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Três pontos principais constatados durante o V Circuito Tecnológico têm preocupado a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja): as pragas que atacam as lavouras, as escolhas para a segunda safra e a qualidade das sementes vendidas aos produtores. Sobre essas impressões trazidas do campo, o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, conversou com jornalistas na manhã desta quinta (31), na sede da associação.
Segunda safra – As opções para a segunda safra têm inquietado os produtores, quase nada de insumos para o plantio de milho foram comprados. Isso significa que haverá uma redução na área de milho e a segunda safra com soja também vai acontecer em algumas áreas do estado. Segundo Fávaro, a opção pela soja é devido à viabilidade econômica do cultivo, mas também apresenta restrições agronômicas. “Não dá para abrir mão de fazer a segunda safra, o produtor tem essa estrutura e precisar fazer. Mas, se na teoria o problema está na soja em cima de soja, também é essa cultura a única que dá viabilidade econômica, inclusive para combater a praga da vez, a Helicoverpa. Então não é de todo mal essa opção, mas é preciso atenção.” É possível que Mato Grosso plante na segunda safra cerca de um milhão de hectares de soja.
A pesada redução no uso de insumos daqueles que optaram por milho na safrinha ocorre porque a cultura não paga sua própria conta. Há dois anos o produtor tem investido em alta tecnologia no milho, o que fez a produção saltar de 7 para 22 milhões de toneladas. Para o presidente, o investimento valia a pena quando o preço pagava a conta, principalmente em razão dos problemas vividos pelo Rio Grande do Sul e Estados Unidos nos últimos anos. Com os estoques regularizados e com a superprodução de Mato Grosso, o preço caiu. “O que se espera para esta segunda safra são dois tipos de plantio: um com alta tecnologia e outro com baixa tecnologia. A produção de milho será menor, tanto por conta da redução de área quanto pela redução de tecnologia.”
Qualidade das sementes – A qualidade das sementes utilizadas no campo também está assustando alguns produtores e trazendo preocupações para a associação. Muitos casos de atraso na entrega, sementes erradas e com problemas na germinação foram relatados pelos produtores. “Existem empresas que venderam antecipado há seis ou oito meses ao produtor e ele aguarda chegar a variedade pedida, mas a empresa manda outra, justificando problemas”, lembrou Fávaro. Cerca de 800 amostras de sementes foram coletas durante o Circuito Tecnológico e serão base para estudos interno da Aprosoja, e também, materiais para uma pesquisa sobre qualidade fisiológica e sanitária de sementes realizada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), de Minas Gerais.
Ainda, segundo o presidente da Aprosoja, como os casos acontecem individualmente, é complicado tomar uma atitude geral. “A semente praticamente triplicou de preço nos últimos dois anos. Se você começa sua lavoura com falta de plantas por metro, não tem como ter uma boa safra.”
Pragas – Outro alerta vindo do campo é em relação a pragas e doenças, que atuam de modo severo e, até mesmo, causando danos irreversíveis para a lavoura. Nesse ponto, a lagarta Helicoverpa tem sido a preocupação da vez, a exemplo da situação vivida pela Bahia no ano passado. Segundo Carlos Fávaro, Mato Grosso já tem enfrentado problemas desde a safra anterior, e com a intensificação neste ano, criou-se um alarmismo que tem dado espaço a ações oportunistas. “Percebemos que as revendas estão se aproveitando da preocupação do produtor e vendendo produtos indiscriminadamente e com fórmulas mirabolantes, sendo que o correto seria doses razoáveis e recomendadas por uma consultoria técnica.”
O alarmismo e a dificuldade em lidar com a praga é maior nas áreas onde a assistência técnica é feita por revendas, como no caso de pequenas propriedades que ficam no entorno da BR-163. Já naquelas onde há uma consultoria especializada e apta, o corpo técnico não se contamina com alarmismo, a exemplo de propriedades na região Oeste. Para o diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, o monitoramento é a palavra chave e é essa ação que permitiu constatar a presença da Helicoverpa durante a entressafra. “Nós monitoramos o período entre as safras, verificamos a lagarta no milho e no sorgo que agora está na soja. O produtor precisa monitorar, ter uma assistência técnica e fazer aplicações na medida.” Ainda segundo Nery, a importância dos profissionais no processo é extrema. “Temos um projeto piloto em Sapezal. Foi formado o Grupo Papagaio onde vários produtores e técnicos estão envolvidos no manejo da Helicoverpa.”
Ambos ainda pontuaram que a ferrugem também é motivo de atenção. “Recentemente tivemos a liberação de uma nova molécula para a ferrugem o que é necessário, porque a praga vai se adaptando e criando resistência aos produtos”, comenta Nery.
Dados - Os dados completos colhidos durante o V Circuito Tecnológico estão sendo tabulados e deverão ser divulgados para a imprensa no final de novembro.
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