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Diferente da maioria das regiões do Paraná, onde as lavouras de soja apresentam perdas em razão da irregularidade das chuvas no mês de janeiro e das fortes ondas de calor, as expectativas são bastante animadoras em Umuarama e imediações, principalmente para produtores que dominam os solos arenosos.
É o caso de César Formighieri, já em sua 24ª safra consecutiva no areião. Quem visita a Fazenda Santa Felicidade em Maria Helena, a 30 km daquela cidade, fica impressionado com a exuberância da cultura, mantida em 80 alqueires. No restante da área, César, que é referência no sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), faz a engorda de gado.
“Ainda tem gente que afirma que não dá para produzir soja na areia”, comenta o produtor, estimando uma produtividade média, este ano, ao redor de 150 sacas por alqueire. Em alguns talhões, o número deve ser maior. De qualquer forma, se tudo continuar correndo bem, ele deve manter a média dos últimos anos em sua propriedade, que é muito superior às 115 sacas da média da região.
“O equilíbrio do solo é fundamental”, afirma, salientando que isso está ao alcance de qualquer produtor para que tenha sucesso no arenito. Para isso, César vai além de todos os cuidados básicos, que incluem correção e adubação conforme análise criteriosa, a preocupação com o perfil do solo, a cobertura com capim braquiária – semeada após a colheita da soja – que é indispensável e cujos efeitos são sentidos tanto na superfície, mantida úmida por mais tempo após uma chuva, quanto no subsolo, com o intenso enraizamento daquela forragem, que rompe a compactação e favorece a infiltração de água, entre outros benefícios.
E, para aprimorar seus resultados, César se habituou a ir um pouco além. Ele não deixa de fazer, por exemplo, o exame de seiva da folha, algo que pouquíssimos produtores conhecem. “Trata-se de uma análise relativamente nova. Antigamente a gente fazia a coleta de folhas para exame, mas um eventual problema não poderia ser revertido. Agora, é como um exame de sangue mesmo, o laboratório contratado, que presta esse serviço, vem e coleta o material para análise e apresenta o resultado”, comenta o produtor.
Por sua vez, a análise metagenômica, também pouco conhecida dos produtores em geral, é feita regularmente, e consiste em avaliar o equilíbrio biológico do solo, com o levantamento de todas as espécies de bactérias e fungos existentes no local. “Ao final, a gente fica sabendo aqueles que são benéficos ou não”, acrescenta César, explicando que o técnico apresenta um laudo e vai explicando em detalhes. No último exame, para sua satisfação, o produtor foi informado que o solo da propriedade está bem equilibrado e não havia nada a ser corrigido.
Mesmo com esses detalhes, César ainda não faz agricultura de precisão. Ele integra o Grupo Mais de prestação de assistência técnica personalizada da Cocamar, e a propriedade é dividida em zonas de manejo, após ter sido feito o georreferenciamento, o que permite promover a calagem e a adubação conforme a necessidade de cada qual.
Com tanta experiência no arenito, César diz não ter receio de participar de concursos de produtividade, competindo até mesmo com os solos mais férteis. Ele já foi duas vezes campeão do SuperPrêmio de Produtividade da Cocamar, representando o arenito. No primeiro, em 2016, a média foi de 186 sacas por alqueire; no segundo, em 2019, 187,9 sacas.
“Conseguimos chegar a uma estabilidade de produção e para ter uma produtividade muito baixa só se tiver uma seca extrema, como se viu em 2021. Este não foi um ano perfeito, tivemos 20 dias sem chuva, depois mais 15 de novo, com temperaturas muito altas, e mesmo assim mostramos que há condições de produzir na areia, mesmo sem irrigação. E se colocasse uma irrigação, certamente seria maior a estabilidade e a produtividade”, finalizou.
O produtor César Formighieri faz parte de um grupo de estudos voltado ao cultivo de soja no arenito, mantido no câmpus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) em Umuarama, onde são feitos experimentos com irrigação.
Conforme explica o professor Dr. João Paulo Francisco, um dos objetivos é envolver os acadêmicos do curso de agronomia para que sejam, no futuro, profissionais bem-preparados e conhecedores dos desafios da cultura em regiões desafiadoras, como o arenito, bem como as soluções.
Assim, em um hectare semeado pelo terceiro ano em parceria com Formighieri, é possível avaliar o desempenho da lavoura que, na primeira safra, castigada pela estiagem, apresentou a média de 91,9 sacas por alqueire e, na segunda, 135,5.
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