Pesquisa seleciona cultivares de brócolis com capacidade de resistência à podridão negra

Considerada como um fator limitante da produção de brócolis, a podridão negra tem se mostrado relevante nos cultivos em verões quentes e chuvosos

11.08.2020 | 20:59 (UTC -3)
Anelise Macedo​

A instalação de experimentos que avaliaram o comportamento de cultivares de brócolis com relação à doença podridão negra, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv campestris, contabilizam resultados bastante promissores para o cultivo da hortaliça na região do Distrito Federal. Considerada como um fator limitante da produção de brócolis, a podridão negra tem se mostrado relevante nos cultivos em verões quentes e chuvosos. 

“Se associada a cultivares que não sejam adaptadas a temperaturas acima de 30ºC, a ocorrência dessa e de outras doenças pode causar perdas de até 100% da produção”, explica o pesquisador Raphael Melo, que conduziu os experimentos na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) juntamente com a pesquisadora Alice Quezado. Nesse quesito, Melo chama a atenção para a inexistência de produtos de proteção fitossanitária, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), específicos para esse alvo em brócolis ou outras brássicas. Segundo ele, isso reforça a necessidade da adoção de medidas pautadas na prevenção e no manejo.              

Na mesma linha de abordagem, Quezado assinala que muitas vezes a informação sobre o desempenho de uma cultivar - que já está no mercado - com relação a determinada doença não é conhecida. “Esse é o caso das variedades de brócolis disponíveis no mercado brasileiro e a podridão negra”, pontua a pesquisadora, que destaca o papel da FAPDF na obtenção dos resultados a partir da aprovação do projeto “Desenvolvimento de estratégias de manejo da podridão negra em cultivos no Distrito Federal” no Edital 03/2016.

BOLETIM DE P&D

O trabalho desenvolvido pelos dois pesquisadores é explicitado no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 200, já disponível para download pelo link https://bit.ly/31I7yxd. A publicação registra que nesse processo foram avaliadas seis cultivares híbridas de brócolis de inflorescência única e dois híbridos experimentais quanto à reação para a podridão negra e à aptidão para comercialização no Distrito Federal.

Oito cultivares de brócolis foram avaliadas em casas de vegetação e em condições de campo, por meio de inoculação artificial da bactéria. Entre elas, mereceram destaque a Salinas e BC1691, “pela estabilidade dos índices de severidade da doença e pela capacidade produtiva para os cultivos de verão-outono na região”.

“O trabalho que resultou nesse Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento pode auxiliar na escolha de cultivares adaptadas e que apresentaram algum grau de resistência”, considera Melo, para quem “o foco nessa doença e nos períodos de cultivo como objetivos do projeto visam possibilitar maior rentabilidade aos agricultores”.

“O volume de produção de brócolis é menor e os preços pagos por kg são maiores nesse período de verão, ou seja, quem conseguiu uma produção de qualidade nos meses de verão pode vir a lucrar mais, portanto a escolha da cultivar é fundamental”, sentencia.


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