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A castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-pará ou castanha-do-brasil, é uma amêndoa bastante valorizada em diversos mercados e o aumento do interesse da indústria despertou também no produtor agroextrativista a possibilidade de aumentar a produção com o plantio da castanheira em consórcio com outras espécies ou enriquecendo os castanhais nativos. Os pesquisadores da Embrapa adaptaram um método de produção de mudas de castanheiras para atender esta demanda de plantio, além de melhorarem e recomendarem as técnicas já utilizadas.
A produção de mudas de castanheira em mini-estufas é um método ideal para áreas extrativistas onde a demanda é para atender apenas o produtor e seus vizinhos, e não há estruturas para viveiros florestais, além de ser uma prática de baixo custo. As mini-estufas são de fácil confecção e podem ser utilizados materiais disponíveis nas propriedades. “A produção de mudas de castanheira não é uma tarefa muito fácil, especialmente porque o processo é demorado e as mudas são desiguais. Este método que propusemos permite o desenvolvimento vegetativo mais rápido, resulta em mudas mais uniformes e proporciona lotes de mudas com melhor qualidade”, afirma Lúcia Wadt, pesquisadora da Embrapa.
Atualmente, o método tradicional para produção de mudas da castanheira é via sementes, em uma estrutura de viveiro florestal, o que torna a atividade custosa. Com base em uma experiência do Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana (IIAP) pesquisadores da Embrapa adaptaram o método de produção de mudas de castanheiras em pequena escala e a baixo custo.
Além da produção de mudas por sementes, que pode ser feita de forma tradicional ou utilizando as mini-estufas, a Embrapa tem avançado nas pesquisas com a propagação vegetativa da castanheira, realizada por enxertia. A técnica já definida para a castanheira gera precocidade na produção de frutos, mas também pode ser utilizada para o plantio de plantas selecionadas.
“Isso é especialmente importante porque uma árvore de castanheira precisa de outra geneticamente compatível para produzir uma boa safra de frutos. Estudos da Rede Kamukaia demonstram que uma quantidade significativa de castanheiras, em floresta nativa, não produzem frutos ou produzem muito pouco. Isso sugere que um plantio de castanheiras sem conhecer a origem das mudas pode resultar em um castanhal pouco produtivo” diz Lúcia. Dessa forma, a enxertia é uma técnica muito importante para o cultivo da castanheira e que precisa ser aperfeiçoada e divulgada entre técnicos da extensão rural e produtores/viveiristas.
“Com a recomendação de clones e um método eficiente de enxertia podemos selecionar matrizes mais produtivas além de que o desenvolvimento e a produção inicial de frutos serão muito mais rápidos do que se realizar plantio da forma tradicional”, comenta Eneide Taumaturgo, chefe da divisão de apoio à agricultura familiar e indígena da SEPA.
A Embrapa Rondônia realiza, na quinta-feira (29 de setembro), o curso “Produção de mudas de Castanheira–da-amazônia”. O objetivo é capacitar técnicos extensionistas do Acre e de Rondônia sobre as principais formas de produção de mudas da castanheira-da-amazônia para que possam levar essas informações aos produtores rurais. A programação vai abordar desde temas como a legislação até práticas em viveiros, produção de mudas em mini-estufas com demonstração da técnica de enxertia.
“A capacitação será de suma importância, pois nós iremos repassar as informações recebidas para os extrativistas do Acre, para que eles produzam suas próprias mudas de castanheiras e as plantem, seja em Sistemas Agroflorestais (SAFs) ou realizando o enriquecimento de clareiras em suas florestas. Além disso, a produção de mudas pode servir como outra fonte de recursos, caso vejam a possibilidade de venda de mudas para outras comunidades e projetos”, comenta Eneide Taumaturgo.
Segundo Lúcia Wadt, a produção de mudas de castanheira-da-amazônia para enriquecimento de castanhais nativos e implantação de Sistemas Agroflorestais contribui para o uso sustentável da Amazônia e pode ajudar muitas famílias extrativistas a manter e até melhorar sua renda familiar evitando o abandono da floresta ou a substituição por outros sistemas produtivos.
Para Jorge Luiz Procópio, extensionista da secretaria de agricultura de Rondônia, dentro de seis a oito anos, o produtor terá seus primeiros frutos, segundo apontam as pesquisas. “E essas castanhas serão adicionadas ao cardápio, contribuindo para a segurança alimentar da família e o excedente poderá ser comercializado como mais uma fonte de renda e agregar valor à propriedade rural”, afirma.
O curso é de realização da Embrapa, das secretarias de agricultura do Acre e Rondônia, EMATER-RO para os técnicos extensionistas da área. Esta capacitação é parte de projetos executados pela Embrapa, tais como Melhoramento Genético da castanheira-do-brasil para produção de frutos - Fase II; Manejo florestal e extrativismo: criando referências para o desenvolvimento territorial na Amazônia (MFE-Amazon) e Capacitação em boas práticas de produção de castanha-do-brasil e produção de mudas para enriquecimento de clareiras , financiados por agêncicas públicas e internacionais.
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