Painel discute viabilidade financeira de modelos de recuperação de Reserva Legal com Araucária

Um dos modelos prevê o consórcio de araucária com erva-mate

03.08.2022 | 13:37 (UTC -3)
Embrapa
Um dos modelos prevê o consórcio de araucária com erva-mate, como este da imagem. - Foto: Divulgação Embrapa
Um dos modelos prevê o consórcio de araucária com erva-mate, como este da imagem. - Foto: Divulgação Embrapa

Um painel com especialistas discutiu e definiu coeficientes técnicos para os modelos de recuperação florestal utilizados no Projeto ConservAção Araucária. O projeto, que estimula a restauração de áreas degradadas em propriedades rurais, trabalha com três modelos baseados no cultivo da araucária com espécies nativas desta tipologia florestal, tais como erva-mate e bracatinga, além da criação de abelhas sem ferrão.

Os três modelos foram discutidos e avaliados durante o painel, que fez o levantamento de receitas e custos de diversos pontos envolvidos na implantação e manutenção das áreas, tais como insumos (mudas, fertilizantes, tratos culturais), demanda de mão-de-obra (hora-trabalho das diversas atividades envolvidas), equipamentos de proteção, entre outros. Com base nestas informações, será possível realizar a análise financeira e elaborar cenários dos três modelos e adequar sua implantação à realidade dos produtores rurais.

“O Projeto ConservAção Araucária já implantou 12 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em propriedades rurais no Centro-Sul do Paraná, utilizando estes três modelos propostos para recuperação de reserva legal. Agora, a discussão de coeficientes e a análise financeira de sua viabilidade vão subsidiar ajustes e refinamentos nos modelos, para que outros produtores possam se inspirar nestas áreas e ter ideia de sua viabilidade técnica e financeira”, analisa Ives Goulart, da Embrapa Florestas, responsável pela implantação das URTs.

Participaram do painel, que aconteceu em 14 e 15/07, representantes do IDR Paraná, Instituto Água e Terra (IAT) e Conselho Gestor da Erva-mate do Vale do Iguaçu (Cogemate). Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, Sergio Ricardo Silva, coordenador do projeto, “foram convidados especialistas externos à Embrapa que fizeram parte de um Grupo Técnico de Trabalho, com o objetivo de complementar os conhecimentos de pesquisadores e analistas da Embrapa Florestas. Deste modo, a importância do trabalho é demonstrar que é possível conciliar um serviço ambiental de recuperação ou implantação de Reserva Legal com geração de renda para agricultores, especialmente para aqueles inseridos no contexto da agricultura familiar".

Segundo o pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde, da Embrapa Florestas, que conduziu o painel, “o planejamento do sistema de produção e sua análise financeira são requisitos fundamentais para o sucesso da empreitada. Como estamos trabalhando com espécies florestais, que têm um tempo maior de retorno, compreender os desenhos dos modelos, coeficientes técnicos e financeiros envolvidos traz maior segurança ao produtor. Neste caso, teremos benefícios ambientais, com a recuperação da reserva legal, mas também geração de renda aos produtores quando bem planejados”.

Pelo Novo Código Florestal, os produtores devem recuperar áreas de Reserva Legal (RL) e de Preservação Permanente (APP) em suas propriedades, mas existe uma carência de referências sobre sistemas de produção que unam produção/geração de renda e conservação. O Projeto, então, se propõe a estabelecer formas sobre como fazer isso de maneira tecnicamente adequada, conservando a floresta e, ao mesmo tempo, com levantamentos de custos de implantação e possibilidades de geração de renda.

Para Margit Hauer, do Instituto Água e Terra, os produtores rurais têm compromissos para atender o Código Florestal com a implantação do “Plano de Regularização Ambiental” (PRA), e é “interessante já discutir como fazer isso para, quando começar vigorar a exigência, já termos ferramentas e informações para produtor não só abandonar a área, mas fazer um plantio mais adequado e ver a floresta como atividade econômica, além de ambiental”.

Esta preocupação em aliar conservação e renda é corroborada Nei Kukla, presidente do Conselho Gestor da Erva-mate do Alto Iguaçu, que reforça que “o objetivo de todos os envolvidos, dos diferentes segmentos, é levar algo concreto para o produtor, para que ele consiga aproveitar essas áreas para preservação e fonte de renda. É algo bem pensado, que vai de fato levar mais uma opção para as propriedades rurais, em especial as da agricultura familiar”.

O IDR Paraná é parceiro na implantação das URTs, com a seleção dos produtores para instalação das Unidades e acompanhamento. A ideia é servir de modelo aos produtores de cada região e, para isso, a análise de coeficientes técnicos e financeiros é importante, como por exemplo a erva-mate, que entra como um dos componentes de geração de renda.

Segundo Jonas Bianchin, técnico extensionista do IDR Paraná, “discutir os custos de produção dos sistemas propostos é importante para avaliar e passar ao produtor valores aproximados que condizem com a sua realidade. É bom a gente colocar os custos mais preciso possíveis, porque o produtor vai estar investindo e precisa ter uma segurança pra saber o quanto vai investir e quanto vai ter retorno em seu erval, seja em sistemas sombreados, seja em bracatinga e araucária”.

O Projeto ConservAção Araucária

O Projeto ConservAção Araucária, uma parceria da Embrapa Florestas, IDR Paraná e Sistema de Transmissão Gralha Azul, começou em 2020 com o objetivo de promover o plantio de araucária, bem como a estruturação de um banco genético para conservação da espécie no estado do Paraná.

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