Produção de cana-de-açúcar no Brasil deve alcançar 689,8 milhões de toneladas, aponta Conab

Se confirmado, será o segundo maior volume da série histórica; açúcar consolida-se como principal destino da matéria-prima, impulsionado pela alta demanda internacional

22.08.2024 | 09:52 (UTC -3)
Revista Cultivar

A produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2024/2025 deve atingir 689,8 milhões de toneladas, de acordo com o 2º Levantamento da Safra divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmado, este será o segundo maior volume da série histórica, atrás apenas da safra anterior. A área destinada à colheita teve um aumento de 3,5%, alcançando 8,63 milhões de hectares, mas a produtividade média caiu 6,6%, impactada por condições climáticas adversas, como baixos índices pluviométricos e altas temperaturas, especialmente na região Centro-Sul do país.

A região Sudeste, responsável por 64,2% da produção nacional, deve colher 442,8 milhões de toneladas, uma queda de 5,6% em relação à safra anterior. São Paulo, maior produtor estadual, enfrentou uma redução significativa de 27,22 milhões de toneladas, reflexo do forte déficit hídrico e da consequente baixa disponibilidade de água no solo. A produtividade na região foi estimada em 82.879 quilos por hectare, representando uma queda de 9,9% comparada à safra passada.

Por outro lado, a região Centro-Oeste apresentou um aumento de 2,8% na produção, totalizando 149,17 milhões de toneladas. A estabilidade na produtividade média, que se manteve em torno de 81.577 quilos por hectare, foi garantida apesar das adversidades climáticas registradas no final do ano passado. Esse crescimento foi impulsionado pela ampliação da área cultivada, principalmente devido a novos arrendamentos.

As regiões Norte e Nordeste também acompanharam o movimento de alta na produção. No Nordeste, a produção foi estimada em 59,62 milhões de toneladas, um crescimento de 5,6%. Já no Norte, a estimativa é de 4,04 milhões de toneladas, um aumento de 2,6% em relação à safra anterior. No entanto, a região Sul deverá registrar uma redução, com previsão de produzir 34,21 milhões de toneladas, devido à menor produtividade e área destinada ao cultivo.

Mercado internacional impulsiona produção de açúcar

A produção de açúcar deve ser a principal destinação da cana-de-açúcar nesta safra, com estimativa de 46 milhões de toneladas, um aumento de 0,7% em relação à safra anterior. Esse crescimento reflete a forte demanda internacional pelo produto brasileiro, que entre abril e julho deste ano exportou 11,6 milhões de toneladas de açúcar, um aumento de 27,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O valor das exportações também subiu, atingindo US$ 5,6 bilhões, um incremento de quase 24%.

Etanol enfrenta queda na produção e nas exportações

Em contraste, a produção de etanol deve registrar uma redução de 4,1%, totalizando 28,47 bilhões de litros. A menor destinação da cana para a produção do combustível é explicada pelas condições mais favoráveis para o açúcar no mercado internacional e pela redução na produção de cana. Apesar disso, a produção de etanol derivado de milho continua em alta, com um crescimento de 17,3%, representando cerca de 20% da produção total de etanol no país, estimada em 6,94 bilhões de litros.

No cenário de exportações, o etanol também enfrenta um declínio. O volume exportado na safra 2024/2025 caiu 17,2%, totalizando 440,1 milhões de litros, o que reflete o cenário menos favorável para o combustível brasileiro no mercado externo.

Expectativas para o mercado

As perspectivas para o mercado de açúcar permanecem positivas, com expectativa de manutenção de preços elevados devido à projeção de queda na produção de outros grandes produtores, como na Ásia. Para o etanol, o cenário é mais desafiador, com menor competitividade internacional e uma redução nas exportações. O panorama geral indica um setor em adaptação às novas realidades climáticas e de mercado, com o açúcar se consolidando como o principal produto da safra atual.

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