Pesquisa da USP venceu uma das premiações mais cobiçadas no meio científico: o Prêmio Péter Murányi 2016

Frutas mais resistentes e saborosas: pesquisa que abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação, venceu premiação no valor de R$ 200 mil

26.02.2016 | 20:59 (UTC -3)
Erika Coradin

O que todo produtor, comerciante e consumidor de frutas tropicais almeja pode, num futuro próximo, ser alcançado. Um trabalho liderado pelo professor Franco Lajolo, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), está abrindo caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação de frutas a partir do entendimento dos seus mecanismos de amadurecimento. O avanço nesta área do conhecimento possibilitará diminuir as perdas pós-colheita e oferecer ao consumidor final um produto melhor, mais nutritivo, doce e firme.

A pesquisa, focada em produtos de alto valor comercial no Brasil - banana, mamão e manga - é tão importante em termos de inovação e impacto social que venceu o Prêmio Péter Murányi 2016 - Alimentação, no valor de R$ 200 mil. "O trabalho saiu vencedor entre mais de 90 inscritos; e passou pelo crivo de uma Comissão Técnica Científica altamente competente", afirmou Zilda Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação que organiza o prêmio. Acabou sendo escolhido entre três finalistas por um júri composto por 27 integrantes, que se reuniu na tarde da última quarta-feira (17/02), na Sala do Conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. "O trabalho tem um impacto social grande, pois possibilita diminuir os índices de perdas de frutas pós-colheita, mantendo um padrão de alta qualidade", destacou.

Avanço científico - O mérito do trabalho foi mostrar quais são as vias metabólicas para a transformação do amido em açúcar (as enzimas envolvidas e o seu controle) e identificar as enzimas que atuam na degradação da parede celular, ou seja, na textura da fruta. No final, chegou-se à conclusão de que as mudanças dependem da síntese de enzimas, da expressão de genes específicos em determinados períodos do pós-colheita e de hormônios, como o etileno e auxinas. E mais: descobriu-se que a velocidade da transformação varia conforme o cultivar.

"Identificamos uma variedade com mais resistência ao frio - fator importante para garantir a qualidade do produto no transporte de longa distância", conta o coordenador da pesquisa, o prof. Lajolo, que também é membro do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - FoodResearch Center) - um dos centros de excelência apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O trabalho do prof. Lajolo, intitulado "Bases moleculares das transformações pós-colheita e qualidade de frutas", foi realizado em conjunto com os professores doutores Beatriz Rosana Cordenunsi e João Roberto Oliveira do Nascimento, ambos da FCF-USP. O trabalho, no âmbito do Prêmio Péter Murányi, concorreu com dois finalistas de peso: a Embrapa Instrumentação Agropecuária e a Universidade Federal de Goiás.

Valorizando a ciência - Esta é quarta vez que a Universidade de São Paulo sai vencedora do Prêmio Péter Murányi, desde que o prêmio foi lançado em 2002. De lá para cá, mais de R$ 2 milhões foram concedidos em prêmios para pesquisadores e instituições cujos trabalhos se destacaram como inovações que podem melhorar a qualidade de vida nos países em desenvolvimento. "Este o foi o desejo do meu pai, materializado com a criação da Fundação Péter Murányi após sua morte", conta a presidente da Fundação.

Única iniciativa privada do gênero no País, o Prêmio Péter Murányi é concedido anualmente, de forma alternada, em quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico & tecnológico. A próxima edição será focada na área da educação. As inscrições terão início em maio próximo pelo sitewww.fundacaopetermuranyi.org.br.

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