Vazio sanitário da soja inicia sábado no Paraná

A prática visa reduzir a incidência do fungo causador da ferrugem-asiática, cujo controle é crucial para a manutenção da produtividade das lavouras de soja

07.06.2023 | 12:26 (UTC -3)
Cultivar, com informações Adapar e Embrapa Soja

Inicia-se neste sábado (10/6) o vazio sanitário da soja no Paraná. Dura até o dia 10 de setembro, conforme estabelecido pela Portaria 781/2023, do Ministério da Agricultura. É um período de 90 dias em que proibido cultivar ou manter plantas vivas de soja no campo. Objetiva reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática (Phakospora pachyrhizi) durante a entressafra. A medida diminui a incidência e retarda o surgimento da doença.

Renato Rezende Young Blood, gerente de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), destaca a importância de todos os agricultores aderirem a esta prática em suas propriedades. Segundo ele, o vazio sanitário beneficia diretamente o agricultor, que terá a doença cada vez mais tarde, necessitando menos aplicações de fungicidas, além de ajudar a preservar a eficácia desses produtos para o controle da ferrugem.

A efetividade da medida sanitária está atrelada ao monitoramento rigoroso de todos os locais que possam abrigar plantas vivas de soja, com eliminação imediata caso alguma seja encontrada. Além das lavouras em pousio, cultivos de inverno como trigo, aveia e cevada também devem ser vigiados. O mesmo vale para áreas em beiras de rodovias e estradas de acesso às propriedades. Se identificadas plantas voluntárias de soja, a eliminação deve ser prontamente realizada.

A Adapar tem a função de fiscalizar o cumprimento desta normativa no território paranaense, responsabilizando e aplicando as penalidades previstas em legislação aos produtores que não efetuarem a erradicação das plantas vivas de soja.

De acordo com informações da Embrapa Soja, desde sua introdução no Brasil, em 2001, a ferrugem-asiática da soja, é a mais severa doença da cultura. Segundo levantamentos do Consórcio Antiferrugem, a doença pode levar a perdas de até 80%, se não for controlada, enquanto, os custos com o controle da ferrugem e de outras doenças para os agricultores no Brasil, excedem US$ 2 bilhões por safra. O fungo é capaz de se adaptar às estratégias de controle, seja pela perda da sensibilidade aos fungicidas ou da “quebra” da resistência genética presente em algumas cultivares de soja, de modo que o número de soluções práticas para o controle da doença ainda é limitado.

De acordo com a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, as estratégias de manejo estão centradas em práticas como: o vazio sanitário, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeadura no início da época recomendada como estratégia de escape da doença, a adoção de cultivares resistentes, respeito ao calendário de semeadura e a utilização de fungicidas.

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