Produtores de hortifruti se reinventam para recuperar prejuízos da pandemia

Por causa da suspensão das atividades coletivas, cooperativas e agricultores investiram em divulgações nas redes sociais e nas vendas on-line

11.09.2020 | 20:59 (UTC -3)
MAPA

A pandemia afetou o setor de hortifrúti de maneiras distintas. Os pequenos produtores sentiram os impactos da interrupção das atividades, principalmente feiras, restaurantes, bares e instituições. Já os grandes produtores que comercializam diretamente com os supermercados conseguiram manter o fluxo de escoamento das frutas e legumes e, não foram tão afetados com a pandemia. 

Os pequenos produtores tiveram que buscar alternativas para comercializar os produtos que estavam na lavoura, como a venda de cestas de frutas e legumes por delivery, e-commerce, redes sociais e WhatsApp. 

Um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou que, apesar de ter sido bastante atingido no segmento das feiras, o impacto foi menor na comercialização destes produtos nas principais Centrais de Abastecimento (Ceasas). Nos cinco primeiros meses do ano, a comercialização total de hortaliças nas Ceasas caiu 3% em relação ao mesmo período de 2018 e de 2019. Segundo o estudo, apesar de a venda destes produtos ter caído em razão do fechamento de bares e restaurantes, interrupção das atividades nas unidades de ensino e paralisação das feiras livres, o consumo direto de hortaliças pelas famílias aumentou. 

O subgrupo mais atingido foi o das folhosas. Como são produtos extremamente perecíveis, a retração da demanda aliada à preferência por hortaliças passíveis de serem consumidas cozidas, ocasionaram perdas no campo. No caso das frutas, a oferta nas Ceasas nos meses de março a maio caiu 5% em relação a 2019 e 1% na comparação com 2018. 

Por terem sido considerados setores essenciais pelo Ministério da Agricultura, os setores de hortaliças e hortifrúti não tiveram interrupção do seu fornecimento. “Foram garantidas as questões de escoamento, produção e foram desenvolvidos protocolos baseados em recomendações do Ministério da Saúde para que feiras livres e o funcionamento das Ceasas acontecessem dentro das boas regras sanitárias. Isso deu as garantias, no curtíssimo prazo, para que esse tipo de consumo acontecesse”, explica Luis Rangel. 

Mapa criou um canal no WhatsApp para que agricultores familiares comuniquem o órgão federal sobre possíveis perdas de alimentos ocasionadas por problemas na comercialização em função da Covid-19. Para acessar o Disque Perdas de Alimentos, basta clicar aqui ou enviar mensagem para o número (61) 9873-3519. 

Feira Segura 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou em abril o projeto Feira Segura, com o objetivo de ajudar os produtores rurais que estavam com dificuldade para vender a produção e para que os alimentos chegassem mais facilmente à mesa dos brasileiros. 

“As feiras são importantíssimas para os pequenos produtores e, por isso, a ação contribuiu para as feiras a voltarem a funcionar. A população realizava as compras do próprio carro, o chamado drive thru, sem manuseio dos alimentos, e com a higienização adequada das mãos e das máquinas de cartão e embalagens,” comentou assessor técnico das Comissões Nacionais de Fruticultura e de Hortaliças e Flores da CNA, Erivelton Cunha. 

Outra ação da CNA é o programa Mercado CNA que oferece uma plataforma de comércio eletrônico para aproximar produtores rurais e consumidores. A plataforma tem um sistema integrado para agilizar a localização de compradores e vendedores e produtores rurais também podem criar a própria página dentro do portal para anunciar seus produtos. 

O Mapa, em parceria com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), emitiu uma série de recomendações de boas práticas para produtores e agricultores familiares que fornecem produtos agropecuários para feiras livres, sacolões e comércio varejista. 

Segundo o diretor do Mapa, a parceria com o setor privado foi fundamental para diminuir o choque de demanda e voltar a estimular o consumo. “Hoje percebemos a retomada quase natural do comércio desses produtos, com todas as medidas de segurança recomendadas pelos órgãos de saúde”, diz Luis Rangel.

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