Pesquisadores da EPAMIG e da Embrapa Café acompanham o desempenho de novas cultivares de café

O trabalho, conduzido em parceria pelas duas instituições, busca a identificação de variedades de café mais adequadas a diferentes condições de clima, solo e relevo.

13.04.2023 | 16:59 (UTC -3)
Mariana Vilela de Assis

Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e da Embrapa Café estão acompanhando a evolução das unidades demonstrativas que integram o projeto de avaliação do desempenho de novas cultivares de café para o estado de Minas Gerais. “Estamos no terceiro giro de visitas às propriedades, neste momento que marca o primeiro ano dos experimentos no campo”, explica o pesquisador da EPAMIG, Gladyston Carvalho, coordenador do projeto.

O trabalho, conduzido em parceria pelas duas instituições, busca a identificação de variedades de café mais adequadas a diferentes condições de clima, solo e relevo. As 42 unidades demonstrativas foram implantadas, entre o fim de 2021 e o começo de 2022, em 41 municípios das regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Cada uma das propriedades participantes realizou o plantio de 1600 mudas das 16 cultivares selecionadas para serem avaliadas. "Optamos por cultivares do Programa de Melhoramento Genético da EPAMIG que se destacaram em projetos no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas e em materiais promissores desenvolvidos pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, pela Fundação Procafé e pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Além da cultivar Catuaí Amarelo IAC 62, que servirá como referência para o Estado", destaca Gladyston.

Participação dos produtores e contrapartidas

Os produtores que receberam as unidades demonstrativas assumiram o compromisso de fazer da área uma vitrine para a difusão das experiências para os cafeicultores do entorno. O modelo, já testado nas regiões do Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores, e no Sul de Minas, em parceria com a Cooxupé, prevê que o dono da propriedade seja responsável pelo custeio da lavoura, do cultivo ao preparo das amostras para avaliação sensorial. Como contrapartida recebem das instituições parceiras suporte tecnológico.

O engenheiro agrônomo e cafeicultor Sérgio Meirelles Filho conta que desde 2009 abre a propriedade, na região da Chapada de Minas, para experimentos em parceria com a EPAMIG. “Estou há 40 anos na atividade e sempre valorizei essa interação com a área técnica, especialmente para a nossa região que não conta com trabalhos referência e, muitas vezes, se baseia em experiências da zona de Manhuaçu, que possui aspectos semelhantes, mas não tem as mesmas características da nossa área”, afirma.

Meirelles informa que sua propriedade já é referência para os cafeicultores vizinhos. “Realizamos dias de campo e sempre compartilhamos os dados oficiais levantados pela EPAMIG e demais parceiros. No primeiro trabalho conjunto com a EPAMIG, em 2009, fizemos testes que contribuíram para a validação da cultivar MGS Arañas”. Com a nova unidade experimental, o produtor, que tem como foco a produção de bebidas especiais, pretende identificar cultivares que melhor se adaptem a áreas irrigadas. “Estou iniciando esse projeto de irrigação e como a parceria propõe que usemos nossos padrões de manejo e tratos culturais, terei a oportunidade de avaliar qual é a melhor variedade para áreas irrigadas”.

Na Fazenda Agrofelício, no município de Felício dos Santos, o objetivo é selecionar cultivares para a renovação da lavoura. “Nós estamos sempre abertos a fazer testes, temos outras duas áreas experimentais, além deste projeto. Não temos possibilidade de expandir a área de cultivo, mas pretendemos investir na renovação da lavoura e procuramos identificar, dentro das nossas condições de cultivo e manejo, quais as cultivares mais produtivas e melhor adaptadas a nossas características de clima e solo”, pondera o gerente, Raphael Marques da Silveira.

A definição de um terroir e a busca por uma bebida de qualidade mais elevada foram os fatores que motivaram a adesão da Fazenda Ecoagrícola ao projeto. A propriedade, no município de Francisco Dumont (MG), conta como uma área de 2100 hectares e há 46 anos dedica-se à cafeicultura. “O nosso interesse é mapear a melhor dessas variedades nos quesitos qualidade e produtividade, vislumbrando a identificação do terroir da nossa região”, justifica o engenheiro agrônomo e gestor agrícola do grupo, Heleno Xavier.

Impressões e perspectivas

Ainda que não tenham atingido a idade produtiva, algumas plantas já estão se destacando em quesitos como crescimento e vigor. “Nesse terceiro giro, já visitamos propriedades no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha, no Campo das Vertentes, no Sul de Minas e no Cerrado Mineiro e temos nos deparado com áreas lindas, cada uma com suas próprias características, que estão se desenvolvendo bem, algumas com certa precocidade”, avalia o pesquisador Gladyston Carvalho.

“Temos duas variedades em campo que sobressaíram em crescimento na comparação com as demais. Ainda é cedo para cravarmos uma projeção de produtividade, mas temos uma boa expectativa”, afirma Heleno Xavier do Grupo Ecoagrícola.

Raphael Marques, gerente da Fazenda Agrofelício, diz que as perspectivas são de uma boa colheita já na safra de 2024. “Projetamos que na primeira produção algumas pequenas lavouras devam surpreender. Não fizemos nada fora das práticas de costume e tivemos uma conjunção de fatores positivos, como qualidade das mudas e chuva no tempo certo. E o que temos percebido é o melhor plantio de todos os tempos na propriedade, com uma perspectiva de uma precocidade não presenciada antes”.

Sérgio Meirelles Filho também espera uma primeira safra promissora. “A expectativa é de uma colheita em quantidade considerável já no próximo ano, já com possibilidade de apresentarmos os primeiros resultados”.

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