Colheita do trigo atinge 89% da área cultivada no RS
A estimativa de produtividade aponta para uma redução de 28,38%; situação pode ser atribuída principalmente aos efeitos do fenômeno El Niño
Minas Gerais é o segundo maior estado produtor de frutas cítricas do Brasil e tem apresentado um crescimento exponencial nos últimos anos. Dentre os polos citrícolas de MG, destaca-se aquele formado mais recentemente, na região montanhosa entre o Sul de Minas e o Campo das Vertentes, onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2022, a área plantada de limão, laranja e tangerina cresceu de 26 hectares para aproximadamente 977 hectares.
Atentos a esse fenômeno, pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) têm acompanhado o desenvolvimento da chamada “citricultura de montanha” na região, com pesquisas voltadas para a análise da qualidade dos frutos e de suas aptidões para a indústria de bebidas, tanto alcoólicas quanto não alcoólicas.
O termo citricultura de montanha não está relacionado a uma nova prática ou novo manejo, mas a um conjunto de fatores que caracteriza a produção de citros em relevos montanhosos. “Nessa região, as variações de relevo e altitude e a grande amplitude térmica [diferença de temperatura entre o dia e a noite] podem influenciar no sabor e na qualidade das frutas. A tangerina Ponkan produzida lá, por exemplo, é muito apreciada por sua doçura”, comenta a pesquisadora da EPAMIG, Ester Ferreira.
Segundo ela, a região era tradicionalmente conhecida pela produção leiteira, mas o cenário mudou em meados dos anos 2010, quando grupos empresariais começaram a migrar de São Paulo para Minas Gerais, à procura de terras com temperaturas mais amenas e livres do Greening (a mais grave e destrutiva doença entre os citros), que já havia comprometido grande parte da citricultura paulista. “O relevo montanhoso do sul mineiro não foi um impeditivo para o avanço da citricultura, que se adaptou muito bem, especialmente a tangerina. Isso atraiu investimentos e gerou também um aumento de renda na região, pois a citricultura demanda mão de obra durante quase todo o ano e ocupa áreas produtivas que estavam antes ociosas”, explica Ester Ferreira.
A pesquisadora coordena o projeto de pesquisa “Percepção sensorial de sabor e preferências dos consumidores por diferentes cultivares de laranjas e tangerinas”, que tem como objetivo avaliar a qualidade dos frutos produzidos na região, tanto para consumo in natura quanto aqueles destinados para a indústria de bebidas.
“Vamos avaliar características como a coloração da casa e o sabor dos frutos para podermos confirmar se realmente sofrem influência do relevo e das condições climáticas da região”, detalha a pesquisadora. “Temos também uma linha de pesquisa dedicada ao uso de citros para a elaboração de drinks e bebidas não alcoólicas, inclusive misturadas com café. Vamos iniciar testes sensoriais com consumidores para avaliar a aceitação”, completa Ester.
Um dos parceiros desse projeto, e que tem contribuído com o envio de amostras de frutos para serem analisados, é o paulista Antônio Carlos Simonetti, produtor de citros no município de Minduri (MG). Sua família é originária de Limeira (SP), onde seu bisavô iniciou o cultivo de frutas cítricas na década de 1940. Com o avanço do Greening no estado, a família decidiu migrar para Minas Gerais, em busca de terras férteis e livres da doença.
“Nossa produção de tangerinas Ponkan, que era muito famosa pela qualidade, simplesmente acabou em Limeira por causa do Greening. Então, viemos para Minduri atrás de um clima mais ameno, com temperaturas mais baixas, onde houvesse também geadas ao longo do ano”, conta o produtor, que cultiva abacates, cinco variedades de tangerina e nove de laranja, em cerca de 2.000 hectares. Para ele, o maior desafio do manejo na citricultura de montanha é a manutenção de tratores, roçadeiras e demais máquinas, que ficam muito desgastadas por conta do relevo acidentado.
Segundo o produtor, os 1.000 metros de altitude do município favorecem a produtividade, qualidade, rendimento dos sucos e coloração dos frutos, além de quebrar o ciclo de algumas pragas e doenças, como Cancro, Leprose e Pinta-preta. “Nossas plantas adultas produzem cerca de 70 a 80 toneladas de frutos por hectare ao ano. Quando saímos de São Paulo, há quase 10 anos, nossa produção era de cerca de 40 a 50 toneladas por hectare ao ano. Além disso, as frutas produzidas em Minas também são mais livres de defensivos agrícolas”, detalha Simonetti.
“É importante lembrar dos outros polos citrícolas que o estado de Minas possui, como o polo produtor de limão no Norte de Minas e o de produção de laranjas para indústria de sucos no Triângulo Mineiro. Isso prova que a diversidade ambiental e as variações de topografia e relevo de Minas Gerais são muito propícias para a citricultura e têm gerado bons frutos, literalmente”, conclui Ester Ferreira.
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