Plantas exóticas alteram comunidades microbianas do solo

Diferenças nas raízes permitem que as plantas invasoras se adaptem e cresçam rapidamente

29.10.2024 | 14:36 (UTC -3)
Revista Cultivar
Esquema ilustrando como os dados foram coletados e organizados nos Estados Unidos, usando fontes de dados dos bancos de dados NEON, FRED, TRY e GRooT. O desenho de amostragem para as plantas (pequenas caixas azuis claras) e micróbios e propriedades do solo (símbolos “X” azuis escuros) são fornecidos; cada parcela (n = 377 parcelas únicas abrangendo 42 locais NEON terrestres) tinha 40 × 40 m de tamanho
Esquema ilustrando como os dados foram coletados e organizados nos Estados Unidos, usando fontes de dados dos bancos de dados NEON, FRED, TRY e GRooT. O desenho de amostragem para as plantas (pequenas caixas azuis claras) e micróbios e propriedades do solo (símbolos “X” azuis escuros) são fornecidos; cada parcela (n = 377 parcelas únicas abrangendo 42 locais NEON terrestres) tinha 40 × 40 m de tamanho

As plantas invasoras exóticas representam ameaça crescente para os ecossistemas agrícolas e naturais. Estudo macroecológico revelou como suas raízes desempenham um papel crucial na alteração das comunidades microbianas do solo. A pesquisa destaca que as características das raízes dessas plantas exóticas não apenas diferem das nativas, mas também têm um impacto significativo na composição dos microrganismos do solo, com implicações profundas para a saúde e funcionamento dos ecossistemas.

Enquanto muitos estudos anteriores focaram nas características acima do solo das plantas invasoras, como o tamanho das folhas e a taxa de crescimento dos caules, a pesquisa atual mergulhou nas particularidades das raízes.

Analisando dados de 377 locais distintos nos Estados Unidos, envolvendo 94 espécies invasoras e 693 nativas, os cientistas descobriram que as plantas invasoras possuem raízes com maior comprimento específico e menor densidade de tecido radicular em comparação com as nativas.

Essas diferenças nas raízes permitem que as plantas invasoras se adaptem e cresçam rapidamente, competindo de forma mais eficaz por nutrientes essenciais como nitrogênio e fósforo. A competição intensa favorece o estabelecimento das plantas invasoras e remodela as comunidades microbianas do solo.

Homogeneização das comunidades microbianas

Um dos achados mais notáveis do estudo é que os solos fortemente invadidos apresentam comunidades microbianas mais homogêneas em todo o país. Isso significa que, independentemente do tipo de ecossistema ou da região geográfica, as comunidades de microrganismos tendem a se tornar mais semelhantes quando dominadas por plantas invasoras.

Esse fenômeno de homogeneização pode comprometer a diversidade funcional dos microrganismos do solo, reduzindo a resiliência do ecossistema a distúrbios e limitando a capacidade de realizar processos essenciais como a ciclagem de nutrientes.

Implicações para a agricultura

Para os agricultores, esses resultados ressaltam a importância de monitorar e controlar plantas invasoras. Não apenas para proteger as culturas diretamente, mas também para preservar a saúde do solo. Comunidades microbianas diversas são fundamentais para a fertilidade do solo, controle de pragas e doenças. E para a sustentabilidade a longo prazo das terras agrícolas.

Além disso, a homogeneização das comunidades microbianas pode facilitar ainda mais a invasão de novas espécies exóticas, criando um ciclo vicioso que ameaça a biodiversidade e a funcionalidade dos ecossistemas naturais e agrícolas.

Desafios e futuras pesquisas

Os pesquisadores reconhecem limitações em sua abordagem macroecológica, como a dependência de dados agregados e a necessidade de estudos mais detalhados em escalas menores.

Futuras pesquisas deverão focar em experimentos localizados e análises de alta resolução para entender melhor os mecanismos específicos pelos quais as raízes das plantas invasoras influenciam os microrganismos do solo.

Além disso, há uma necessidade de desenvolver estratégias de manejo que considerem as interações abaixo do solo, visando mitigar os impactos das plantas invasoras e restaurar a diversidade microbiana essencial para a saúde dos ecossistemas.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1073/pnas.2418632121

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