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As safras recordes e as novas posições conquistadas pelo País no ranking mundial de produtores e exportadores deram a tônica do 12° Congresso Brasileiro do Algodão, que aconteceu de 27 a 29 de agosto, em Goiânia, GO. O evento também bateu recorde de participantes com mais de dois mil inscritos de todo o Brasil, além de representantes de outros 20 países. O congresso é realizado a cada dois pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio da Embrapa e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). Sete unidades da Embrapa estiveram presentes no congresso que é considerado o maior evento da cotonicultura brasileira.
A programação do 12º CBA incluiu seis plenárias, 24 salas temáticas, cinco workshops, e mobilizou 107 palestrantes, dentre nacionais e internacionais. Nesta edição, a comissão científica contabilizou 175 trabalhos inscritos, dos quais 76 foram da equipe da Embrapa. Além dos tradicionais pôsteres, eles também foram apresentados em formato digital.
Além Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), também levaram tecnologias para o evento a Embrapa Territorial (Campinas, SP), a Cerrados (Brasília, DF), Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), Agropecuária Oeste e Instrumentação (São Carlos, SP).
Para o chefe-geral da Embrapa Algodão Liv Severino, o evento é uma oportunidade de apresentar as novidades da pesquisa focadas para a aumentar a sustentabilidade do setor, assim como prospectar novas demandas de pesquisa junto aos principais atores dessa importante cadeia produtiva do agronegócio nacional, além de fortalecer as parcerias que já estão em andamento. “O sentimento dos produtores é que nós tivemos um crescimento muito expressivo. Nos últimos cinco anos, o Brasil se consolidou como o segundo maior exportador mundial de algodão, mas junto com isso estão percebendo a grande responsabilidade e o grande desafio que vai ser manter esse espaço que foi conquistado. E eles vão precisar do nosso apoio nesse sentido. Hoje a produção do algodão está muito mais complexa e sensível a vários fatores como crise econômica internacional, a guerra comercial entre os EUA e a China, que pode ter um impacto muito grande na produção, no preço e no consumo de algodão, então essa é uma grande preocupação dos produtores”, avalia.
Um dos destaques da Embrapa no congresso foi a apresentação dos resultados da Rede de Pesquisa da Ramulária, que reúne empresas multinacionais e instituições de pesquisa com o objetivo de testar a eficiência de fungicidas contra a principal doença do algodoeiro nas principais regiões produtoras do país. “Apresentamos a performance dos principais fungicidas utilizados no controle da mancha de ramulária, os problemas que têm havido com a resistência destes fungicidas e estratégias de manejo para minimizar esses problemas. Com essas informações esperamos permitir ao produtor melhorar o seu programa de controle da doença e reduzir os custos com aplicações”, explica o coordenador da Rede na Embrapa, pesquisador Alderi Araújo.
A sustentabilidade do sistema de produção é outro tema de relevância para o atual contexto do agronegócio nacional. Pesquisa apresentada pela equipe da Embrapa comprova o aumento do estoque de carbono no solo no cultivo do algodoeiro em sistema de plantio direto. “Além de aumentar a produtividade de algodão e de acumular mais carbono no solo, o sistema plantio direto confere maior resiliência produtiva e subsídios para expandir o comércio mundial para uma sociedade cada vez mais exigente em processos produtivos sustentáveis”, afirma o pesquisador da Embrapa Algodão Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, que coordena pesquisas com sistemas conservacionistas de produção no cerrado brasileiro.
Pesquisadores da Embrapa Territorial apresentaram soluções de inteligência e gestão de monitoramento territorial na cotonicultura para melhorar a logística da cadeia produtiva, alertar para os momentos de maior favorabilidade à ocorrência de doenças e mensurar a contribuição dos imóveis rurais para a preservação da vegetação nativa. Estudos desenvolvidos no Oeste da Bahia revelaram que as propriedades dedicadas ao segmento destinam, em média, 40% de suas áreas para a preservação da vegetação nativa. Nessa mesma região, geotecnologias começam a ser aplicadas para indicar, a partir de dados meteorológicos, os momentos de maior favorabilidade à ocorrência da mancha da ramulária e racionalizar a adoção de medidas de combate à doença, uma das principais ameaças à produtividade dos campos de algodão. A ideia é expandir esse trabalho para outras regiões do país com o objetivo de compreender e encontrar formas de incrementar a competitividade da cadeia produtiva.
A equipe da Embrapa Cerrados apresentou a tecnologia de bioanálise de solo (BioAS), que ajuda a avaliar a saúde dos solos. Com essa inovação, os produtores podem solicitar aos laboratórios análises químicas e físicas dos solos, e ter acesso a informações referentes a maquinaria biológica do solo, constituída por microrganismos, raízes e fauna. Com essa informação disponível, eles poderão monitorar a saúde do solo de suas propriedades. Uma das principais vantagens da tecnologia é antecipar que tipos de mudanças ocorrem na matéria orgânica do solo em função do manejo adotado na propriedade. Trata-se de uma inovação alinhada ao objetivo de viabilizar tecnologias que promovam a sustentabilidade das atividades agrícolas com o equilíbrio ambiental.
Outros assuntos em destaque foram a gestão da adubação com foco em sistemas e ambientes de produção para otimizar o uso de fertilizantes; manejo de plantas daninhas, nematoides, pragas e doenças; controle biológico; desempenho de cultivares de algodão; eficiência em pulverização; uso de drones na agricultura, problemas fitossanitários emergentes; e caminhos e soluções para o bicudo do algodoeiro. Além desses temas, no estande da Embrapa foram apresentados o portifólio de cultivares de algodão, implementos para facilitar o plantio do algodão em sistema orgânico, bem como foram distribuídas publicações técnicas entre os visitantes.
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