Obras no Rio Tocantins vão melhorar escoamento da safra de grãos no Arco Norte

Derrocamento do Pedral do Lourenço, no Pará, reduzirá custos de exportação

18.03.2016 | 20:59 (UTC -3)
Inez De Podestà

O Rio Tocantins, no Pará, estará apto à navegação de carga dentro de cinco anos. Isso será possível com a conclusão do chamado derrocamento do Pedral do Lourenço, que consiste na remoção de pedras do rio e na abertura de um canal de cerca de 140 metros de largura no leito. O derrocamento vai permitir a navegabilidade entre os meses de setembro e novembro, quando as águas ficam mais rasas, em um trecho de 500 quilômetros entre Marabá e a Vila do Conde, no município de Barcarena. A obra, licitada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), vai beneficiar o escoamento da safra dos estados produtores de grãos do Centro-Oeste e do Norte do país.

De acordo com Marcelo Cabral, diretor de Infraestrutura, Logística e Geoconhecimento para o Setor Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a obra vai beneficiar boa parte da produção agrícola do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás e Mato Grosso, que têm o porto de Vila do Conde como uma das principais saídas para exportação. O porto, localizado em Barcarena, perto de Belém, tem uma posição geográfica privilegiada em relação ao mercado europeu e ao norte-americano. A rota da hidrovia do Tocantins tem capacidade operacional projetada em 20 milhões de toneladas para 2025.

A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) apresentou, no fim de fevereiro, o Programa de Investimento em Logística (PIL) na V Reunião Ampliada do Colegiado de Deputados do Parlamento Amazônico, em Palmas (TO). Ela disse que o derrocamento do Pedral do Lourenço vai possibilitar a redução nos custos de exportação das empresas em até 37%, a partir dos portos do Norte do país". Atualmente, o escoamento da produção é feito principalmente pelos portos de Paranaguá e Santos.

Na avaliação de Cabral, a iniciativa representa mais um passo em direção à mudança na matriz brasileira de transportes. Ele calcula que um comboio de 150 m de comprimento, com capacidade de 12 mil toneladas, equivale a 342 carretas de 35 toneladas de capacidade. Atualmente, acrescenta, apenas 5% da carga agrícola é transportada por hidrovias.

“O transporte aquaviário é mais econômico e sustentável, porque reduz custos e diminui a emissão de poluentes, aumentando a competitividade da produção brasileira no mercado internacional”, assinala.

O Pedral do Lourenço é uma ocorrência de rochas no Rio Tocantins, que afloram nos períodos de seca, tem 43 km de extensão e está localizado entre a Ilha do Bogéa e o município de Santa Terezinha do Tauri, no Pará.

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