Pesquisadores desenvolvem cultivar mais produtiva de capim azevém

Forrageira é uma das mais importantes para a alimentação do gado leiteiro, especialmente na Região Sul

22.08.2022 | 17:14 (UTC -3)
Embrapa
Forrageira é uma das mais importantes para a alimentação do gado leiteiro, especialmente na Região Sul. - Foto: Paulo Lanzetta
Forrageira é uma das mais importantes para a alimentação do gado leiteiro, especialmente na Região Sul. - Foto: Paulo Lanzetta

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma nova cultivar de azevém (Lolium multiflorum Lam.) com produtividade de folhas até 20% maior em comparação às tradicionais da mesma espécie. Trata-se de um avanço importante uma vez que esse capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul. Em produtividade de forragem, o material recém-desenvolvido gerou 2% mais do que as cultivares BRS Ponteio e a Fepagro, dois importantes materiais de azevém que estão no mercado. Chamada de BRS Estações, a nova cultivar ficou entre as mais produtivas em experimentos realizados no Paraná.

Com lançamento agendado para o dia 29 de agosto, a BRS Estações apresenta ciclo produtivo longo, persistindo até novembro de acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Andréa Mittelmann. “Isso permite prolongar o pastejo, contribuindo para o enfrentamento do vazio forrageiro de primavera”, destaca a pesquisadora ao detalhar que a cultivar apresenta altura média a baixa, com folhas largas e longas e uma inflorescência densa, com alto número de espiguetas por espiga.

Lançamento na Expointer

A BRS Estações, nova cultivar de azevém da Embrapa, será lançada no dia 29 de agosto, durante a Expointer, no Parque de Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS).

A cultivar foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento de Azevém da Embrapa, que integra as unidades Embrapa Clima Temperado e Embrapa Gado de Leite, com participação das unidades Embrapa Pecuária Sul e Embrapa Trigo. O desenvolvimento ocorreu no âmbito do convênio da Embrapa com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e com a Associação Sul-Brasileira para o Fomento e Pesquisa de Forrageiras (Sulpasto). 

“Por ser proveniente de populações adaptadas à Região Sul do Brasil, a planta tem boa adaptação e sanidade, além de possuir alta produtividade de forragem, com excelente qualidade devido ao florescimento tardio e à excelente relação folha/colmo”, relata a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Fernanda Bortolini. A pesquisadora realça a produtividade das sementes, por ter espigas densas e capacidade de ressemeadura natural. O analista da Embrapa Sérgio Bender diz que a nova cultivar se destaca principalmente pela boa produtividade das folhas, o que dá mais qualidade ao pastejo.

Essa é a terceira cultivar de azevém desenvolvida pela Embrapa. A primeira, BRS Ponteio, ocorreu há uma década e foi considerada um sucesso pelo setor, com uma produtividade 7% maior que as concorrentes, na época. A segunda, BRS Integração, lançada em 2017, possui um ciclo mais curto (20 dias a menos), produzindo 5% a mais que a BRS Ponteio e se adapta bem aos sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILPF).

As plantas são consideradas aptas ao pastejo quando atingem 18 cm de altura, segundo informa Carlos Eduardo da Silva Cardoso, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que especificou os protocolos de manejo. Para que ocorra o máximo acúmulo de folhas vivas, o intervalo entre cortes deve corresponder ao tempo necessário para a expansão completa de duas novas folhas: em torno de 30 dias ou 300 Graus-Dia (cálculo da soma térmica em graus-dia “GD”realizada a partir da temperatura média do ar subtraída da temperatura base) durante o período vegetativo e em torno de 20 dias ou 230 Graus-Dia durante o período reprodutivo. “Para que haja alta colheita de folhas vivas, a cada pastejo as plantas devem ser rebaixadas até atingirem a metade da altura inicial”, recomenda o professor. O aparecimento das flores ocorre em meados de outubro, com a produção suficiente de sementes para que haja ressemeadura natural, formando-se nova pastagem de azevém na mesma área no ano seguinte.

Forrageira de inverno

O azevém é uma espécie forrageira de grande importância para a Região Sul do Brasil e, desde que irrigada, pode ser cultivada também em algumas localidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Uma das principais forrageiras de inverno cultivadas no Brasil, essa gramínea resiste bem a baixas temperaturas. Importante banco de proteínas para o gado no período de entressafra, a suplementação com apenas duas horas de pastagem em um campo cultivado com azevém é capaz de garantir a produção diária de cerca de dez litros de leite por vaca, reduzindo a necessidade de concentrado e, consequentemente, os custos de produção.

A gramínea se adapta bem às condições climáticas do centro-sul brasileiro, onde, durante o inverno, as temperaturas são amenas. Um limitante, porém, é a necessidade de água. Ela exige o uso contínuo de irrigação. Por ser uma cultura anual, própria para o outono/inverno, o azevém não compete com outras culturas. A gramínea pode ser plantada nas mesmas áreas utilizadas para o cultivo do milho ou do arroz. O plantio ocorre em meados de março e final de abril, quando as áreas das culturas de verão já se encontram desocupadas.

A forrageira possui sementes pequenas, do tamanho de um grão de arroz e pode ser semeada em linhas ou a lanço. Pode-se, ainda, semear com o solo preparado de modo convencional ou sobressemeado em áreas de campo nativo ou pastagens cultivadas de verão.

O azevém é utilizado em pastejo.  Como a forrageira é utilizada no inverno (período mais crítico para a alimentação do gado), não há necessidade de conservação. Em sistemas confinados, a forragem pode ser cortada no campo e fornecida verde para os animais.  A utilização da forragem verde diminui a necessidade de mão-de-obra. No entanto, nada impede que o produtor faça silagem ou feno.

Como adquirir sementes

As sementes da nova cultivar podem ser adquiridas pela Andreola & Cia. Ltda. Rua Henrique Scarpellini, 2077 - Área Industrial CEP 98270-000 – Pejuçara, RS Telefone: (55) 3377-1363 e-mail: andreola.comercial@hotmail.com

Manejo recomendado

As recomendações de manejo da BRS Estações foram desenvolvidas pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O professor do Departamento de Fitotecnia da UFPel, Carlos Eduardo da Silva Pedroso, elenca os seguintes cuidados de manejo no cultivo:

- Densidade de semeadura: 20 kg/ha de sementes puras viáveis na semeadura em linhas e 25 kg na semeadura à lanço;

- Correção do solo: Solo corrigido quanto à acidez e fertilidade, conforme as recomendações da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo;

- Adubação nitrogenada: 20 a 30 kg N/ha na base e 150 kg/ha em cobertura, parcelados ao longo do ciclo, sendo a primeira dose no momento em que as plantas estiverem com três a quatro folhas.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

LS Tractor Fevereiro