Abitrigo quer revisão das prioridades para expansão do trigo no Cerrado

Entidade encaminhou ofício à ministra Tereza Cristina em que pede reavaliação das ações em prol do aumento de produção do grão no Brasil

08.02.2021 | 20:59 (UTC -3)
Cultivar com informações de Ana Flávia Gimenes

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo)  encaminhou ofício ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimenot (Mapa), em que pede a revisão dos projetos apresentados pela Embrapa para a cultura do trigo. A reivindicação da entidade é para que sejam revistas as prioridades para a expansão da cultura no Cerrado, tendo inclusive apresentado uma proposta para este fim, que inicialmente contaria com o apoio do Mapa.

A Abitrigo manifestou surpresa com a ausência de prioridade e não aprovação do projeto. A entidade lembrou a dependência internacional do Brasil para o abastecimento do grão, estimada em 60% do consumo interno. "O Brasil, mesmo sendo um grande produtor agrícola mundial, tem o trigo como o único grão importado. Apesar de possuir grande diversidade alimentar, o País ainda tem no trigo sua principal fonte energética, respondendo por 18% das necessidades da população brasileira, superando o arroz e o feijão", diz a nota. 


A íntegra do comunicado da Abitrigo

"Ao longo do ano de 2020, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) empenhou-se em contribuir com a Embrapa para a elaboração de uma proposta para expansão do trigo para a região do Cerrado brasileiro. A Associação foi informada de que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apoiava e sinalizava dar prioridade ao projeto. Mas, recentemente, chegou ao conhecimento da Abitrigo, com surpresa, que o MAPA não priorizou o projeto e ele não foi aprovado.

Como uma entidade das mais conceituadas em nível mundial, a Embrapa domina os caminhos da expansão agrícola e sua atividade tem respaldado de forma inequívoca o sucesso da agricultura nacional. Este projeto para o trigo, apesar de extremamente detalhado, representou um custo irrisório dentro do orçamento da União.

A entidade lamenta a decisão do Ministério, sem conseguir entender a razão do “mais importante componente da alimentação dos brasileiros” não tomar a vanguarda dos projetos de expansão da política agrícola nacional.

“Encaminhamos na semana passada um ofício ao MAPA solicitando, em nome do interesse nacional, a revisão das prioridades dos projetos, recentemente apresentados pela Embrapa. Solicitamos que esse assunto volte a ser prioridade, visando a expansão do trigo no Cerrado brasileiro, uma ação que, aos olhos da Abitrigo, é imprescindível para reduzir a vulnerabilidade nacional, referente à dependência do País do trigo internacional para abastecer o mercado interno”, destaca o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa.

Dependência internacional

O trigo é uma das vulnerabilidades do Brasil, acentuada pela pandemia, como foi possível notar ao longo dos acontecimentos de 2020. A Abitrigo entende que o País não pode continuar a depender de importações para atender a quase 60% de seu consumo interno. Isso representa uma falha grande na segurança alimentar para a sociedade nacional.

O trigo é o principal cereal da humanidade, chegando a responder nos países de maior consumo por 40% da necessidade alimentar das populações. Este precedente faz com que o grão seja considerado o principal elemento da política agrícola de muitos países, como a Rússia, que por meio de políticas governamentais, numa decisão histórica de garantir a segurança alimentar de sua população, tornou o país, que em 1992 era dependente de importações, autossuficiente, sendo hoje o maior exportador do cereal do mundo.

O Brasil, mesmo sendo um grande produtor agrícola mundial, tem o trigo como o único grão importado. Apesar de possuir grande diversidade alimentar, o País ainda tem no trigo sua principal fonte energética, respondendo por 18% das necessidades da população brasileira, superando o arroz e o feijão. " 

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