Safra da laranja 2018/19 no cinturão de SP e MG é estimada em 288,29 milhões de caixas
O número é 27,62% menor do que a safra passada, que foi a quarta maior da história, e 17,52% maior em comparação à safra 2016/17
A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras do Centro-Sul atingiu 37,68 milhões de toneladas na segunda metade de abril, 55,3% acima do valor registrado no mesmo período de 2017 (24,26 milhões de toneladas). O destaque coube ao etanol hidratado. Nos 15 últimos dias de abril, a produção foi recorde: 1,30 bilhão de litros, superando, inclusive, volumes produzidos no pico da safra em anos anteriores.
Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), “essa é a maior produção do renovável desde a 2ª quinzena de agosto da safra 2015/2016, período de máximo processamento da cana no Centro-Sul”. Ainda, desde o ciclo 2010/2011, apenas três quinzenas apresentaram produções dessa grandeza, acrescentou.
Nesse período, o volume de etanol anidro fabricado alcançou 429,88 milhões de litros, com crescimento de 28,78% na comparação com os 333,81 milhões produzidos na segunda quinzena de abril na safra passada.
Os volumes produzidos incorporam também a fabricação do renovável a partir do milho, que somou 32,04 milhões de litros naquela quinzena. Deste valor, 7,92 milhões de litros referem-se ao anidro e 24,12 milhões ao hidratado.
Esse movimento de ampliação da fabricação de etanol reflete a menor proporção de cana direcionada à produção de açúcar. Na segunda metade de abril deste ano, apenas 35,78% da cana foi utilizada para açúcar, contra 43,06% verificados no mesmo período da safra 2017/2018. Com isso, a produção de açúcar nos últimos quinze dias de abril atingiu 1,52 milhão de toneladas.
Padua acrescenta que “apesar da melhor qualidade de cana registrada na segunda quinzena de abril, a produção de açúcar por tonelada de cana permaneceu 13,19% abaixo do índice registrado no mesmo período da safra passada: 40,51 kg de açúcar por tonelada de cana nesse ano contra 46,67 kg verificados em 2017”. Essa condição deriva da menor receita obtida com a venda do produto nesse momento e reflete a expectativa de uma safra 2018/2019 menos açucareira, concluiu o executivo.
No acumulado desde o início da safra 2018/2019 até 30 de abril, a moagem de cana somou 59,84 milhões de toneladas, contra 41,95 milhões no ciclo passado. No período, foram produzidas 2,24 milhões de toneladas de açúcar, 566,76 milhões de litros de etanol anidro e 2,15 bilhões de litros de hidratado – quase o dobro do apurado na safra 2017/2018.
“Os números de produção acumulada também retratam a mudança de mix observada nesse início da safra. A partir de uma extrapolação simples desses valores, é possível concluir que uma eventual manutenção da redução de 14,74% na quantidade de quilos de açúcar produzidos por tonelada de cana processada registrada até agora promoveria uma retração em torno de 5 milhões de toneladas na fabricação de açúcar ao final da safra 2018/2019, apenas pelo efeito de alteração no mix de produção”, explicou Padua.
Produtividade agrícola
Dados preliminares apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) a partir de uma amostra de 85 empresas apontam para um aumento de 4,28% na produtividade agrícola da área colhida em abril de 2018 comparativamente com o mesmo mês do último ano (80,05 toneladas de cana por hectare, ante 76,77 toneladas por hectare em abril de 2017).
“Esse resultado positivo deve ser analisado com cautela, pois não retrata a expectativa de quebra agrícola decorrente da estiagem observada na maior parte da região produtora. O crescimento da planta foi severamente prejudicado nesse período de seca e esperamos que a produtividade nos próximos meses apresente retração significativa, podendo variar de -2% a -15% dependendo da região”, alerta o executivo da UNICA.
Vendas de etanol pelas unidades produtoras
As vendas de etanol pelas unidades produtoras do Centro-Sul em abril somaram 1,91 bilhão de litros (com apenas 47,93 milhões exportados). Esse valor representa um crescimento de 10,05% comparativamente ao mesmo período do ano anterior (1,73 bilhão de litros).
Este aumento deve-se a ampliação do volume de etanol hidratado comercializado no mercado doméstico, o qual somou expressivos 1,33 bilhão de litros. O valor é 38,40% superior ao apurado em abril de 2017 (961,98 milhões de litros).
Essa intensa expansão das vendas do biocombustível reflete a sua maior competitividade frente à gasolina. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) analisados pela UNICA mostram que em Goiás, Minas Gerais e São Paulo e Paraná, Estados que juntos concentram cerca de 50% da frota brasileira de veículos leves, a paridade esteve próxima ou foi inferior a 70% desde a 2ª quinzena de abril.
No Estado de São Paulo, por exemplo, a paridade média que era de 72% no início daquele mês, caiu para 66,3% na primeira semana de maio. Além disso, os números indicam que 82% dos municípios paulistas, incluindo a capital, apresentaram hidratado mais competitivo nas bombas em relação à gasolina na última semana.
“Além de oferecer ao consumidor uma opção de combustível mais barata nesse momento, a presença do etanol contribui decisivamente para a estabilidade dos preços da gasolina frente a recente alta nas cotações do petróleo e a desvalorização do Real. Esse efeito é dado pelo menor preço do etanol anidro misturado na gasolina comercializada no país”, afirmou o executivo da UNICA.
Com efeito, o custo do etanol anidro na composição do preço da gasolina ao consumidor caiu R$ 0,08 por litro nos últimos dois meses, contrapondo o aumento de quase R$ 0,20/litro no valor da gasolina pura vendida pelas refinarias.
Por oportuno, as vendas internas de etanol anidro pelas unidades do Centro-Sul totalizaram 526,97 milhões de litros em abril de 2018, contra 661,27 milhões no último ano. Essa redução de 20,31% é consequência do elevado volume de etanol anidro importado nos meses de março e abril, que totaliza 709,14 milhões de litros de acordo com os dados publicados pelo Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), e da redução dos estoques pelas distribuidoras.
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