Produtividade e qualidade dependem de manejo e nutrição

Resultados dessa fórmula podem ser avaliados pela mistura de micronutrientes da empresa Conplant

22.07.2019 | 20:59 (UTC -3)
Cibele Vieira

Ser sustentável é um desafio viabilizado pela ciência e tecnologia. Nos últimos 15 anos, três cientistas têm se dedicado a tornar acessível um pacote tecnológico a produtores de frutas e hortaliças, com uma receita simples e eficaz: orientação, nutrição e manejo. Na Conplant, empresa onde desenvolvem pesquisas, produtos e consultoria, os resultados desta fórmula podem ser avaliados no crescimento das vendas de mistura de micronutrientes  de 1 t para 24 t/ano e no investimento de cerca de 2 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento, resultando em aumento de mais de 15% na produtividade de pomares de citrus infestados pelo Greening quando tratados com um manejo fisiológico.

Mais produtividade na citricultura

A Fazenda Macuco, localizada em Avaré/SP, é um exemplo desta prática. Seus pomares de citrus foram contaminados pelo Greening em 2015 e, no ano seguinte, com uma produtividade de 980 caixas por hectare, iniciou o Manejo Fisiológico desenvolvido pela Conplant. Em 2018, sua produtividade subiu para 1.431 cx/ha. A média brasileira de produção de citrus é de 800 a 1.000 cx/ha.

O pesquisador Camilo Medina, sócio da Conplant, explica que “o Manejo Fisiológico do Greening entende que a bactéria não é destrutiva e a planta tem capacidade de renovação de seus tecidos, desde que se mantenha nutrida. Assim, com conhecimento de nutrição mineral e da fisiologia vegetal, juntamente com adição de bioestimulante, é possível manter o pomar produtivo mesmo convivendo com a doença”.

Camilo foi um dos desenvolvedores do método, que hoje é adotado por 62 produtores de citrus nos estados de São Paulo e Paraná, regiões onde o Greening está concentrado. Ele relata que a cada 1 real investido no tratamento, há um retorno de pelo menos 5 reais em aumento de produtividade.

Ciência compartilhada em hidroponia

A redução de perdas de alface e rúcula cultivadas em sistema de hidroponia por falta de correção do pH ou adubação incorreta é um dos resultados alcançados por produtores treinados pela Conplant em manejo de nutrientes, somente na área de cultivo protegido. Mais de mil pessoas já receberam treinamento, entre técnicos, produtores e viveiristas. Segundo o pesquisador e diretor Pedro Furlani, esse treinamento ajuda o produtor a adaptar o conhecimento científico disponível à sua realidade.

“Ele ganha conhecimento para produzir de maneira mais correta, evitar perdas e ganhar em qualidade e produtividade”, explica o especialista que é referência no sistema de produção hidropônica no Brasil. A atividade está crescendo no Brasil e um dos indicadores é o aumento de vendas do ConMicros, uma mistura precisa de micronutrientes de alta qualidade que misturada à água se transforma em solução nutritiva para fertirrigação. Cada quilo do produto pioneiro da Conplant rende 40 mil litros e a comercialização inicial de 1 tonelada por ano cresceu para 24 t/ano, contabilizando 5 bilhões de litros de solução nutritiva produzidos até agora.

Melhoria do solo para gerações futuras

O gosto pela pesquisa, aliado a experiência de toda uma vida dedicada a área de fertilidade do solo e a observação da carência de especialização em alguns segmentos, levou o pesquisador científico Ondino Cleante Bataglia – ex-diretor geral do Instituto Agronômico de Campinas – a buscar uma nova atividade depois de sua aposentadoria em 2003. Junto com outros pesquisadores com quem oferecia cursos e palestras para produtores e técnicos, resolveu dar continuidade ao trabalho por meio da Conplant. Seu primeiro contrato foi com a Fundação Agrisus, onde até hoje seleciona pedidos de financiamento para projetos, pesquisas, treinamento, desenvolvimento educativo e eventos. Com foco no plantio direto para a preservação do solo, já foram avaliados 2.800 projetos, sendo que destes cerca de mil foram aprovados e financiados.

“Eventos para demonstração de metodologias aos produtores é prioridade nesse trabalho, que pretende oferecer informação técnica e conscientizar produtores para as boas práticas, como por exemplo a integração lavoura-pecuária, que é a principal ferramenta para pastagens degradadas”, explica o pesquisador. Outro apoio importante é para o projeto Rally da Safra (desde 2010) que avalia a situação do plantio direto no país e, com o resultado, define as linhas prioritárias de pesquisa da Fundação. “O foco é a melhoria do solo para as gerações futuras”, conclui. 

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