Publicação avalia eficiência de fungicidas para controle da ferrugem da soja
A publicação é resultado dos ensaios cooperativos realizados na safra 2019/2020 em diferentes regiões produtoras
O mofo-cinzento, causado pelo fungo Botrytis cinerea é uma doença de ocorrência generalizada em várias frutíferas. Comum em campo aberto, também pode alcançar níveis consideráveis de severidade em cultivos protegidos e câmaras de armazenamento, e prejuízos estéticos, qualitativos e quantitativos nas culturas de uva, morango, kiwi, caqui, goiaba, maçã, manga, mamão, mirtilo, amora preta, framboesa, cereja, entre outras.
O Botrytis cinerea produz abundante crescimento acinzentado sobre os tecidos afetados, composto por hifas e conidióforos. O fungo produz escleródios negros, duros e irregulares em tecidos infectados ou mortos pela doença.
O patógeno pode sobreviver no solo, associado à matéria orgânica ou na forma de escleródios. Após a germinação de escleródios em plantas doentes, ou em restos de plantas infectadas, o fungo produz conídios que são dispersos para novos hospedeiros. A germinação dos conídios é favorecida por temperaturas de 22ºC a 25°C e umidade relativa em torno de 90% a 100%. Para que o fungo possa infectar seus hospedeiros, são necessárias temperaturas amenas (16ºC a 23°C), alta umidade e ventilação deficiente. Temperaturas superiores a 25˚C retardam a infecção e o desenvolvimento da doença.
Geralmente, o fungo coloniza primeiramente tecidos mortos, senescentes ou enfraquecidos, que servem como uma fonte exógena de energia para que o patógeno possa se estabelecer, reproduzir e, assim, iniciar a colonização de tecidos sadios.
O fungo pode causar prejuízos consideráveis em frutos armazenados em câmaras frias (0ºC a 10°C).
O mofo-cinzento geralmente ocorre em flores e frutos, porém, também pode causar manchas foliares, apodrecimento de brotos e cancros em caules, pecíolos e hastes.
Os sintomas podem variar em função do hospedeiro e do órgão afetado, caracterizados pela descoloração dos tecidos, pelo aspecto úmido e necrótico das lesões e pela presença de um crescimento cotonoso acinzentado (conídios e conidióforos) sobre as áreas afetadas.
Em folhas, as manchas apresentam coloração pardo-acinzentada, com tamanhos e formatos variáveis, podendo ou não exibir halos concêntricos. Em algumas situações, observa-se a seca e a necrose de pontas e bordas de folhas.
Nas flores, os sintomas podem variar desde pequenas manchas descoloridas e úmidas, lesões necróticas, até a destruição completa das pétalas. Em condições muito favoráveis, a doença pode invadir o pedúnculo, comprometendo e danificando toda a estrutura floral.
Nos caules e nas hastes, a doença apresenta-se na forma de manchas marrons que geralmente se originam em torno dos pecíolos das folhas e pedúnculos atacados.
Em frutos, os sintomas observados são lesões com aspecto aquoso, irregular, macio e esponjoso; anéis esbranquiçados com um pequeno ponto necrótico no centro, apodrecimento generalizado e queda prematura.
O mofo-cinzento ocorre em todas as regiões produtoras do Centro-Sul, sendo mais comum no outono-inverno e na primavera.
Dentre as alternativas de manejo do fungo Botrytis cinerea, destacam-se:
• uso de mudas sadias.
• Evitar o plantio em solos pesados e o uso excessivo de fertilizantes, principalmente os nitrogenados. Os solos pesados favorecem a retenção da umidade, enquanto o amplo crescimento vegetativo origina tecidos tenros e mais suscetíveis à infecção.
• Não realizar plantios adensados e executar corretamente as podas de formação e produção. O adensamento de plantas dificulta a circulação de ar entre as mesmas e favorece o acúmulo de umidade nas flores, nas folhas e nos frutos, promovendo condições favoráveis à doença.
• Eliminar e destruir flores, frutos, folhas e hastes doentes.
• Irrigações devem ser realizadas no período da manhã, de forma que a folhagem seque até o final do dia. Em períodos críticos as irrigações devem ser suprimidas. Irrigações localizadas podem reduzir a ocorrência da doença.
• Evitar ferimentos às plantas durante os tratos culturais, pois são portas de entrada para o patógeno.
• Em cultivo protegido, promover a limpeza completa de toda a estrutura entre um ciclo e outro. Utilizar plásticos de cobertura que reflitam os raios UV e, assim, diminuir a esporulação do patógeno.
• Armazenar os frutos logo após a colheita. O material deve ser completamente sadio, livre de manchas e ferimentos. A área de armazenamento deve ser limpa, seca e sem umidade livre nas paredes, no teto e no piso.
• A aplicação de fungicidas para o controle do mofo cinzento deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto a dose, volume, intervalo e número de aplicações, intervalos de segurança, uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) etc. Em áreas com histórico da doença, o uso de fungicidas deve ser preventivo e iniciado assim que as condições meteorológicas sejam favoráveis. A aplicação do produto deve propiciar cobertura uniforme das plantas e atingir flores e frutos, na parte interna da folhagem. O gênero Botrytis apresenta vários relatos de ocorrência de resistência a fungicidas das classes benzimidazóis e dicarboximidas. Para que se evite essa possibilidade, recomenda-se o uso intercalado de fungicidas com diferentes modos de ação, limitar o número de aplicações de fungicidas com risco de selecionar raças resistentes no decorrer do cultivo e evitar que esses produtos sejam aplicados em períodos críticos
• Os fungicidas oficialmente registrados no Brasil para o controle do mofo cinzento em frutíferas encontram-se descritos no Agrofit.
Por Jesus Guerino Töfoli, Josiane T. Ferrari e Ricardo José Domingues, Instituto Biológico
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