Produtores querem garantir vacinação em áreas invadidas no Pantanal

07.05.2012 | 20:59 (UTC -3)
Luciana Modesto

Produtores rurais da região do Pantanal sul-mato-grossense que tiveram suas propriedades invadidas por indígenas nos últimos dias buscaram apoio do Governo do Estado para concluir a imunização dos animais contra a febre aftosa. Mesmo diante da insegurança sobre a posse da propriedade e de temer sobre a integridade física das famílias e funcionários, os proprietários querem concluir a vacinação e garantir a sanidade do rebanho.

Um ofício foi entregue na tarde desta segunda-feira pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e representantes dos proprietários invadidos à Secretaria de Produção de Turismo (Seprotur), para que a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) acompanhe de perto a vacinação nas fazendas invadidas.

Durante a manhã, os produtores se reuniram com representantes da Famasul, Polícia Federal, Ministério da Agricultura (SFA) e Iagro para cobrar ações do poder público em relação a mais esse litígio no Estado. A reunião teve a presença da Secretária da Seprotur, Tereza Cristina Corrêa da Costa, e a participação de representantes da FUNAI. Com as últimas invasões são cerca de 60 as propriedades invadidas no Estado.

Desde a semana passada, sete propriedades foram invadidas na região pantaneira de Mato Grosso do Sul e pelo menos outras cinco já tiveram sua invasão anunciada pelos indígenas que habitam a Reserva Kadwéu para os próximos dias. Homologada em 1903, a reserva tem 373 mil hectares nos limites do município de Porto Murtinho e abriga cerca de quatro mil indígenas. A pretensão dos integrantes da etnia é de ampliar em mais 155 mil hectares a área da reserva, pertencente ao município pantaneiro de Corumbá. Sobre essa área existe uma ação demarcatória que se encontra sob júdice no Supremo Tribunal Federal.

O rebanho estimado na área pretendida para ampliação da reserva é de 20 mil cabeças de bovinos. Os produtores contam que, ao anunciar a invasão de novas propriedades, os indígenas dão prazo para a retirada dos pertences e do gado. “Eles chegaram domingo (06) e deram três dias para tirar as coisas e o gado. Mas o que vamos fazer com o gado em tão pouco tempo em pleno Pantanal”, afirma Marcelo Martins, genro do proprietário da fazenda Esteio, uma das invadidas na região.

Segundo o advogado Carlos Fernando de Souza, representante de um grupo de produtores, são cerca de 30 propriedades ameaçadas pela intenção de ampliar a reserva. “Todas estão registradas, com título de posse desde 1931, e estão regulares quanto ao pagamento de tributos”, alega o advogado. Presente na reunião desta segunda e intermediando as demandas dos produtores junto ao governo estadual, o presidente da Famasul, Eduardo Riedel, enfatiza a necessidade de intervenção do poder público. “Há urgência na adoção de medidas que garantam segurança e integridade para ambas as partes e na busca por solução definitiva para os litígios que se multiplicam pelo estado e aumentam a insegurança jurídica no campo”, enfatizou.

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