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A previsão de safra recorde de grãos e o crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) permitem projetar um robusto crescimento para o agronegócio em 2023. Atrelado ao cenário otimista está o desenvolvimento de tecnologia.
Os avanços, no entanto, levam tempo. Segundo Alexandre Alencar, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da divisão de Agricultura da Hexagon, as operações extremamente complexas e diferentes umas das outras fazem com que os passos da tecnologia no setor agropecuário, principalmente com relação a automação, sejam mais lentos.
“Eu sempre elenco no mínimo cinco etapas: pré-plantio, plantio, adubação, pulverização e colheita. São cinco diferentes tipos de autonomia exigidas para uma safra completa autônoma. A complexidade disso é enorme e não vai acontecer da noite para o dia”.
Antigamente, os problemas na lavoura, como doenças e pragas, por exemplo, eram detectados somente por meio de monitoramento visual: era preciso percorrer pessoalmente a área plantada, o que tornava o processo muito mais lento e bem menos eficiente. Hoje, tecnologias de detecção por imagem, como voos por drone, com infraestrutura que identifica de forma automática as falhas na lavoura, são capazes de percorrer grandes áreas em um tempo muito menor.
Segundo Alexandre, o uso de imagens permite um processamento mais complexo e avançado de dados, como consequência, um melhor planejamento para a execução das operações. “Atividades que antes eram feitas de maneira manual hoje estão sendo aceleradas pelo uso de imagens. E por trás disso temos a atuação de machine learning e inteligência artificial, que treinam algoritmos que permitem um monitoramento mais preciso das áreas”, explica.
A automação completa — em 100% das atividades no campo — ainda está longe de ser realidade, mas muitas ferramentas já permitem facilitar o dia a dia do produtor. “Um dos grandes sonhos dos produtores é ter a máquina totalmente independente da ação humana,executando as operações de forma independente. Isso não significa acabar com o emprego, mas aumentar a produção agrícola e deixar para as máquinas o trabalho físico enquanto o homem fica com o esforço intelectual”, explica Alexandre.
Apesar dessa realidade ainda estar distante, a agricultura já conta com vários elementos de semi-automação, e a tendência para o ano de 2023 é que os investimentos aumentem ainda mais.
“Na divisão de Agricultura da Hexagon, por exemplo, o piloto automático foi desenvolvido para ajudar na navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garantindo o alinhamento e minimizando a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais”, exemplifica.
Outra área que deve receber atenção em 2023 é o monitoramento remoto. “Antigamente você mandava um exército de pessoas para o campo, não só para executar a atividade, mas também controlar se estava tudo correto. Tínhamos uma série de coordenadores de campo, gerentes, líderes de frente, que tinham a missão de verificar se a operação estava sendo feita de maneira correta. Hoje a atividade, até pela expansão da agricultura corporativa, é gerenciada de forma remota”, conta Alexandre.
Por meio de salas de controle, no caso de grandes operações, ou pelo uso de dispositivos móveis, como tablets ou celulares, no caso de pequenos produtores, é possível coordenar as operações de forma mais eficiente.
“A gente costuma dizer que a sala de controle da agricultura é quase como uma torre de operações de um aeroporto.Você consegue ver as colhedoras e tratores trabalhando dentro de áreas específicas, e ao mesmo tempo acompanhar as movimentações de caminhões no transporte da matéria-prima para a indústria”.
Segundo o diretor, em 2023 os produtores devem investir cada vez mais na tecnologia, já que é possível manter uma melhor sincronização de todos os equipamentos e máquinas e resolver os problemas de maneira muito mais rápida e precisa.
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