Painéis discutem biotecnologia, irrigação, qualidade e vulnerabilidade à ferrugem

24.08.2011 | 20:59 (UTC -3)

Nesta terça-feira (23), na programação do VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, quatro painéis renderam boa discussão, reunindo grupos menores envolvidos em diferentes áreas de interesse: biotecnologia, cafeicultura irrigada, qualidade e vulnerabilidade à ferrugem. O modelo agradou os participantes, sobretudo, pela possibilidade de orientação para novas demandas de pesquisa.

O painel de discussão “Biotecnologia na cafeicultura” discutiu a situação atual dos trabalhos em biotecnologia, seu estado da arte e como essa ferramenta tem ajudado no melhoramento genético do café. O painel foi aberto pelo pesquisador da Embrapa Café, Carlos Henrique Carvalho, que apresentou o funcionamento da biofábrica, projeto que produz mudas clonadas de cafeeiro. Com o melhoramento genético e a produção em biofábricas, é possível gerar mudas em larga escala com alta produtividade e resistentes ao bicho-mineiro e nematóides. “A produção em larga escala deve começar em breve, só precisamos ter demanda dos produtores. A chave do sucesso para esse protocolo será a adoção, por parte dos cafeicultores, de cultivares clonais”, defendeu Carlos Henrique.

O segundo momento do painel foi ministrado pelo também pesquisador da Embrapa Café, Luiz Filipe Protásio Pereira, que discorreu sobre o estado atual dos grupos de biotecnologia no Brasil – transformação genética, marcadores moleculares, mapeamento genético e genoma do café. O pesquisador fez uma revisão das tecnologias produzidas por esses grupos e como essas podem auxiliar o programa de melhoramento genético. “Temos tecnologias que podem ser usadas como ferramentas na biotecnologia, precisamos agora validá-las”, destacou o pesquisador.

O painel “Cafeicultura irrigada”, ministrado por André Luis Teixeira Fernandes, da Universidade Federal de Uberaba (UFU-MG) e Everardo Chartuni Mantovani, da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG), tratou sobre planejamento e uso de sistemas de irrigação. “Para a implantação dessa estrutura, o produtor precisa considerar sua capacidade de investimento, infraestrutura e tamanho de área plantada”, destacou Mantovani.

O painel “Qualidade – aspectos envolvidos” reuniu cerca de 50 participantes para debater os aspectos envolvidos na qualidade do café. As apresentações preliminares deram ênfase aos aspectos químicos, infraestutura e mercado. Um dos resultados deste debate foi a percepção de que existe a necessidade de uma maior interação entre os diferentes segmentos, para que o conhecimento gerado pela pesquisa chegue à sociedade em forma de inovações.

A pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Terezinha de Jesus Garcia Salva, fez uma explanação sobre os aspectos químicos envolvidos na qualidade sensorial da bebida. Ela apresentou uma lista com dez componentes que estão em diferentes concentrações em variedades de café arábica e robusta. Os participantes puderam compreender, por exemplo, que o café arábica tem mais corpo e aroma por influência dos lipídeos e que o amargor é mais influenciado pelos ácidos clorogênicos do que pela concentração de cafeína.

O empresário Sidney Marques de Paiva, do Café Bom Dia, fez uma explanação sobre as tendências e desafios do mercado de café torrado e moído no Brasil e no exterior. Entre as informações repassadas, o resultado de uma pesquisa que revela que apesar do avanço surpreendente dos cafés especiais na prateleira dos brasileiros, o café gourmet (o de melhor qualidade conforme classificação da ABIC), representa apenas 6% de todo o mercado, enquanto 90% são classificadas como tradicionais. Ainda é a marca e o preço os fatores mais percebidos na decisão de compra. Porém, a indústria sinaliza uma transformação no Brasil, com o crescente interesse em oferecer cafés diferenciados, com o uso de alta tecnologia de torra, moagem e embalagem.

O professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Juarez Souza e Silva, apresentou alternativas tecnológicas para oferecer, a custos compatíveis, infraestrutura mínima de qualidade para que, independentemente das condições climáticas, a cafeicultura possa produzir um café com valor agregado.

Também integrou a programação o painel de discussão “Vulnerabilidade do cafeeiro à ferrugem”. O representante do Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal Victor Várzea apresentou experiências e levantou alguns questionamentos quanto ao grau de severidade da ferrugem. “O grau de severidade da doença agora é o mesmo de quando foram apresentados os primeiros relatos?”, questiona. O palestrante falou também de perspectivas de como controlar as cultivares no terreno e retardar o aparecimento de novas raças de ferrugem.

O VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil termina nesta quinta-feira (25/08). A programação completa por ser acessada através do site

. O evento é uma realização do Consórcio Pesquisa Café, com organização da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) e co-organização da Embrapa Café.

Assista ao vivo o VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil no endereço eletrônico

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