Projeto que enviou algodão baiano ao espaço é o vencedor de prêmio

Os quatro estudantes do distrito de Roda Velha, oeste do Estado, venceram a competição, após sete meses de pesquisas, trabalho e muito envolvimento

03.12.2019 | 20:59 (UTC -3)
Hebert Regis

A comemoração foi grande entre os estudantes Alyne, Isadora, Luiz Carlos e Wendell, da Escola Maria Edith Rodhen, em Roda Velha, município de São Desidério no Oeste da Bahia, ao receberem a confirmação de que foram os grandes vencedores do Projeto Garatéa, gerido por instituições como a Universidade de São Paulo (USP),  Ministério da Ciência e Tecnologia e que tem como conselheiros, representantes da NASA.  Após sete meses de muito estudo e sob a orientação incansável da professora Daysa de Azevedo, o projeto de pesquisa ‘Viabilidade da resistência da fibra do algodão em altos índices de radicação solar quando submetido a ambiente estratosférico’, confirmou o primeiro lugar na competição nacional.

Com o apoio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), os alunos realizaram toda a pesquisa necessária e a viagem até a cidade de São Carlos (SP), em agosto passado, quando apresentaram a proposta a uma banca composta por 38 professores da USP e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). A parte mais aguardada, foi o lançamento, em uma sonda espacial, do algodão colhido em terras baianas, ao espaço. O objetivo foi comparar como a fibra se comporta quando exposta a condições extremas. Outras duas amostras foram submetidas a diferentes situações. Uma ficou no laboratório, em ambiente estável, e outra, foi mantida na escola e exposta ao sol, por 15 minutos, durante 30 dias. Os resultados surpreenderam a equipe e aos professores da banca.

“A sonda permaneceu cerca de 38 minutos em ambiente estratosférico, caiu, foi resgatada e o experimento encaminhado ao Centro de Análises de Fibra da Abapa, o maior da América Latina, onde passou por minuciosa análise. O resultado foi um engrossamento da fibra e aumento da viabilidade genética, porém, perdeu brilho e coloração. O relatório final foi enviado para a USP, para a última avaliação”, explica a professora Daysa.

A equipe representante do Oeste da Bahia conquistou o 1° lugar nacional com o melhor experimento técnico, melhor engajamento social e melhor metodologia científica, além da premiação especial de melhor apresentação em equipe e individual do projeto. Uma vitória bastante comemorada. “Ganhar o primeiro lugar, em uma olimpíada que teve projetos de diversas regiões concorrendo, é muito importante para nós.  Acredito que essa experiência nova, que tem proporcionado grande crescimento para os participantes, vai abrir novos horizontes e nos encorajar a desenvolver coisas ainda maiores no futuro", destaca a aluna Aline Lima.

A entrega dos certificados da competição mobilizou familiares e amigos dos estudantes na escola, na quinta-feira (28). O presidente da Abapa Júlio Cézar Busato participou do momento. “São iniciativas como esta que nos dão certeza de que a educação é o caminho para que as mudanças ocorram. Estes jovens são exemplos para outros alunos que com garra e estudo se chega longe. Para a Abapa é uma satisfação fazer parte desta história de sucesso, continuaremos apoiando idéias e projetos nestes formatos. Parabéns a equipe, uma equipe de muita fibra”, disse o presidente.

Medalhistas e o acesso a universidades

A participação de estudantes do Ensino Médio em competições nacionais pode garantir aos acumuladores de medalhas, o acesso, sem vestibular ou Enem, aos bancos de algumas das principais universidades do Brasil. A ideia pioneira é da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que já reserva vagas para os medalhistas bem-sucedidos. Estão em via de adesão também a Estadual Paulista (Unesp) e a USP. Um estímulo a mais para os estudantes se engajaram em projetos de pesquisa que garantam acesso ao ensino superior.


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