Pesquisadores da Epagri identificam nova praga de frutíferas em Santa Catarina

A descoberta aconteceu durante estudo coordenado para conhecer as espécies de drosofilídeos associados às frutíferas nativas e à cultura do morangueiro na região do Alto Vale do Rio do Peixe

04.03.2024 | 09:24 (UTC -3)
Por Isabela Schwengber, edição Revista Cultivar
Adulto de <i>Zaprionus tuberculatus</i>: <b>(A)</b> vista dorsal das faixas brancas longitudinais ao longo da cabeça e do tórax e <b>(B)</b> detalhe do tubérculo proeminente na superfície externa do fêmur das pernas anteriores, característico da espécie. Tamanho real do inseto = 3mm - Fotos: (A) Juracy Caldeira Lins Junior e (B) André Amarildo Sezerino
Adulto de Zaprionus tuberculatus: (A) vista dorsal das faixas brancas longitudinais ao longo da cabeça e do tórax e (B) detalhe do tubérculo proeminente na superfície externa do fêmur das pernas anteriores, característico da espécie. Tamanho real do inseto = 3mm - Fotos: (A) Juracy Caldeira Lins Junior e (B) André Amarildo Sezerino

Equipe coordenada pela pesquisadora Janaína Pereira dos Santos, da Estação Experimental da Epagri em Caçador, registrou um novo inseto-praga em Santa Catarina, o Zaprionus tuberculatus (Diptera: Drosophilidae).

Segundo Janaína, a presença de Z. tuberculatus no Brasil é preocupante, pois essa espécie ocupa nichos semelhantes aos de outros drosofilídeos-praga, tais como Zaprionus indianus e Drosophila suzukii. A interação dessas espécies no mesmo cultivo pode aumentar o potencial de infestação e, consequentemente, os danos nos frutos.

"Para a fruticultura, essa praga exótica representa um risco potencial, pois é uma espécie generalista que explora eficientemente tanto frutíferas nativas quanto exóticas", alerta a pesquisadora.

A identificação aconteceu em 2023 e foi relatada em artigo publicado na edição mais recente da revista Agropecuária Catarinense, publicação científica da Epagri. A descoberta aconteceu durante estudo coordenado por Janaína para conhecer as espécies de drosofilídeos associados às frutíferas nativas e à cultura do morangueiro na região do Alto Vale do Rio do Peixe, com objetivo de obter informações para subsidiar programas de manejo integrado de drosofilídeos-praga.

"Até o momento, os resultados da pesquisa reforçam a necessidade da realização do monitoramento de Z. tuberculatus no Estado, para se avaliar seus impactos, distribuição e estabelecer futuros programas de manejo da espécie", detalha.

Coletas de insetos em Caçador e Videira

Janaína conta que a primeira coleta de Z. tuberculatus foi em março de 2023, em morangos produzidos em Caçador e em frutos de goiaba-serrana e araçá-amarelo coletados em Videira, municípios do Alto Vale do Rio do Peixe. Em Caçador, a espécie também já foi registrada atacando frutos de araçá-vermelho e em armadilhas de monitoramento em cultivos de maçãs, peras e morangos. Os pesquisadores também observaram o inseto-praga em uvas viníferas e amora-preta em Videira.

O primeiro registro de Z. tuberculatus no Brasil ocorreu em 2020, em parques urbanos de Brasília, o que foi também o primeiro registro da praga no continente americano. A ocorrência de Z. tuberculatus também já foi relatada em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A espécie é originária da região tropical da África e integra o grupo das moscas-das-frutas, conhecidas como "vinegar fly" ou "pomace fly".

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