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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) teve o projeto “Conservação da Mata Atlântica através do manejo sustentável das paisagens agroflorestais do cacau” aprovado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, em inglês). O valor do financiamento na modalidade doação é de US$ 5,3 milhões.
O projeto foi lançado durante o Simpósio sobre Sistemas Agroflorestais com Cacaueiro – SSAF-Cacau, em Ilhéus (BA), nesta quinta-feira (01/12).
“A região cacaueira da Bahia até hoje não se recuperou da introdução da vassoura-de-bruxa. Esse projeto pioneiro tem capacidade de acelerar a transformação e a modernização da cacauicultura no sistema cabruca garantindo sua preservação e a conservação ambiental ao tempo que propiciará Assistência Técnica gerencial e a construção de um novo modelo de desenvolvimento para a região usando as tecnologias disponíveis, como materiais resistentes a pragas, técnicas de manejo e fermentação”, destaca o diretor da Ceplac, Waldeck Araújo.
O componente de inteligência territorial irá instrumentalizar os gestores públicos e os técnicos com informações e análises contextualizadas para processos de gestão, possibilitando assim solidificar a cultura e a prática para reconexão de fragmentos florestais na Mata Atlântica, bioma conservado nessa região graças à cacauicultura.
Segundo o diretor, parte dos recursos será destinada para apoiar iniciativas de remuneração por serviços ambientais. “Todas essas ações são formas pelas quais a sociedade, em suas mais variadas representações, poderá trabalhar em conjunto com o Estado nas diversas esferas para o desenvolvimento regional sustentável”, completa.
A estimativa é que o projeto beneficie 3.000 agricultores familiares do sul da Bahia que produzem cacau sob o sistema cabruca, que é um modo de cultivo agroflorestal onde árvores nativas fazem sombra aos cacaueiros. Segundo dados de estudos recentes, 74% dos 93.000 produtores que cultivam cacau em quase 600 mil hectares no Brasil pertencem à categoria da agricultura familiar.
O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, enfatizou que alinhar a conservação da biodiversidade com paisagens produtivas é uma das abordagens mais eficazes em prol da manutenção dos serviços ecossistêmicos e desenvolvimento social das populações rurais.
“A FAO e o GEF, em conjunto com a Ceplac e parceiros, irão fortalecer uma prática histórica no sul da Bahia, da produção de cacau no sistema cabruca associada à conservação da Mata Atlântica. Para a FAO, esse projeto é extremamente importante, não só pelo seu aspecto social, mas por possibilitar a expansão e recuperação de áreas degradadas, aumento da conectividade ecológica apoiada em mecanismos financeiros e por meio da geração de renda, o que permitirá que os resultados do projeto sejam sustentáveis ao longo dos anos”, disse Zavala.
O sistema cabruca apresenta um elevado potencial para ser considerado como Sistema de Patrimônio Agrícola Globalmente Importante (GIAHS), que é promovido globalmente pela FAO. O GIAHS reconhece um sistema vivo e em evolução de comunidades humanas em um relacionamento diretamente conectado com sua paisagem territorial, cultural, agrícola e social mais ampla. Esse é mais um incentivo para trabalhar nessa proposta do GEF.
Sendo o GEF um fundo voltado para o meio ambiente, o projeto deverá focar na valorização do papel do cacauicultor e do sistema produtivo cabruca para a preservação florestal da Mata Atlântica, de modo que o fortalecimento de tal modelo servirá para diminuir as pressões para a mudança de uso do solo e evitar a troca do cultivo do cacau por outras culturas.
Por meio de modelo de governança coletivo (órgãos ambientais e agrícolas, assistência técnica, instituições de pesquisa e representantes de agricultores), o projeto visa: fortalecer a conservação da Mata Atlântica; levar pacotes tecnológicos para o manejo florestal de uso múltiplo baseado na renovação e enriquecimento da cabruca com espécies nativas, consolidados com sistemas de financiamento e integrados com assistência técnica; substituir cacaueiros idosos por clones avançados e resistentes às doenças; assegurar um pós-colheita com foco na qualidade, mecanismos de rastreabilidade e certificação.
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