BSBIOS e Cotribá estabelecem parceria para desenvolver a cultura do trigo
Objetivo é produzir etanol a partir do cereal; variedades de trigo BS Etanol e BS Etanol 8 entrarão no mercado a partir de 2024
A radiação ultravioleta C (UVC), aplicada em doses adequadas, é capaz de controlar com eficiência a podridão azeda da laranja-lima. Causada por um fungo, essa doença é a segunda que mais acomete a fruta após a colheita. A descoberta do novo tratamento veio de estudos conduzidos pela Embrapa Meio Ambiente (SP) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em uma pesquisa que visou identificar o fungo causador do problema.
O tratamento por UVC apresentou a vantagem de resultar em frutas com maior firmeza, não alterar as suas características físico-químicas, e retardar o processo de amadurecimento.
A partir do isolamento do microrganismo, os cientistas obtiveram as suas identificações morfológica e molecular (análise do DNA). Nesses trabalhos, eles confirmaram que o patógeno é o Geotrichum citri-aurantii. “É importante essa identificação, pois fornece informações importantes sobre as características do patógeno, auxiliando a propor o melhor método para controle da doença”, esclarece a engenheira ambiental Adriane Maria da Silva, que realizou a pesquisa em seu mestrado pela Unicamp.
Conforme o pesquisador da Embrapa, Daniel Terao, coorientador de Silva, os fungos são os maiores causadores de doenças pós-colheita em frutas cítricas. Isso ocorre porque o pH ácido dessas frutas proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento do microrganismo.
O principal local de infecção são os ferimentos e aberturas naturais na epiderme da fruta. Nessas brechas costumam se instalar, especialmente, o bolor verde, o bolor azul e a podridão azeda. Como agravante, os fungicidas utilizados (tiabendazol e imazalil) não têm apresentado controle eficaz específico da podridão azeda, o que deixa essa doença sem um produto para controlá-la.
Além disso, os cientistas alertam que o uso frequente dessas substâncias químicas pode causar impactos negativos à saúde humana e ao meio ambiente, além de contribuir para o desenvolvimento de patógenos resistentes às moléculas usadas. “Portanto, é crucial estimular o desenvolvimento e a comercialização de tecnologias alternativas e sustentáveis ao uso de agroquímicos”, defende o pesquisador.
Para Terao, a descoberta abre caminho ao desenvolvimento de métodos de controle alternativos mais sustentáveis por não fazerem uso de químicos. “Isso também torna a fruta nacional apta a ser exportada para mercados internacionais que restringem o uso de químicos, como o europeu, por exemplo”, ressalta Terao.
Silva estudou dois métodos de controle da podridão azeda: o tratamento hidrotérmico e a exposição à radiação UVC. Ela verificou nos estudos in vitro que os esporos de G. citri-aurantii são termorresistentes e que a inibição de atividades importantes deles ocorre a partir de 62°C. Por outro lado, os estudos do efeito da radiação UVC revelaram que a inibição na germinação de esporos ocorre em dose muito baixa, e chega a ser completamente inibida na dose adequada, demonstrando serem bastante sensíveis à radiação.
Na avaliação do efeito da temperatura combinada com radiação UVC na germinação de esporos, o nível de exposição térmica por 35 segundos a 62°C, combinado com a dose adequada em radiação UVC, inibiu completamente a germinação de esporos de G. citri-aurantii.
Em estudos anteriores, Terao constatou que os tratamentos combinados envolvendo várias tecnologias podem proporcionar uma inibição sinérgica de microrganismos. “Observei que, combinando o tratamento hidrotérmico e a radiação UVC, houve um melhor controle do bolor verde em laranja pera”, relata.
No entanto, no recente estudo in vivo, para avaliar o efeito individual e combinado da temperatura e da radiação UVC aplicados diretamente na fruta, constatou-se que o tratamento hidrotérmico não controlou adequadamente a severidade da podridão azeda causada por G. citri-aurantii, por ser um fungo termorresistente, conforme demonstraram os estudos in vitro; e que temperaturas acima de 70°C aumentaram a severidade da doença, além de causar escaldadura na epiderme da fruta.
Por outro lado, a irradiação das frutas aplicada isoladamente apresentou eficiência no controle da podridão azeda superior ao tratamento hidrotérmico aplicado isoladamente ou combinado com a radiação. De acordo com os resultados, a aplicação da radiação foi eficiente, apresentando controle da doença.
A podridão azeda foi detectada pela primeira vez na Califórnia, Estados Unidos, em 1976, e a sua incidência tem aumentado nos últimos anos, principalmente em estações chuvosas.
Os maiores prejuízos têm sido observados em remessas de frutas na exportação, uma vez que os importadores, além de rejeitarem o produto, cobram do produtor os custos do transporte e da incineração da carga. O incidente ainda repercute negativamente na imagem e credibilidade do produtor.
Nos frutos ocorrem, inicialmente, lesões umedecidas, brilhantes e de coloração marrom-clara. Em seguida, enzimas extracelulares produzidas pelo fungo degradam a casca e as vesículas de suco, formando, no local, uma massa aquosa. Sob condições de elevada temperatura e umidade relativa do ar, forma-se, na epiderme do fruto, um mofo branco e enrugado. Em decorrência, ocorre uma podridão amarga ou azeda, com forte odor pútrido, que atrai dípteros, como a mosca-do-vinagre, que depositam seus ovos nos tecidos decompostos dos frutos afetados, os quais, em pouco tempo, estão repletos de larvas e de mosquitos (informações Embrapa Clima Temperado).
Silva confirmou em sua pesquisa que a maior perda causada pela podridão azeda ocorre durante o período chuvoso no estado de São Paulo, podendo atingir até um quinto do produto colhido. Com a predominância de chuvas durante o verão, as infecções aumentam consideravelmente devido às condições ambientais de temperatura e umidade relativa, que favorecem o ataque e a multiplicação do fungo.
O Brasil é o maior produtor de laranja. Na safra de 2019, foram colhidas cerca de 17 milhões de toneladas em uma área de 590 mil hectares, com valor de R$ 9 milhões. A produção mais expressiva é a do estado de São Paulo, com cerca de 13 milhões de toneladas anuais, de acordo com o Anuário Brasileiro de Horti e Fruti de 2021.
A do tipo lima foi a segunda variedade de laranja mais comercializada na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), em 2019, sendo encontrada em todos os meses do ano, porém, com maior oferta de julho a outubro. Na família das laranjas, a lima ocupa o terceiro lugar na concentração de vitamina C, atrás das variedades natal e baía. Com origem no sudeste asiático, a lima é uma espécie grande, adocicada, com baixa acidez e muitos nutrientes.
A dissertação foi apresentada na Unicamp por Adriane Maria da Silva, orientada pela professora Juliana Fracarolli, e coorientada por Daniel Terao, da Embrapa Meio Ambiente. Além da Embrapa e da Unicamp, a pesquisa contou com o apoio da empresa Alfacitrus.
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O maior percentual de crescimento estimado é na produção de algodão total (pluma e caroço), que salta 12,5%, passando de 1,3 milhão de toneladas em 2021/22 para 1,5 milhão de toneladas em 2022/23