Vespa que contaminava biofábrica da Promip é convertida em biodefensivo

Parasitoide atacava a linha de produção da biofábrica da empresa; tornou-se objeto de pesquisa que resultou em novo bioinsumo para proteção de grãos, farinhas, cacau e tabaco

20.01.2022 | 13:29 (UTC -3)
Fernanda Campos

Uma vespa parasitoide de nome científico Habrobracon hebetor causou uma série de transtornos à empresa Promip, referência nacional em defensivos agrícolas de base biológica e em manejo integrado de pragas (MIP). Há cerca de três anos, o inseto provocou contaminações na biofábrica da empresa dedicada à multiplicação de outro inseto (Anagasta kueniella), matéria-prima central de mais dois agentes macrobiológicos: Trichogramma pretiosum (Trichomip) e Orius insidiosus (Insidiomip).

Monitorada e levada a laboratório para estudos macrobiológicos, logo após a Promip conseguir debelar a contaminação da biofábrica, a Habrobracon hebetor passou de ‘vilã’ da manufatura de bioinsumos a uma solução biológica de ponta, voltada ao controle natural de pragas nas culturas de tabaco e grãos armazenados, inclusive milho, soja e trigo. A vespa atua, agora, como o mecanismo de ação do bioinseticida Bracomip, que acaba de ser lançado.

“Está no DNA da Promip a percepção de que a natureza fornece as melhores alternativas para solucionar entraves de ordem agrícola com origem na própria natureza”, enfatiza Marcelo Poletti, engenheiro agrônomo, entomologista e cofundador da Promip, uma empresa nascida startup, quinze anos atrás, hoje consolidada entre as forças do mercado brasileiro de bioinsumos.

Marcelo Poletti, entomologista e cofundador da Promip
Marcelo Poletti, entomologista e cofundador da Promip

Alvos biológicos

De acordo com Poletti, o novo Bracomip conta com recomendações para controle de diferentes alvos biológicos, em várias culturas. Segundo ele, a vespa Habrobracon hebetor age como um potente inimigo natural das pragas traça-do-tabaco (Ephestia elutella), traça-do-cacau, (Ephestia cautela), traça-da-farinha (Ephestia kuehniella), traça-indiana-da-farinha (Plodia interpunctella) e traça-dos-cereais (Sitotroga cerealella).

“A traça-do-tabaco, por exemplo, provoca danos diretos e indiretos, com prejuízos econômicos relevantes à produção de tabaco. Mariposas da traça entram nos paióis e colocam ovos. Larvas eclodem e se alimentam da lâmina das folhas de tabaco curado. Em alta infestação, os ataques são intensos a ponto de sobrar somente nervuras e talos das folhas”, exemplifica Poletti.

Conforme o executivo, o novo Bracomip mostra eficácia também na proteção de itens agrícolas armazenados a granel e ensacados: grãos e sementes de trigo, milho, sorgo, aveia, arroz, centeio e cevada, além de amêndoas de cacau e farinhas de trigo e milho.

“Em todos os casos, é necessário fazer monitoramento preciso dos alvos biológicos de Bracomip. A primeira liberação das vespas parasitoides de Bracomip deve ocorrer, nas doses recomendadas em bula, tão logo constatada a presença de pragas, e repetida a cada duas semanas, por dois meses. Ou até que se confirme o controle total da infestação”, explica Poletti.

Ainda conforme o executivo, o novo Bracomip recebeu registro dos órgãos reguladores no mês de setembro último e está disponível para comercialização.

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