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Cerca de 400 pessoas estiveram reunidas nesta terça-feira, dia 27, para a IV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale; entre os destaques, discussões sobre organização do setor produtivo para aumentar a competitividade no mercado
Agricultura não sobrevive se não for eficiente, ou seja, organizada e com representatividade. Esse foi o posicionamento do ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que abriu a programação de palestras da IV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (IV RCBPTT), em Cascavel, nesta terça-feira, dia 27. O evento nacional acontece anualmente e, em 2010, está sob a coordenação da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec).
Com o tema “Política Agrícola para o Agronegócio do Trigo no Brasil”, Stephanes falou aos cerca de 400 participantes, entre pesquisadores, técnicos e agricultores de todas as regiões produtoras de trigo e triticale no Brasil. “Quando se fala em custo sempre enfoco um tema polêmico, que é a questão dos insumos para a agricultura. Na área dos fertilizantes, por exemplo, o Brasil é um grande importador: 91% de potássio vêm de quatro outros países, sendo que, em 2009, pesquisas revelaram uma jazida em território nacional, considerada como a terceira maior do mundo”, argumentou o ex-ministro.
Segundo Stephanes, o custo de produção agrícola no País é um dos motivos pelo qual a produção triticultora vem perdendo espaço no mercado. “As condições para a produção são favoráveis, temos tecnologia em pesquisas, clima propício, mas ainda está faltando organização e representatividade no setor. Temos visto que todo o mercado é instável, mas no caso da produção agrícola brasileira, percebemos que no meio da oferta e demanda, existem muitas especulações que tornam o processo ainda mais difícil”, observou.
O presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) e um dos participantes do evento, Luiz Carlos Miranda, concordou com o posicionamento referido na palestra. “Realmente o que está faltando ao setor produtivo de trigo (produtores, agricultores) é representatividade política. Conseguimos, com instituições de pesquisa, sair de uma produção de uma tonelada de trigo por hectare, para de três a quatro toneladas e meia pelo mesmo hectare. Assim, existe a tecnologia, mas é preciso que o homem do campo mude sua cultura e passe a reivindicar melhores preços nos insumos e políticas de incentivo à produção”, comentou Luiz Miranda.
Na avaliação do presidente da Coodetec, Irineu da Costa Rodrigues, a triticultura é importante fonte da agrícola no Brasil e deveria ser mais valorizada. “Infelizmente não vemos prosperar uma política pública adequada para o produto. Essa possibilidade de encontro de pessoas ligadas ao setor certamente vai trazer subsídio e novos conhecimentos para que se possa fortalecer não só as pesquisas, que já são amplamente realizadas, mas a ideia de que é preciso organizar o setor de tal forma que consigamos melhorar as condições agroindustriais como um todo.”
A estudante de agronomia da cidade de Marechal Cândido Rondon, Livia Maria Hoeperes, que também assistia a argumentação do ex-ministro, mostrou-se surpresa com as revelações. “Percebi que muitas pesquisas são oprimidas por fatores políticos e econômicos, como foi o caso da jazida de potássio, descoberta no Brasil. Somente com a organização do setor agrícola é que poderemos pressionar por políticas públicas mais adequadas. Nossos agricultores não estão acostumados a se unir e lutar para conseguir melhores preços e condições para o plantio”, afirmou.
As boas-vindas aos participantes da IV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale aconteceu na noite de segunda-feira, dia 26, e reuniu mais de 200 participantes. Compuseram a mesa diretiva os representantes da Coodetec, organizadora do evento neste ano, o presidente da Coodetec, Irineu da Costa Rodrigues e o gerente de pesquisa de trigo da Coodetec e presidente da IV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, Francisco de Assis Franco; o ex-ministro da agricultura, Reinhold Stephanes; o presidente da Apasem, Luiz Carlos Miranda; o chefe-geral da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha; o presidente da III Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, Ricardo de Lima Castro; e o secretário de agricultura do município de Cascavel, João Batista Cunha Junior.
No primeiro dia de discussão, além da palestra proferida por Reinhold Stephanes, a programação contou com a explanação do engenheiro agrônomo e pós-doutor em Genética, Man Mohan Kohli, sobre a cultura do trigo no Conesul; palestras e painéis referentes a cadeia produtiva de trigo e avaliações de safra, com a participação de relatos, pesquisas e estudos de nove diferentes estados brasileiros.
Nesta quarta-feira, dia 28, a programação prossegue com a apresentação de trabalhos nas subcomissões de Difusão de Tecnologia e Sócio-Economia; Ecologia, Fisiologia e Práticas Culturais; Entomologia; Fitopatologia; Melhoramento, Aptidão Industrial e Sementes; e Solos e Nutrição Vegetal. Já na quinta-feira, último dia de evento, haverá a apresentação das definições de cada subcomissão, na sessão plenária final, das 8 às 12 horas.
assessoria de imprensa
IV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale
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