Pesquisa da Mosaic aponta boas práticas para fertilização da cultura de milho safrinha

Estudos analisaram resultados da adubação de sistema em São Paulo e Mato Grosso

21.09.2017 | 20:59 (UTC -3)
Carolina dos Santos

Uma pesquisa realizada pela Mosaic Fertilizantes juntamente com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Fundação Mato Grosso, FAPESP e PA Consult testou a resposta do milho safrinha em relação à utilização de fósforo, nitrogênio, enxofre e potássio na adubação de sistema ou na cultura. Conduzido nos estados de São Paulo e Mato Grosso entre 2013 e 2017, o estudo também observou aspectos sobre a aplicação a lanço ou no sulco de plantio, devido mobilidade e fixação do fósforo no solo.Estima-se que boa parcela dos produtores rurais do Estado do Mato Grosso não utiliza fósforo no plantio da cultura de milho segunda safra, fazendo uso desse elemento apenas na cultura de soja. Essa prática é chamada de adubação de sistema, na qual aplica-se toda a demanda de fósforo das plantas de soja e milho safrinha em uma única cultura – que, no caso, tem sido a cultura da soja, de modo a realizar apenas uma fertilização para duas safras. Entretanto, a pesquisa realizada apontou que o milho safrinha responde melhor à fertilização de fósforo e enxofre no momento do plantio, em substituição à prática de aplicação de potássio, nutriente que mostrou resultados mais expressivos quando aplicado somente na soja.

O estudo avaliou o desempenho de nutrientes tanto isoladamente quanto combinados, com o objetivo de compreender o desempenho de cada um. Conforme ilustrado no gráfico abaixo, a parcela que recebeu a aplicação de 40kg de nitrogênio (N) na semeadura apresentou um expressivo incremento de produtividade de 1.500 kg de grãos por hectare em relação à aplicação no estádio V4-V5 da mesma dose, prática também bastante usual no Mato Grosso. Em contrapartida, a evolução da produtividade em relação à aplicação de N em cobertura não foi tão significativa ao olharmos a variável de volume de aplicação versus produtividade, ou seja, o produtor encontra melhor custo x benefício investindo na aplicação de N na semeadura, independente da forma de aplicação, tanto lanço ou sulco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 Reforçando a conclusão deste estudo realizado pela Mosaic, há também uma pesquisa conduzida pelo IAC, de 2005 a 2012, que avalia a resposta do milho segunda safra à cobertura nitrogenada. O resultado aponta que só vale a pena fazer a cobertura nesta cultura a partir de produtividades acima de 6.000 kg por hectare (ou 100 sacas por hectare), fato que tornará o investimento economicamente viável. Produções próximas ou abaixo deste valor, desde que aplicado alto teor de N no plantio do milho safrinha, tem sua demanda pelo nutriente atendida sem cobertura. Vale lembrar que é indicado que o produtor não ultrapasse os 50kg de nitrogênio por hectare no plantio, uma vez que o elemento poderá aumentar a acidez do solo próximo da semente, podendo prejudicar a plântula na fase inicial de germinação e desenvolvimento. Outro ponto importante a ser ressaltado é que a adubação de sistema pode ser realizada em qualquer situação e região, porém ela só apresenta resposta positiva em solos com fertilidade construída.

“Ao colocar zero e/ou baixa dosagem de N no plantio do milho segunda safra, o produtor utiliza um método ineficiente e será obrigado a realizar a cobertura em doses maiores para atender a demanda da cultura. Porém, aquele que colocou alta concentração de N no plantio do milho safrinha (35 a 45 kg/ha), poderá deixar de fazer cobertura nitrogenada, caso o histórico de produtividade seja abaixo de 100 a 110 sc/ha e o preço da saca de milho não esteja remunerando esta dose e aplicação, pois, ainda assim, irá colher muito bem e terá lucro, já que a dose de aplicação é muito menor e a resposta da lavoura muito maior”, explica Luiz Eduardo Salgado, Consultor Agronômico na Mosaic.

Salgado ainda ressalta que, ao realizar duas adequações na fertilização do sistema, o produtor terá verba disponível para investir em fósforo e enxofre, nutrientes importantes apontados pelo estudo e que poderão agregar resposta ao desempenho da cultura. A primeira seria retirar a aplicação de potássio da cultura do milho segunda safra, devido à baixa resposta obtida na pesquisa, e aplicar a quantidade exportada pelo milho juntamente com o potássio da soja, sendo toda a aplicação feita na soja. A segunda é reduzir a dose de nitrogênio em cobertura do milho safrinha. Ao utilizar nutrientes e dosagens adequados ao milho segunda safra, estes também ficarão disponíveis no sistema para a soja, que será plantada em outubro, melhorando a rentabilidade e desempenho da cultura.

A pesquisa também concluiu que o ideal para os produtores que desejam adotar a prática de adubação de sistema é que o fósforo (P) seja aplicado no milho segunda safra e complementado no plantio da soja, o que irá apresentar melhor resposta de produtividade em ambas as culturas. O gráfico abaixo aponta a diferença de produtividade de mais de 150 kg de grãos de milho por hectare entre as amostras de milho safrinha que receberam aplicação de 99 kg de P2O5 por hectare no milho, representadas pela bolinha azul, em comparação àquelas indicadas pela bolinha branca, que receberam a mesma dosagem de fósforo, porém, todo ele na soja.

Além disso, o milho segunda safra que recebeu a fertilização do fósforo combinada a uma alta concentração de enxofre (S), representada no gráfico abaixo pelo triângulo preto, apresentou um incremento de produtividade ainda maior, de 300kg por hectare e produzindo mais de 8.500 kg de grãos por hectare, no total.

 

 

 

 

 

 

 

 

Salgado conta que a pesquisa pode auxiliar produtores a aprimorar as práticas no cultivo de soja e milho safrinha, aumentando sua produtividade. “Com o estudo, concluímos que a troca de potássio por fósforo, enxofre e nitrogênio na fertilização do milho safrinha é muito benéfica para o agricultor. O quilo dos nutrientes fósforo e potássio tem os custos muito próximos, porém, o fósforo traz resultados melhores para a produtividade do milho, enquanto que o potássio responde bem na soja. Além disso, o potássio continua disponível no solo para a próxima cultura, uma vez que ele é o único entre os elementos essenciais para as plantas que não forma compostos orgânicos através da fotossíntese, sendo rapidamente liberado para o solo posteriormente à maturação fisiológica da planta”, afirma o consultor.

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