Bayer tem alteração na área de proteção de cultivos LATAM
Rodrigo Morais assumiu a posição de “Head of Crop Protection Value Creation”
Para uma doença se desenvolver, é necessário a interação de três fatores: o hospedeiro, o patógeno e o ambiente. Na segunda safra de algodão de Mato Grosso, com semeadura entre os meses de janeiro e fevereiro, o fator ambiente não foi favorável para a ocorrência de doenças como a Mancha da ramulária (Ramulariopsis spp.) e Mancha alvo (Corynespora cassiicola), consideradas as mais importantes da cultura.
A redução das precipitações de forma antecipada em importantes regiões produtoras de algodão, como Sapezal, Nova Mutum, Sorriso, Campo Verde e Primavera do Leste, determinou a baixa incidência das doenças do algodoeiro em relação às safras passadas. Isso trouxe mais tranquilidade aos produtores da pluma pensando no manejo de doenças da cultura. No entanto, a condição não aconteceu de forma geral no Estado, sendo que em algumas regiões o período chuvoso se estendeu um pouco mais, havendo maior evolução das doenças citadas.
Os resultados de pesquisas realizadas na safra 21/22 nas estações experimentais da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) acerca das doenças, foram apresentados durante o XIV Encontro Técnico Algodão nesta semana, em Cuiabá-MT. O engenheiro agrônomo, doutor em fitopatologia e pesquisador da instituição na área de Fitopatologia e Biológicos, João Paulo Ascari, conduziu o painel ‘Manejo de Doenças da Cultura do Algodão’, com a participação de Fabiano Perina e Luiz Chitarra, pesquisadores da Embrapa Algodão.
“Fazendo uma retrospectiva sobre nossas áreas de pesquisa, na safra 19/20 houve bastante disponibilidade de água durante o ciclo, com microclima favorável para o maior desenvolvimento de ambas as doenças, chegando a 50% de incidência da Mancha alvo e 32% da Ramulária”, detalha o pesquisador.
Ainda segundo ele, na safra 20/21 o cenário foi de menor pressão de Mancha alvo (7%) e a Ramulária teve severidade de 40%. “Mas já na 21/22 quase não houve ocorrência de Mancha alvo (1%) e a Ramulária manteve-se em torno de 30% de severidade. Entendemos que a dinâmica da incidência é variável e as situações, favoráveis ou não, são diferentes em cada região”, completa.
Para a realização de alguns estudos em algodão, a instituição participa da Rede Ramulária, que promove experimentos que avaliam a eficiência de fungicidas utilizados no controle das manchas foliares e outros fitopatógenos da cultura.
A avaliação de fungicidas sítio-específicos, aplicados de forma isolada para o controle da Ramulária, aconteceu em ensaio conduzido na região de Sapezal, com uma cultivar de algodão sensível à doença, com semeadura no dia 2 de fevereiro (período de bastante chuva) e primeira aplicação aos 30 DAE (dias após emergência).
“É importante ressaltar que essa não é uma recomendação de manejo de fungicidas, mas sim um ensaio com o objetivo de testar a eficácia dos produtos de forma isolada para saber o quanto contribuem para o controle da doença”, destaca o especialista.
Os resultados mostraram que o uso de fungicidas retardou a evolução da curva de crescimento da doença, que foi menor em relação à testemunha sem fungicidas, tendo aumentos somente a partir dos 105 dias após a emergência da cultura. Neste período, os volumes de precipitação foram bem concentrados em fevereiro e houve acentuada redução a partir de março. Na safra passada, a curva de progresso da doença se acentuou já aos 90 dias após a semeadura com volumes de precipitação mais bem distribuídos até o mês de abril. Portanto, a falta de água nesta safra desfavoreceu a evolução e pressão das doenças.
Também da Rede Ramulária, na mesma data de semeadura e momento da primeira aplicação, os resultados dos experimentos com o uso dos fungicidas multissítios demonstraram que esses produtos têm sido uma ferramenta importantíssima para o controle da Mancha de ramulária, com destaque para o ingrediente ativo clorotalonil.
“Contudo, a aplicação de fungicidas multissítios à base de clorotalonil, mancozeb e oxicloreto de cobre promoveram incrementos de produtividade quando acrescentados no programa de manejo”, define o profissional.
De acordo com o pesquisador, mesmo em safras como a atual, com a condição climática desfavorável para a ocorrência tanto de Mancha alvo como de Ramulária, a aplicação de fungicidas é fundamental e deve ser feita de forma preventiva com intervalos seguros, pois o patógeno está na área.
“Nossa orientação ao produtor é que ele faça a integração das táticas de manejo que temos disponíveis, entre eles o manejo cultural, químico, biológico e o genético”, diz João Ascari.
Além disso, o engenheiro agrônomo reforça que o produtor tem preparo, tecnologia e ferramentas ao seu alcance para fazer o manejo das doenças do algodão, mas é necessário que fique atento ao posicionamento dos produtos dentro do programa de aplicação, sempre observando a indicação com relação às doenças que acontecem na área a ser tratada.
Durante a safra de algodão 21/22, a Fundação MT recebeu relatos da ocorrência, na região de Sapezal, de Rhizoctonia solani, que causa o tombamento de plântulas e a mela. O pesquisador João Ascari conta que foi feita visita à área, o material foi colhido e foi identificado o fungo R. solani infectando as plantas tombadas.
“Esse problema está associado a perdas de plantas, pode gerar ressemeadura e afetar diretamente a produtividade da cultura. A Fundação MT está conduzindo ensaios a campo e em condições controladas (casa de vegetação) para entender a situação e poder trazer respostas de manejo para o produtor utilizar na próxima safra”, antecipa o pesquisador.
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