FMC apresenta inseticida na Expocitros
Premio Star (clorantraniliprole e bifentrina) oferece proteção contra 50 alvos biológicos em mais de 50 culturas, de acordo com informações da empresa
A citricultura brasileira ganha três novos materiais importantes, duas variedades de laranja e uma de limão Tahiti. A laranjeira BRS IAC FCC Alvorada é versátil, podendo ser destinada a suco ou consumo in natura. Já a Navelina XR é a primeira laranjeira resistente à bactéria causadora do amarelinho (clorose variegada dos citros, CVC). E o novo limão Tahiti BRS EECB IAC Ponta Firme apresentou produtividade 242% superior à média alcançada no estado de São Paulo, a maior do Brasil. As três variedades cítricas são resultantes de pesquisa em parceria entre a Embrapa, a Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC) e o Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM), vinculado ao Instituto Agronômico (IAC).
“Nossa parceria com a Embrapa é antiga e importante para a citricultura brasileira. Essa cadeia produtiva passa por grandes desafios fitossanitários e precisa de novos materiais. São muito importantes materiais que aumentem a amplitude genética e, principalmente, a produtividade. Por isso, nós da Fundação, estamos muito felizes e orgulhosos por participar desse trabalho”, relata o responsável técnico da FCC, Marcelo Bassi.
Em comum acordo entre as três instituições, a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, a laranjeira-de-umbigo Navelina XR e o limoeiro BRS EECB IAC Ponta Firme passaram pelo Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), mas os pesquisadores frisam que elas não estão protegidas, o que facilita o acesso pelo produtor. “São acessos antigos que carregam o esforço de muitas instituições e nós entendemos que o lançamento deveria ser em conjunto. Inclusive, são materiais que já estão sendo cultivados pelos produtores em pequena escala”, explica Eduardo Augusto Girardi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) Cinturão Citrícola, sediada no Fundecitrus, em Araraquara (SP).
“Como houve compartilhamento de material genético entre as instituições, fizemos a revisão da documentação de mantenedoria e atualizamos a comantenedoria, reconhecendo o trabalho em conjunto”, ressalta o pesquisador Dirceu de Mattos Júnior, diretor do CCSM/IAC, instituição responsável por estabelecer as plantas matrizes que vão originar os materiais para distribuição ao citricultor. “Estamos replicando o material em grande quantidade para formar novas borbulheiras e atender aos produtores”, informa.
“Uma laranja multiúso”. Assim o pesquisador da Embrapa Eduardo Stuchi, sediado na FCC em Bebedouro (SP), define a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, uma vez que, graças ao sabor, ela pode ser usada tanto para mercado in natura como para produção de suco concentrado congelado e de suco pasteurizado (NFC, not from concentrate orange juice ou suco não concentrado). “Com maturação precoce e boa produção em relação às laranjeiras Westin e Hamlin, ela produz mais sólidos solúveis totais, os sólidos dissolvidos na água, incluindo açúcar, sais, proteínas, ácidos etc. Além disso, ela apresenta uma excelente cor de polpa. Ela agrada mais ao paladar e com um adicional, o de ter zero a três sementes, podendo ir para o mercado de fruta fresca. Até pouco tempo, a indústria de suco só produzia suco concentrado, mas, com a exigência do NFC, as principais precoces como Hamlin não atendem bem. Ou seja, ela pode diversificar essas variedades tradicionais”, continua. O pesquisador Eduardo Girardi confirma: “Hoje existe a necessidade de laranjas precoces e a Alvorada atende a um nicho, em razão de suas qualidades”.
A variedade foi avaliada inicialmente nas condições de clima de Bebedouro, na região norte do estado de São Paulo, que apresenta clima subtropical, com inverno moderado e seco, sendo necessário o uso de irrigação. Esse tipo de clima engloba também parte da região central do estado. “No entanto, observamos seu melhor desempenho nas condições do sudoeste e extremo sul de São Paulo, devido à excelente qualidade de frutos e à baixa incidência de seca fisiológica de ramos sob clima mais ameno. A variedade pode ser enxertada em citrumelo Swingle, tangerineira Sunki, tangerineira Cleópatra e limoeiro Cravo. A BRS IAC FCC Alvorada foi validada em Bebedouro por 14 anos, durante 10 safras. “Passei metade da minha carreira profissional vendo o desempenho dessa laranjeira”, conta Stuchi.
Indicada para consumo in natura, a Navelina XR é a única laranjeira naturalmente resistente à bactéria Xylella fastidiosa, causadora da clorose variegada dos citros (CVC), sem sofrer danos nem sendo hospedeira ou fonte de inóculo relevante. Popularmente conhecida como amarelinho, a CVC é uma importante doença que acomete a citricultura brasileira desde os anos 1980, podendo ser disseminada por inseto vetor (mais de 11 tipos de cigarrinhas) e por mudas infectadas. “Ela é uma excelente alternativa para cultivo na presença dessa doença, já que dispensa podas ou controle dos vetores, o que deve ser mantido para outras laranjeiras, como a Pera. Além disso, o mercado brasileiro tem carência de oferta de variedades de laranjas de mesa precoces, particularmente de umbigo, e com frutos de boa qualidade”, afirma Stuchi.
A variedade apresenta frutos típicos de laranja Baianinha: sem sementes, com maturação precoce a meia-estação e que se conservam nas plantas após atingirem a maturidade comercial, mas com certo grau de granulação. A produtividade média é de 15 kg/planta aos 4 anos de idade e 100 kg/planta aos 10 anos. É indicada para o estado de São Paulo, preferencialmente em regiões com temperatura mais amena.
Helvécio Della Coletta Filho, pesquisador do CCSM, participou dos testes de respostas da Navelina XR à infecção por Xylella fastidiosa, realizados no Laboratório de Fitopatologia da instituição. “Mesmo com infecção, não foi observada diminuição no tamanho dos frutos ou sintomas foliares severos. Alguns sintomas foliares foram observados, mas com posterior regressão. Em condições de alta severidade de CVC, a variedade poderia ser uma opção de cultivo para quem quer produzir laranja de mesa. Porém, como é uma variedade de umbigo, não é recomendada para processamento industrial”, salienta.
Inicialmente, a variedade é indicada para as regiões centro, norte e noroeste do estado de São Paulo, preferencialmente em áreas irrigadas. Além do citrumelo Swingle, os outros porta-enxertos indicados são os trifoliatas Flying Dragon e comum, a tangerineira Sunki BRS Tropical, os limoeiros Cravo e Volkameriano e os citrandarins Indio e San Diego.
Precoce na entrada de produção, a variedade produz, de forma natural, sem nenhum tratamento, mais frutos no segundo semestre quando irrigada. “A partir de agosto, começa a subir o preço do limão. Com o BRS EECB IAC Ponta Firme, o produtor pode ter mais renda, pois a produção começa antes. Ele equilibra preço e favorece os exportadores. Existem vários tratamentos que os produtores fazem no cultivo. Imagino que, submetido a tratamentos, deve ‘bombar’ de frutos”, acredita Stuchi.
A produtividade do novo limão impressionou os pesquisadores. Ela tem alcançado média de 80 toneladas por hectare (t/ha) enquanto a média no estado de São Paulo, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 33 t/ha em 2021.
O produtor Edvaldo da Costa Mello, de Paranapuã (SP), é um entusiasta do BRS EECB IAC Ponta Firme, que cultiva há aproximadamente dez anos, desde que recebeu as mudas na Fazenda Santa Rita para acompanhar e validar. Com o pomar 100% irrigado, tem, hoje, 14 mil plantas enxertadas em Flying Dragon. “Rústica, vigorosa, produtiva, com qualidade de fruto e uniformidade do pomar”, Mello define a variedade. “Ele deu estabilidade às plantações”, explica.
Valentim Gavioli é consultor de plantio comercial do BRS EECB IAC Ponta Firme em Taquaritinga, na região centro-norte do estado de São Paulo. "A área mais velha, plantada no espaçamento 6 m x 2,5 m e em cima do porta-enxerto Flying Dragon, está com seis anos e produziu em torno de 80 toneladas por hectare na última safra", conta. Na mesma propriedade, há o plantio do limão IAC 304 enxertado em Flying Dragon, que produz, em média, 65 a 70 t/ha.
Na sua propriedade, Gavioli implantou recentemente dois pomares de Ponta Firme, também sobre Flying Dragon, e está na expectativa de bons resultados. Sete mil plantas têm um ano e meio e 3,5 mil estão com seis meses. Numa área experimental, Gavioli cultiva outras variedades de Tahiti, entre elas, as melhores selecionadas pela Embrapa, como o BRS EECB IAC Ponta Firme.
Já o engenheiro-agrônomo Helton Carlos de Leão, sócio-consultor da Smart Citrus, participou dos trabalhos de avaliação da variedade BRS IAC FCC Alvorada, a partir do momento em que as plantas começaram a produzir. A boa performance fez Leão investir, pessoalmente, no cultivo da BRS IAC FCC Alvorada. “A variedade tem um potencial tão grande que, recentemente, implantei um pomar próprio e ela foi a primeira variedade que plantei na minha área. Pode acreditar. O material é muito bom”, ratifica.
José Eduardo Teófilo, fundador e integrante do Grupo de Consultores em Citros (GConci), produz citros em Altinópolis, Mococa e São José do Rio Pardo (SP) e acompanha de perto a performance das variedades BRS IAC FCC Alvorada e BRS EECB IAC Ponta Firme. “Plantamos numa fazenda, uns 12 anos atrás, um experimento com diversas variedades que Stuchi enviou. Dentre elas, estava a Alvorada, que é uma fruta muito interessante para o nosso estado porque tem uma qualidade de suco numa época precoce, que vai de maio até julho, e tem de zero a três sementes, ou seja, quase nenhuma semente. O suco tem boa cor, que é muito importante para se fazer o NFC, o suco pronto para beber que fica refrigerado, e está sendo produzido por várias pequenas fábricas. Aparentemente, ela é bem produtiva. Temos que acompanhar, ao longo da vida, se a produtividade se mantém constante”, salienta.
“Quanto ao BRS EECB IAC Ponta Firme, além da produtividade, ele mantém a uniformidade de planta, não tem oscilação de uma planta para outra, o formato do fruto é bonito, carrega bem e é muito produtivo. Ele basicamente está consolidado. Conheço produtores das duas variedades e eles estão gostando”, afirma.
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