvas tenham melhorado na primeira quinzena de janeiro, a segunda metade do mês não conseguiu compensar a queda da umidade do solo
14.02.2024 | 16:14 (UTC -3)
Claudio Sá
O clima sempre desempenhou um papel importante no mercado de açúcar. Seu impacto foi fundamental nos últimos dois ou três anos, especialmente após a significativa quebra de safra do Brasil em 2021/2022. Mais recentemente, as condições climáticas adversas no Hemisfério Norte reforçaram o suporte do mercado. É o que indica a nova análise da Hedgepoint sobre as perspectivas na safra 2024/25.
“O nível de 23,8c/lb observado no início de fevereiro para o açúcar bruto é cerca de 40% mais alto do que a média de 23 anos considerando o mesmo período. Para o açúcar branco, a diferença é maior: os preços estão atualmente 45% mais altos. Isso deixa explícito que o mercado está navegando em um cenário muito mais apertado, com maior demanda e interrupções no fornecimento. Nesse contexto, torna- se essencial compreender os efeitos do clima sobre a disponibilidade futura”, explica Lívea Coda, analista de Açúcar da Hedgepoint Global Markets.
“Conforme discutido em relatórios anteriores, nossos modelos apontaram que a produção de cana no Centro-Sul do Brasil pode sofrer uma redução de pelo menos 6% em 24/25, induzindo uma queda de quase 655Mt para 620Mt. No entanto, se levarmos em conta a tendência histórica, essa variação se torna 7,2% e pode levar a 611Mt”, destaca a analista.
Embora as chuvas tenham melhorado durante a primeira metade de janeiro, a segunda metade apresentou um resultado contrastante, levando a um desempenho insuficiente no mês para contrabalançar a diminuição da umidade do solo observada em dezembro. Pelo menos em algumas regiões.
Conforme pontua Lívea, “a dificuldade em estimar uma redução adicional na produção do Centro-Sul se baseia no fato de que as chuvas foram bastante irregulares e dispersas em toda a região. Enquanto Ribeirão Preto, responsável por cerca de 14% da produção total de cana do Brasil, recebeu precipitação bem abaixo da média e permanece no limite inferior dos valores históricos, São José do Rio Preto está perto da média. Estima-se que essa última região seja responsável por 10% da disponibilidade total de cana no Brasil e, juntamente com Araçatuba e Bauru, que respondem por 6 e 5% do volume total de cana, alivie algumas das preocupações”.
Portanto, algumas regiões foram mais afetadas do que outras e, em geral, a umidade do solo não é animadora.
No entanto, o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) da região, que mede a capacidade da planta de absorver a luz solar, melhorou durante o mês. Esse índice é muito usado para medir e monitorar a saúde das plantas, pois as culturas que têm uma melhor absorção da luz solar durante os estágios iniciais de desenvolvimento podem melhorar a produtividade.
“Combinando o NDVI com o fato de que as chuvas e a umidade do solo estavam no caminho certo até novembro, ainda nos sentimos confortáveis em manter uma visão mais baixista para preços, com 620 Mt para a próxima temporada”, afirma.
Porém, se fevereiro e a primeira quinzena de março também apresentarem precipitação abaixo da média, poderemos ser obrigados a adotar as nossas estimativas mais baixas. Isso seria altista para o mercado.
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