Rede Bicudo Brasil divulga resultados de eficiência de inseticidas

O uso de produtos pouco eficientes pelos agricultores pode levar a perdas financeiras significativas

11.10.2023 | 13:28 (UTC -3)
Cultivar, com informações IGA
Bicudo-do-algodoeiro ("Anthonomus grandis") - Foto: Sebastião José de Araújo
Bicudo-do-algodoeiro ("Anthonomus grandis") - Foto: Sebastião José de Araújo

Estudo realizado nas principais regiões produtoras de algodão do país, na safra 2022/2023, mostrou que a aplicação de inseticida é eficiente no controle do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), considerado a praga principal da cultura do algodoeiro, quando feito de forma correta e eficiente.

O objetivo da análise é apresentar os resultados dos experimentos realizados pela Rede Bicudo Brasil, composta por sete instituições de pesquisa brasileiras para melhor subsidiar o produtor rural na tomada de decisão na compra e utilização de inseticidas para combater o bicudo-do-algodoeiro. O IGA compõe esse grupo que comparou as eficiências de controle dos ingredientes ativos metomil, malationa, fipronil, etiprole e tolfenpirade.

Realizada nos municípios de Luís Eduardo Magalhães (BA), Dourados (MS), Rondonópolis (MT), Montividiu (GO), e Campo Verde (MT), os ensaios não apresentaram destaque para um ou outro produto testado. A eficiência deles variou de acordo com o local e época de aplicação.

Para o gestor de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Fábio Carneiro, é importante sempre realizar os monitoramentos constantes para avaliar a eficiências dos produtos químicos disponíveis safra a safra.

O uso de produtos pouco eficientes pelos agricultores pode levar a perdas financeiras significativas devido ao alto dano causado pela praga nas lavouras. É o caso do etofenproxi, por exemplo, que em 2015/2016 tinha eficiência de 85% e, na safra 2019/2020, reduziu para 25%.

Para a pesquisa, foram realizadas ao menos cinco pulverizações sequenciais espaçadas de cinco dias uma da outra. As avaliações iniciaram após a segunda pulverização, em um intervalo de três a cinco dias após a aplicação dos princípios ativos. Um dos pontos abordados pelos pesquisadores é a necessidade de se fazer a rotação dos produtos químicos como forma de evitar a ocorrência de resistência do bicudo ao uso prolongado de apenas um deles.

Além do IGA, a Rede Bicudo Brasil é formada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa, Fundação Bahia, Ide Consultoria Agrícola e Pesquisa, Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ferst Pesquisa e Tecnologia, Fundação Mato Grosso, e Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMA MT), e apoio técnico da Embrapa.

Resultados da pesquisa

Na estação experimental Ferst Pesquisa e Tecnologia, o produto com maior eficiência foi o etiprole, que se diferenciou dos demais químicos. Na Círculo Verde, o etiprole apresentou os melhores resultados nas três últimas avalições. Na área da Fundação Bahia, considerando as três últimas avaliações, somente numa delas houve diferenças; nela, os produtos metomil, fipronil e etiprole apresentaram desempenho superior.

Já no estudo realizado pela Fundação MT, houve um desempenho superior dos tratamentos etiprole e malationa. No estudo realizado pelo IGA, na terceira avaliação, somente a malationa apresentou um desempenho intermediário. Na estação IMA MT, todos os produtos nas épocas de avalição, com exceção do metomil, apresentaram boa avaliação.

Na IDE, os resultados foram bem variáveis nas três últimas avaliações. Na terceira avaliação, somente o etiprole se diferenciou; na quarta avaliação, os produtos fipronil, etiprole e tolfenpirade se diferiram e, na última avaliação, o metomil se destacou dos demais produtos.

Além da aplicação dos produtos, os pesquisadores também recomendam o uso integrado a outras práticas de manejo, como a rotação de princípios ativos, monitoramento, redução da população de final de safra, destruição de restos culturais na entressafra, eliminação de rebrotas e plantas tigueras, vazio sanitário, entre outras estratégias.

“Alguns já não respondem conforme o desejado”, avalia pesquisador do IGA

Pesquisador responsável pelo estudo no IGA, Robério Neves explica que conduziu o ensaio em uma cultivar com infestação do bicudo, logo em março, e que o estudo foi desenhado seis meses antes, com produtos que já demonstraram eficiência no controle da praga. Robério destaca os resultados do etiprole, mas diz que é importante verificar a queda de eficiência, por exemplo, do malationa, que vem sendo usado há alguns anos, mas que não tem apresentado boa eficiência dependendo da aplicação ou da época de uso.

“Existem mais opções de produtos para tratamento do bicudo no mercado, dos que foram testados, é possível observar que alguns já não respondem conforme o desejado em certas regiões”, avalia.

Em Goiás, os ensaios destacaram os materiais fipronil, etiprole e metomil. “Os resultados foram positivos e dão consistência para repassar aos produtores a melhor forma de controlar esse inseto”, complementa.

A equipe do IGA que participa da rede é formada também pela assistente do laboratório de entomologia, Luciene Marinho; os analistas de pesquisa Jhonatan Rafael Wendling e Enderson Nogueira Gama, os estagiários Mateus Cinci e Maria Eduarda Machado, além da agrônoma Thais Santos.

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